A vida vale a pena ser vivida apesar
de todas suas dificuldades, tristezas e momentos de dor e angustia.
O mais importante que existe sobre a face da terra é a pessoa humana. E surpreender o homem no ato de viver é uma das coisas mais fantásticas que existe.
O mais importante que existe sobre a face da terra é a pessoa humana. E surpreender o homem no ato de viver é uma das coisas mais fantásticas que existe.
Do passado ao futuro.
Já
escrevi muitos artigos sobre o que penso do escotismo de hoje. Quem me honrou
visitando meus blogs sabe disto. Alguns me tomaram como se eu fosse um elefante
branco no fim da vida. Outros me chamaram de “Dinossauro” e até colocaram
palavras nos meus lábios que nunca disse. Nunca disse que sou contrário as
mudanças. Disse que elas poderiam ter sido feitas de outra forma. Para os novos
nada de novo no front. Eles nasceram dentro deste sistema e vão defendê-lo até
o fim. Para os antigos uma mudança brusca. Muitos desistiram pelo caminho.
Outros vão deixando as coisas acontecerem sem sequer uma tomada de posição. E
eles dentro do “sistema” nada podem fazer. Disse sobre a importância da
tradição. Desfiguraram-na por completo. Valores? Cada um pensa de modo
diferente. Tudo que escrevi foi no intuito de melhorar o que já existe. Tomaram
ao pé da letra o que não disse. Nunca pensei em mudar de lado e nunca o farei.
Sou um oposicionista leal ao que se faz no escotismo ontem e hoje. Vejamos
algumas verdades de um e outro:
- Tudo que foi mudado foi decidido por poucos, principalmente em
nomenclaturas, que sempre existiram e em nome da modernidade foram alteradas. Por
quê? Eram arcaicas? Professor vem desde o início do século e não somos
professores. Somos conhecidos como chefes. Quem tem Chefe é índio? Ora, ora.
Chefe é um termo carinhoso para designar um responsável. Em Lojas, Fábricas,
Grandes empresas este nome faz parte. Já tem alguns querendo alterar a palavra
Chefe. Até já se falam em chama-lo de líder. Sempre copiando os “além-mares”. E
o Chefe de Grupo? Mudaram. Agora é Diretor Técnico. Parecemos que somos copias
de outras organizações que tem estas nomenclaturas há séculos. Para nós não
servia. Achavam que Chefe de Grupo era considerado um figurão. Um manda chuva e a Comissão Executiva pouco
mandava. Mudou mesmo? Não. O Diretor Técnico continua ainda em sua maioria nos
Grupos Escoteiros sendo o homem forte, o homem que decide. Nossos nomes era uma
forma única de se conhecer nossa organização. Desfiguraram tudo. Copiaram dos
outros com explicações que para muitos não convencem.
- Uniformes. Como já discutimos isto. É enfadonho voltar a falar
neste assunto. É bom saber que não mais que 0,5% do nosso efetivo foi quem
começou as mudanças. Quando falo em 0,5% é hipotético. Muitas vezes são três ou
quatro que lançaram a ideia e mais meia dúzia aprovaram. Tomaram decisões em
nome de toda a organização. Hoje dizem que os meninos não gostam, querem outro,
preferem este e aquele. Claro. Deixou de ser um hábito de comportamento. Afinal
se o Chefe é liberal veste qualquer coisa ele é o espelho dos demais. O
exemplo. Antes nem se discutia isto. Era norma. O caqui para as atividades
escoteiras (curto, nada de comprido) e na década de setenta para agradar a
alguns se criou o Cinza chumbo. Calça de tergal nada de jeans para “atividades
sociais”. ATIVIDADES SOCIAIS! Tínhamos até paletó e gravata. Mas os 0,5% foram
alterando e hoje temos isto que está ai. Uma Torre de Babel. Cada estado
resolveu o que vestir. Alguns caqui, outros azul outros uma camiseta com lenço
e tem cada invencionice que melhor não comentar. Agora acham que vão unificar.
Risos. Rir é o melhor remédio. Certo ou errado nunca irão provar que um novo
dará uma nova aparência ao nosso movimento. Somos o que somos e não o que irá
acontecer. Leva-se séculos para incutir na mente de muitos um hábito de
comportamento ou um marketing para ser gravado na memória. Chame um jovem de
caqui e chapelão. Chame outro de camiseta e lenço. Façam uma pesquisa com o
público. Qual deles são escoteiros. O resultado é previsível. (todas as
explicações de gastos, preços, clima é motivo de discussão). Não vou comentar
aqui.
- Classes. Porque acabaram com a primeira e segunda estrela?
Porque acabaram com a segunda e Primeira Classe? Porque acabaram com a
eficiência I e II? Sempre foi um hábito de comportamento. Conhecido. Amado.
Sonho de muitos que conseguiram e outros que lutavam para conseguir. Para que? Para
modernizar? Na época consultaram os jovens de norte a sul do Brasil? Se
precisava modernizar, dar aos jovens novos valores e conhecimentos era só
alterar as etapas do que eram exigidas pelo que hoje se apresenta. Outro dia
comentei sobre atividades mateiras. Acredito que nem vinte por cento dos grupos
as fazem hoje em suas atividades. Não posso aceitar mudanças que eram padrões e
vinham sendo usadas por anos e anos. Dizem que hoje temos que nos adaptar a
modernização. Inteiramente de acordo. Mas mudaram tanto que se trouxe um
aumento do efetivo ou mesmo se valorizaram mais o jovem para que ele permaneça
nas fileiras do escotismo deu tudo errado. A evasão e tremenda. A procura quase
não existe. Um amigo muito “cricrí” me disse que a ideia das mudanças nos
distintivos foram de um que não passou nas provas. Risos. Claro, não acredito
nisto. Apenar para rirmos um pouco.
- Atividades ao ar livre. Dizem que o mundo é outro. A
marginalidade hoje é enorme. Concordo plenamente. Mas se vão acampar com cinco
ou vinte chefes muito bem. Mas isto não justifica a falta da aplicação do
método, de um programa mateiro, de técnicas escoteiras, de atividades de
Patrulha, de campos de Patrulha, de aprender a fazer fazendo e com os chefes
tendo seu campo sem ficar interferindo. Eu brinco sempre – Xô Chefe! Sei que
não cabe mais uma jornada de Primeira Classe. É praticamente impossível deixar
uma Patrulha acampar sozinha. Mas esta marginalidade tão comentada pelos
modernistas está enraizada principalmente nas cidades. Vejam o que acontece nas
escolas. A matança desenfreada. O bullying pavoroso que amedronta os jovens. Em
cada esquina um traficante. Vamos proibir nossos filhos de ir à escola? De
saírem para encontrarem os amigos? Isto é moderno? Não existia como hoje nesta
intensidade. E nas cidades que estão os marginais, os vícios degradantes e onde
se mata por prazer. Não é lá no campo não.
- Podem acreditar meus amigos leitores. É triste ver que as
mudanças aconteceram e os resultados não. A cada década aparecem novas ideias,
novos programas e tem mais de trinta anos que os resultados são pífios. Nos
meios educacionais salvo pequenas exceções somos ainda vistos como um movimento
atrasado e ineficaz. Mendigamos em um congresso a participação politica e
aqueles que lá estão e foram escoteiros não dão à mínima. O verdadeiro programa
para crescer não foi realizado. Profissionais escoteiros em todas as áreas.
Enquanto nos Estados Unidos são eles são mais de cinco mil, agora estão contratando
aqui o segundo. Claro é um começo de um caminho.
- Eu teria muito o que falar, muito mesmo. Quando escrevo e vejo
replicas desisto das tréplicas. Gostaria de ter visto as mudanças serem feitas
com idealismo, com participação de pelo menos uma boa parte da comunidade
Escoteira. Mas não me venham dizer que sempre ouviram os interessados. Não é
verdade. Que falta faz um Escoteiro Chefe, aquele que gostaríamos de apertar as
mãos e dizer – Ele é o nosso Chefe do Brasil. Mas não. Falar das nomenclaturas
existentes é chover no molhado. Escoteiro Chefe, Comissário é sinônimo de
atraso. Agora se fala de Diretor Presidente, Presidente, membros do CAN membros
da DEN e por aí vai. Se fizermos uma pesquisa garanto que em cada dez membros
do escotismo, sete não sabe o que significa. Como não somos politizados e somos
levados iguais lobinhos no jogo do dia, poucos muito poucos procuram saber os
melindres de um POR, Regimento Interno e Estatutos.
Não me chamem de
ultrapassado. Estou entrando nos meus setenta e dois anos. "Velho"
com saúde debilitada, mas com a mente viva, repleta de ideias como se fosse um
jovem nos meus tempos de outrora. Deste que o computador surgiu que sempre tive
um em casa. Aqui sou um dos mais frequentes. Os filhos me procuram para
resolver problemas técnicos no computador. Tenho seis blogs. Os montei com meu
próprio esforço aprendendo a fazer fazendo. Escrevo muito. Domino com
facilidade o Office da Microsoft. Faço programas para meu uso. Faço inúmeras
pesquisas. Procuro conhecer os modernos meios de comunicação e tiro de letra o
que está vindo por aí. Leio dois jornais por dia. Duas revistas de grande
tiragem nacional por semana. Ainda tenho tempo de ler um livro em cada duas
semanas. Procuro conhecer tudo que aparece escrito por pedagogos, professores,
cientistas que se refere à educação. Meus programas favoritos de TV são os
documentários e noticiosos. Portanto meus amigos, aqueles que acham que estou
“fazendo horas extras” e falando palavras sem nexo, não estou não. Sei onde piso.
Tenho um passado Escoteiro e dele me orgulho. Escotismo para mim não tem
segredos sem falsa modéstia posso dizer que conheço tudo.
Vou encerrando
dizendo que levamos quase cem anos para criar uma imagem e em menos de vinte
anos acabaram com ela começando tudo de novo. Foi certo? Valeu a pena? Quanto
tempo vamos levar para que o tal marketing da modernidade alcance todos os
jovens e adultos em nosso país? Quanto tempo para termos dentro da comunidade,
da nação homens de valor, com Espírito Escoteiro, sabendo o que é honra,
dignidade e ética para dar de volta o que receberam no escotismo? Quem venham às
réplicas. Podem vir. Mas baseadas em resultados. Não do meu grupo e do grupo do
vizinho. O importante é o todo, ou seja a totalidade dos grupos escoteiros do
Brasil.
Ary Fontoura - Ator.