Conversa ao
pé do fogo.
Desanimar não
vale a pena.
Risos. Muitos risos. Quem sabe
só o sorriso nos lábios pode ajudar mesmo sabendo que o coração não concorda?
Sei não. Tem hora que eu me considero um pária. Um exilado, um proscrito. Como?
Explico melhor: - Fazia uma pesquisa para uma das minhas histórias e entrei no
site da UEB. Sem perceber vi lá uma página onde a UEB indicava os livros e
contos escritos por seus associados. Vários, histórias que devem ser
maravilhosas e que não tive a honra de ler. Claro, eu sabia que meu nome e o os
meus contos não estavam lá. Afinal foi uma escolha minha pessoal. Para estar eu
tinha de ser registrado, com senha no SIGUE e ser mais um a aceitar todas as
suas normas, ser fiscalizado, consertado, dirigido e dizer amém aos assessores,
diretores, presidentes e tantos outros que me diriam: - Seus livros e seus
contos Chefe precisam ser revistos para mostrar que não vão de encontro ao
nosso pensamento. Eu sei que a censura da UEB é severa. Sei que muitos dirão o
contrário, mas eles aceitam e aplaudem seus atos e fatos. Lutei muito ao lado
da UEB, fiz tudo que um Chefe poderia fazer. Os cursos que colaborei, os grupos
que participei as palestras que fiz não foram uma só. As viagens para motivar,
palestrar aqui e nas terras brasileiras que amo. Um dia resolvi lutar pelo que acredito
e me tornei uma oposição. Isto não pode no escotismo. Oposição é considerada
traição. Chega uma hora que você percebe que nunca será bom o suficiente para
algumas pessoas, mas a questão é: - Isto é problemas seu ou delas?
O mundo não acabou eu
continuei nas voltas do mundo fazendo o que acreditava. Costumo falar o que
penso. Isto atraiu sobre mim muitos que querem distância de minha pessoa. Para
eles sou uma semente do mal que pode levar o escotismo a extinção. Eu gosto de
uma boa discussão a dois ou três e se for em local agradável, quem sabe em uma
conversa ao pé do fogo seria formidável para redimir duvidas. Mas isto
dificilmente irá acontecer. Eles escolhem seu terreiro para forçar suas ideias.
Eu nunca fui dono das idéias, das normas e nunca levei no bolso um manual dizendo
como o escotismo pode ser grande e forte em nossa nação. Eu acredito piamente
que isto só vai acontecer quando todos tiverem o direito de se manifestar,
sugerir, pensar e poder votar em todas as instâncias sem serem poderosos. O
escotismo não pertence a alguns privilegiados. Ele pertence a todos os
associados. Uma vez há muitos anos tentei arregimentar amigos que pudessem
pensar em ter um escotismo mais alegre, mais democrático, onde todos teriam vez
sem serem importantes. Engano. Começamos com quase cem na primeira reunião e
terminamos com quatro. Os poderosos sabiam como agir e agiram.
Eu nunca desisti dos meus
sonhos. Neles não cabem decisões de poucos em uma associação tão grande como a
nossa. Por favor, não me enganem dizendo que temos os fóruns próprios para
isto. Eles existem de mentirinha. Só não vê quem não quer. Acredito que sem os
adultos associados não somos nada, mas eles os lideres não pensam assim. Nossa
organização peca pelos valores de milhares de voluntários que trabalham no
escotismo dando tudo de si, se afastando de outros amigos e alguns inclusive de
suas famílias e nada recebem em troca. Minto, recebem normas, exigências, e imposições
que prefiro não comentar aqui. Os poderosos dizem que lutam por eles. Não
acredito nisto. Nossa Organização é onde menos o Chefe tem prestígio. Ele é
empurrado, levado, exigido, e não existe contra partida. Sei que muitos m
contradisseram com isto.
Deixei de me registrar na
Associação. Eu sempre disse a todos que podemos mudar que podemos ser
diferentes. Que podemos ter uma participação maior que hoje, pois esta é
nenhuma. Minhas batalhas foram moinhos de vento nas mãos do Velho Dom Quixote
que pensava em destruí-los sem saber por que. Nunca desiste da batalha. Nunca
desisti de dizer o que penso e o tão grande movimento que poderíamos ser. Não
me associei a outra organização. Mantive-me fiel a UEB mesmo sem estar lá de
forma legal com um número e uma senha para entrar no SIGUE. Meus ideais alguns
podem dizer que não nobres, mas eu acredito neles. Eles os Ubeenses são o que
são. Adoram a realeza, nunca irão abandonar a corte. Eles lutam por isto e
acreditam que estão fazendo tudo para que a associação seja forte e
reconhecida. Difícil falar neles sem pensar em arrogância, em vaidades, transparência
sem pensar na liderança Escoteira no Brasil. Os demais seguem e eu não os culpo
por isto. Nossa associação desde os primórdios fez leis, artigos normas para
permanecerem no poder. Sei que poucos pensam diferentes. Pensam que tudo
poderia fluir melhor de outra maneira, mas quem acredita que do outro lado da
montanha pode ter um novo Arco Iris?
Não ia escrever sobre este
tema. Já escrevi tantos que não deram resultados. Mas sabe sou humano, tenho os
mesmos defeitos de todos. A gente gostaria de um reconhecimento por parte dos
poderosos. Claro que isto nunca vai acontecer. Não sou um legado de normas
escritas feita por eles. As rédeas da carruagem que eles comandam tão bem não
me encontram lá na parelha. Nunca vão reconhecer meus contos, minhas histórias,
meus livros e tantas coisas que escrevi. Sei que tenho uma gama de bons amigos
que se dispuseram a ler e alguns até aplaudiram. Mas meus livros são um
arremedo que querem ver longe do que existe nas asas da associação. Ali nunca
serão impressos. Sei que uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida. Sei
que vale a pena continuar e viver fazendo o que faço. Nem que seja para dizer
depois que não valeu a pena. Sei que um dia quando não estiver mais aqui,
poderei ser esquecido. Sei que o melhor da vida acontece no presente.
Tem dia que amanheço
cansado. Pensativo, sem saber se ainda posso andar com minhas próprias pernas
sem depender da UEB, aliás, nunca dependi. Ela é muito importante para que eu
lute contra ela ou será que não? O mais engraçado é saber que não vale a pena e
ainda assim pensar que a palavra “desistir” bate forte no meu pensamento. Quem
sabe não vale a pena se destroçar por quem você sabe que nunca vão te dar
valor. Nestas horas é só dar um chute no coração que ele acorda de novo para a
vida. Estou Velho, não um Velho Escoteiro e sim um Escoteiro Velho. Minhas
forças estão ao poucos diluindo. Ainda insisto em escrever, em publicar, em ver
que ainda não abracei o mundo como escritor. Mas será que sou um deles? Nas páginas
da história da UEB eu não estarei lá. Sei que isto não significa que sou
medíocre, que escrevo errado e meu português é ruim. Sei que tem muitos que
apreciam minhas escritas. Posso até pensar que elas ficarão guardadas na
memória para que no futuro alguém mais possa ler e conhecer histórias Escoteiras
de uma maneira diferente, agradável e um escotismo que muitos gostariam de
fazer.
Dizem que o tempo
apaga o tempo. A vida um dia se esvai. Minha luta continua! Nunca vou desistir!
Que a UEB não vai mudar é um fato. Mas adoro Dom Quixote. Para mim não vai
sobrar um moinho de vento que encontrar! Não foi ele quem dizia que o medo é
que faz que não vejas, nem ouças porque dos efeitos do medo é turvar os
sentidos? E fazer que pareçam as coisas outras do que são? É Acho que ele tem
razão, quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha junto é o
começo da realidade.