Causas e efeitos
Você está satisfeito com nosso efetivo atual?
Causalidade é a
relação entre um evento (a causa) e um segundo evento (o
efeito), sendo que o segundo evento é uma consequência do primeiro.
Num
sentido mais amplo, a causalidade ou determinação de um fenômeno é a maneira específica
na qual os eventos se relacionam e surgem. Apreender a causalidade de um
fenômeno é apreender sua inteligibilidade.
Embora
causa e efeito sejam em geral referidos a eventos, também podem ser referidos a objetos, processos, situações, propriedades, variáveis, fatos ou estados de coisas. A caracterização de uma
relação causal, distinguindo-a da simples correlação, ainda é assunto controverso.
O tema
para mim sempre foi fascinante. Não para nossos dirigentes. Pode até ser que
estou enganado. Não acredito que o tema mais importante para o Escotismo hoje
seja a EVASÃO. Se nossos dirigentes estão preocupados se estão tentando saber
as causas e os efeitos estão entre quatro paredes. Os grupos na sua maioria
estão contentes com o que fazem. A preocupação com a evasão é mínima. Diversas
vezes comentei aqui minha opinião. Mas hoje vou entrar a fundo. Talvez possa
ferir susceptibilidades. Paciência. Tenho até a certeza que não atingirei o
alvo pretendendo. Que assim seja. Não adianta mais malhar ferro frio.
Vejamos um
histórico do passado com respeito à evasão. Até 1980 ela existia, mas não na
proporcionalidade de hoje. Os grupos conseguiam manter a maioria dos jovens
praticando o escotismo e mesmo que o crescimento não fosse satisfatório, era
comum o lobinho passar para Escoteiro, idem Sênior e até Pioneiro se o grupo
possuísse o Clã. Sempre se encontrava nos grupos vários escotistas nascidos e
crescidos nas hostes escoteiras. Na comunidade em que existiam por não haver a
facilidade hoje de locomoção os escoteiros eram bem conhecidos. Isto até
ajudava em muito na admissão de novos membros.
Em 1984/85
deu-se o inicio do escotismo feminino. Iniciado com varias normas de conduta e
não era totalmente liberado como hoje para sua organização. Isto trouxe novo
ânimo aos Grupos, pois muitas jovens queriam participar e o bandeirantismo nem
sempre estava acessível. Tropas e alcateias separadas é claro. Não tenho dados
em mãos, mas acredito que no período 85/90 com raras exceções o escotismo se
fortaleceu bastante.
Foi então
que começou a experiência nas alcateias e tropas mistas. Conheço muitos casos que isto foi provocado
pela falta de chefia. Os grupos sem base querendo crescer foram aceitando as
inscrições e se viram forçados a entregar as tropas femininas aos chefes que já
labutavam em tropas masculinas. Dai foi um pulo a unificação em patrulhas
mistas. Mas isto foi bom, podem dizer principalmente os modernistas. Não
concordo. Foi o principio do afastamento e saída de muitos jovens. Não só entre
os elementos masculinos, mas em alguns casos até com o elemento feminino.
Por quê?
Posso afirmar com convicção que o sistema de patrulhas, a maneira de
desenvolver as tropas, o programa Escoteiro idealizado por Baden Powell (BP)
não podia ser realizado em tropas mistas. Não são palavras minhas, mas a
diferença é enorme. Alguns itens que aleatoriamente peguei na internet, mas que
poderiam é claro ser interpretados de outra maneira:
- Meninos
apresentam níveis mais elevados de testosterona, o que estimula neles um
comportamento mais agressivo que o das meninas;
- Desde o início, meninas controlam suas
emoções mais que meninos. Eles choram mais quando estão tristes, enquanto elas
dão preferência a chupar o dedo; (risos).
- Durante as conversas, as filhas ficam mais tempo olhando para
os pais (chefes) do que os meninos. Aos quatro meses, elas reconhecem mais
rostos que eles;
- Meninas estão mais preparadas para construir relacionamentos e
interpretar suas emoções;
- Meninos comunicam-se por palavras em 60% do tempo. Os 40%
restantes são completados por barulhos feitos com a boca, reproduzindo ruídos
de socos, carros, motos, aviões. Meninas praticamente só usam palavras e
raramente imitam motores.
- E finalmente, nos bairros as turmas de amigos sempre fizeram e
fazem programa separado um do outro. Meninas de um lado meninos de outro. Até
nas casas onde se é possível existe o quarto do menino e o da menina.
Como se
vê, meninos e meninas são diferentes e apresentariam disparidades de
comportamento ainda que criados na selva por gorilas, feito Tarzan. Até chegar
a essa conclusão, a ciência consumiu décadas em debates, pois havia uma dúvida.
Um segmento de estudiosos achava que as crianças não nasciam com diferenças
cerebrais ou comportamentais perceptíveis. Na opinião deles, tal distinção se
manifestaria apenas em decorrência das atitudes dos pais durante o processo de
criação dos filhos. O debate não acabou, pois há grande divergência sobre o
peso do DNA na determinação do "destino" comportamental da criança.
Os estudos, no entanto, concordam em que a carga genética produz diferenças
menores do que a carga cultural exercida pela criação.
Por que os pais se preocupam tanto quando
uma menina quer brincar com espada ou o menino quer pentear a boneca? Não
reforce as diferenças. Meninos dão preferência a jogos competitivos e meninas a
brincadeiras cooperativas. Este estudo finaliza - Não obrigue seu filho ou sua
filha a brincar com crianças do sexo oposto. Nos primeiros anos de vida, tanto
meninos quanto meninas preferem estar com crianças do mesmo sexo.
Sei que haverá centenas de escotistas e pedagogos a me
contradizer. Ótimo. Não sou perfeito, só confirmo que o escotismo não cresce em
quantidade e qualidade e que talvez, digo talvez este possa ser um dos motivos.
Dizer que ele está crescendo a desmerecer a mentalidade de alguém que está
vendo o dia a dia do escotismo nacional. Mas vamos continuar o nosso ponto de
vista. Se for válido ou não fica a critério dos leitores escotistas. Você já
viu uma charge onde se diz que o jovem entrou para o escotismo pensando
encontrar atividades fortes, aventureiras e não encontrou nada disto? Seria possível
realizar tais atividades com patrulhas mistas?
Dizer que em uma Patrulha os jovens aceitam de bom alvitre as
meninas e os meninos seria dizer que eles não conhecem o programa Escoteiro na
sua forma tradicional. E olhem, podem dizer: Em minha tropa isto não acontece!
Bom, mas não acredito que a liberdade de uma Patrulha se faria com meninos e
meninas juntos. Se digo isto tenho experiência própria. Já vi Patrulhas
masculinas e femininas em tropas separadas fazendo um excelente escotismo e
permanecendo por longos anos no Grupo Escoteiro. Claro, atividades em conjunto
existiram. Mas devidamente programadas e aceitas pelos jovens.
Porque as atividades aventureiras, os acampamentos no molde de Gilwell
rarearam? O menino tem um sonho. A menina tem outro? Não vejo como haver
competitividade entre eles e olhem que esta é base do programa Escoteiro.
Quando se tem tropas mistas e patrulhas mistas os jogos não podem ter o mesmo
efeito para ambos. Como fazer um jogo de briga de galo (exemplo) entre meninas
e meninos? Está fora de propósito nos objetivos a serem conseguidos.
E finalmente
as atividades aventureiras rarearam. Os grandes acampamentos de tropa estão
desaparecendo. As atividades Intergrupos, distritais regionais e nacionais
passaram a ter fator preponderante. O programa de tropa foi substituído por
estas atividades e muitas delas surgidas sem programa preparatório. A maneira
de programar foi totalmente alterada. Hoje qualquer um pode ver nas redes
sociais, jovens e escotistas motivados ou motivando nas participações de
atividades que surgem do nada e claro, devem alterar de forma surpreendente
qualquer programa de tropa.
Encontros
religiosos, encontrões escoteiros, passeio em tal e tal lugar, atividades
distritais, regionais e nacionais que tomam todo o tempo de uma sessão
Escoteira. Claro, pode ser um chamativo. Mas seria para todos? Que o digam os
jovens que estão saindo. Alguém já foi até eles perguntar e fazer uma pesquisa
de campo bem feita? E esta disparidade do uniforme? Uns a favor do atual e
novas mudanças e outros não? Por acaso a UEB sabe quantos grupos usam só o
caqui e quantos só o cinza em todo território nacional?
E o tal do
traje? Agora só o lenço identifica o membro do escotismo? Não sei se o sonho do
jovem ou da jovem acabou. Aquele chapelão, o caqui conhecido de norte a sul do
Brasil e tantas outras coisas que fizeram o sonho daqueles que permaneceram por
longos e longos anos. Isto sem dizer da tal progressão do jovem em sua senda
Escoteira. Estão confundindo muito a modernidade com o verdadeiro espírito que
existia no escotismo. Mudaram tanto que esqueceram o método de BP, as tradições
e estão colocando agora um novo escotismo. Este eu não conheço.
Mas nada
disto importa, pois nossos dirigentes se reúnem, discutem entre si, e dizem –
Vamos mudar. Como existe uma grita aqui e ali, eles simploriamente dão uma
“esmola” como se fosse uma pesquisa séria. Não é não. Não seria uma pesquisa de
campo a ferramenta certa para suprir a necessidade de desenvolver estratégias?
Conhecer melhor o que pensam os membros do escotismo nacional? Enfim, obter de
todos e identificar como estão pensando a respeito de tal e tal assunto? Acho
que só assim poderíamos tomar decisões que afetam a todos e não uma meia dúzia
dizendo o que deve ser feito.
Infelizmente
as causas e efeitos da evasão ainda não foram devidamente estudadas e analisadas.
Para se ter voz e voto só pertencendo à elite dos dirigentes nacionais. Tudo
bem. Se não, é esperar como agora a definição do tal traje que será ditada por
poucos. Enquanto isto a procura dos motivos reais da saída de milhares de
jovens por ano das fileiras escoteiras ficam sem resposta. Ninguém foi
perguntar a eles porque saíram.
Não tenho
o dom da infalibilidade. A perfeição ainda não consegui atingir. Mas não é da
maneira que estão fazendo os nossos dirigentes que iremos atingir o ponto X da
solução final. Iremos talvez crescer aqui e ali. Mas não será um crescimento
real. Enquanto os jovens e adultos participantes do escotismo Brasileiro não
permanecerem pelo menos por alguns anos nas fileiras escoteiras o hoje e o
amanhã será conforme agora. Que o digam aos dirigentes nacionais.
Nada é mais fácil
do que se iludir, pois todo o homem acredita que aquilo que deseja seja também
verdadeiro.
Frase de Demóstenes