Escrevi esta crônica para publicar no grupo Escotismo e suas histórias e em minha pagina no Facebook. Resolvi publicar aqui para fazer minha homenagem a todas as organizações escoteiras existentes no Brasil. Tenho orgulho de ter amigos em todas. Me sinto honrado com isto. Apesar de não ser registrado luto por uma UEB democrática, amiga e procurando entender que somos todos irmãos. Quanto tempo vai durar esta luta surda que muitas vezes muitos não estão sabendo eu não sei. Mas torço para que a fraternidade seja uma palavra sincera e não como é apregoada por muitos que se sentem ameaçados com outras organizações.
Crônicas de um Chefe Escoteiro.
O maravilhoso mundo dos escoteiros.
Exalta-se
por todos os lados, em todas as nações onde o escotismo é praticado que ter a
alegria de por um lenço, fazer uma promessa, sair por aí enfrentando o vento,
olhando o céu azul, amigos juntos, são particularidades de nós escoteiros que
praticamos o escotismo. É mesmo um movimento maravilhoso e único. Perguntem aos
Florestais. Perguntem aos meninos da FET ou perguntem aos jovens da AEBP.
Perguntem aos Desbravadores. E finalmente aos jovens da UEB. Eles não se importam
de onde são, pois assim como todos tiveram um dia a ventura de acordar em uma
montanha, ou em uma campina e verem o nascer do sol, de poder ver à tardinha em
um acampamento, a fome chegando a fumaça da lenha queimando no fogão o olhar
faminto, mas contente de um dia que se foi. Isto meus amigos não é privilegio
de ninguém. É de todos que abraçaram os ensinamentos de Baden Powell.
Francamente eu não entendo apesar de que têm muitas explicações o porquê
desta animosidade por aqueles que abraçaram a causa Escoteira em outra
organização. Caramba! Afinal não dizem que somos todos irmãos? Que adianta
dizer que o Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros? Ninguém é
dono do escotismo. Ele é de todos que abraçam as ideias de Baden Powell. Meu
passado Escoteiro hoje está vendo uma luta surda que nunca presenciei na minha
vida escoteira. Porque antes éramos um só, em volta de uma organização que nos
preenchia tudo que esperávamos do escotismo. Mas ela também é sujeita a erros,
não é onipotente. Se alguns quiseram abraçar e fazer outra escolha, outra
organização é um direito deles. Se eles estão fazendo o escotismo conforme
nossa Lei e Promessa deixaram de serem nossos irmãos?
Convidem
a todos os jovens de todas as organizações, os coloquem em um grande
acampamento e verão como são irmãos. Verão como irão sorrir e se abraçar
mutuamente. Não ficarão lá dizendo que minha organização é melhor que a sua.
Que eu sou certo e você errado. Que vocês fazem isto e isto. Eles são puros nas
suas maneiras, nas suas palavras e nas suas ações. Quem fica implicando e
batendo no peito que eu estou no lugar certo e vocês no lugar errado são os
adultos. Não todos adultos, pois em todas estas organizações tem chefes
escoteiros maravilhosos.
Se um dia
pudessem mais de perto ver aquele Chefe Escoteiro, seja em que organização for,
lutando pela formação dos jovens, dentro dos padrões e métodos escoteiros iriam
ver quanta beleza existe no coração de cada um, seja homem ou mulher que
orgulhosamente vestem seu uniforme. Quando eles sacrificam suas horas de lazer,
quando sacrificam seu trabalho profissional, quando eles deixam de dar a alguém
próximo de sua família para doar seu amor ao escotismo, existem diferenças entre
uma e outra organização? Afinal temos ou não o direito de escolha? Eles
escolheram seu caminho, agora continuam fazendo escotismo e nossa obrigação é
aplaudir. Continuamos sendo irmãos escoteiros. O futuro daqueles meninos que
vestiram um uniforme fizeram uma promessa, correram pelas campinas em busca de
aventuras será diferente dos demais?
Acho que
devemos pensar um pouco. Quem se acha dono dos seus direitos esquece que o
direito de um termina onde começa o do outro. Parodiando Paulo Miranda, ele diz
que somente com a legítima liberdade de expressão, pluralidade de informação,
respeito à cidadania, e permanente vigilância contra as tentativas de cercear o
Estado democrático de direito, é que podemos pensar em transformar regimes de
força, em regimes de direito. Diderot também dizia que existe apenas um dever,
o de sermos felizes!
A UEB não
é onipotente. Não tem o direito de cercear através de uma maciça lavagem
cerebral de muitos chefes, esta luta contra as outras organizações que fazem o
escotismo. Ela deveria olhar melhor para dentro de sí. Deveria ter como exemplo o respeito, a boa
convivência e o amor que existem em muitos países europeus. Lá como aqui também
tem aqueles que resolveram escolher outro caminho, mas como mesmo objetivo da
chegada – Formar bons cidadãos com o nobre princípio da Lei e da Promessa. Sei
que minhas palavras podem não ser entendidas por muitos. Mas está crescendo
esta luta. Antes que ela se transforme em uma bola de nove, devíamos pensar melhor
e aceitar a todos como irmãos escoteiros. Não importa onde estão! Uma vez
comentei aqui em um artigo que me senti pressionado várias vezes a acatar
ideias que não eram de meu agrado. Poderia ter saído do escotismo como fizeram
e estão fazendo hoje milhares de escotistas e até jovens insatisfeitos com o
que estão vendo e sentido nos seus superiores hierárquicos. Eu continuei, mas
fazendo minha cruzada pessoal. Sou da UEB mesmo sem registro. Mas não aceito
sua maneira autocrática e muitas vezes ditatorial.
Ninguém
é dono do escotismo. Ele é de todos que abraçam as ideias de Baden Powell. Tiro
meu chapéu para todos os chefes e as chefes que lutam por um escotismo melhor.
Que ele seja dos Florestais, que ele seja da AEBP, que ele seja da FET ou da
UEB e de tantas outras que estão surgindo. Sei que palavras são palavras e
muitas vezes elas são levadas como vento. Mas vendo aquele Chefe ou aquela
Chefe sorrindo junto aos seus meninos e meninas, se sacrificando, dando tudo de
sí para a juventude, me levanto e grito bem alto: - Aplausos gente! Grande
Palma Escoteira para eles. Nesta hora estão fazendo escotismo e muitas vezes
com o sacrifício pessoal que merece nosso abraço e o nosso Sempre Alerta!
E para
terminar eu digo aos meus amigos e amigas, eu não quero saber se o Pedro se
chama João ou se o Antonio se chama Joaquim. Os motivos de cada um não importa.
Importa sim o que fazem e como me sinto orgulhoso em ter amigos em todos eles.
Amo o escotismo. E vejo nele uma maneira de se alcançar a felicidade plena.
Deixem que todos façam isto. Deixem que eles possam ser nossos irmãos. E os
motivos porque escolheram outro caminho não me importa. Importa é o que estão
fazendo e vão fazer pela juventude de nosso país!