Eu sei que vossa excelência preferia uma delicada
mentira; mas eu não conheço nada mais delicado que a verdade.
Soy loco por ti,
América!
O chefe e o dirigente;
Escotismo para quem vive e
participa é um vicio que “gruda” na alma,
no espírito e no coração. Dificilmente
o deixamos. A gente entra e cada dia mais e mais vai sendo amarrado como se
fosse uma prisão sem chance de sair dali facilmente. Talvez eu tenha feito uma
comparação idiota e poderia copiar outras tantas de pensadores, poetas ou mesmo
artistas de frases bombásticas. Mas não estou inspirado para tanto. Vejam bem,
nosso movimento tem tudo para ser o maior movimento de jovens de todos os
tempos. E por que não o somos? Onde está o erro? Porque as autoridades
educacionais e politicas não acreditam em nós? Ainda nos olham como um
movimento ultrapassado onde a meninada “vende biscoito” brinca de faz de conta
e servem para limpar praças e plantar árvores? Sei que tem aqui e ali
comunidades que acreditam e apoiam que poderíamos mudar este estado de coisa.
Mas são poucos, muito poucos.
Converso
aqui, ouço ali, vejo lá e pouca coisa mudou. Sempre os novos dirigentes exaltando
suas novas ideias, suas qualidades, seus novos programas e o escotismo vai
caminhando, caminhando e até hoje sinceramente não senti nada de válido em tudo
isto. Como digo sempre, nada de novo no Front. De vez em quando se coloca um
lenço no pescoço de um presidente, exalta-se um senador, um prefeito, um
deputado e fico pensando, é isto que queremos? Aquele presidente, aquele
senador, aquele prefeito ou o deputado foram do movimento e sabem suas
qualidades na formação da juventude? Eles são os exemplos de caráter e ética?
Fico mais naquela frase meio jocosa – “Me engana que eu gosto”. Mas tem os
defensores. Milhares deles.
Não é
exemplo geral, nada disto. Mas quando vejo escotistas bem formados lutando para
ser um formador, um novo Assistente regional, lutando para ter seu lugarzinho
na Assembleia Nacional olho para o chão e penso: - Vale a pena? – Vejo em
muitos estados dezenas de formadores. Outro dia disseram-me que poucos estão na
ativa. Outro reclama que nunca é convidado. A maioria passa anos e anos sem
atuar. Só para os amigos do Rei? Se for não mudou nada do passado. Mas o sonho
de ver adultos em sua frente respondendo aos seus sinais manuais, em olhar nos
seus olhos quando se faz uma palestra, pensar se atingiu o objetivo nem sempre
é o caminho para o sucesso.
Eu me
pergunto se não vale a pena ser um simples Chefe. Poxa, ele não é exaltado,
venerado, tantas e tantas crendices que às vezes penso que estamos diante de um
santo? Mas qual o valor dele para os dirigentes? São simples seguidores?
Vaquinhas de presépio? Faça o que eu mando e não o que eu faço? – Fui um deles há
anos e anos. Em sete anos na frente de uma região me encheram de condecorações
e elogios. E quem não gosta? Depois voltei a ser um simples Chefe. Nunca mais
recebi nada. A não ser pais que me olhavam e diziam – Obrigado Chefe. Mas
porque fui esquecido? Por quê? Antes eu era mais importante que o Chefe? Porque
noventa e oito por cento dos nossos adultos no escotismo, não são agraciados
com nada? Tem método? Tem orientações e normas para isto? Só para o Chefe? E
para o dirigente não tem? É... Melhor lutar para ser um dirigente. Sei que tem aqueles que vão dizer que existem
os caminhos certos. Certos? Diga-me meus amigos, quem vale mais o Chefe ou o
Dirigente? Podes me dizer? Escolha um. Não vale dizer que ambos são
importantes.
Olhe por
este lado, o Chefe está com os jovens, luta com eles no dia a dia, motiva,
ajuda, é um irmão mais "Velho", de vez em quando substitui o pai e a
mãe, sente suas dores, seus sonhos e seus amores. E o dirigente? Ele faz falta?
Não sei. Acho que nem tanto. Uma vez li um livro de Aldous Huxler (Admirável
mundo novo) que ele sintetizava sobre uma organização, seja ela o que for:
“ Uma organização não é consciente nem viva”. Seu valor é
instrumental e derivado. Não é boa em si; É boa apenas na medida em que
promoveu o bem dos indivíduos que são partes do todo. Dar primazia às
organizações sobre as pessoas é subordinar os fins aos meios.
Tudo estaria a salvo se toda a população fosse capaz de ler e se
permitisse que toda espécie de opiniões fosse dirigida aos homens, pela palavra
ou pela escrita, e se pelo voto, os homens pudessem eleger um legislativo que
representasse às opiniões que tivessem adotado!
Poderia abrir um leque sobre tudo isto, mas vale a pena? Há anos que
venho dizendo que precisamos olhar melhor nossos dirigentes, discordar se
preciso, fazer boas escolhas de adultos até no próprio grupo escoteiro. Estamos
como dizem por aí no limiar de uma nova era. Novos dirigentes (exceto os donos
do poder na equipe de formação que são eternos e não duvide, são eles que estão
mandando nos últimos quarenta anos) e me dizem que existem uma nova safra. Não
sei se nova pois na maioria são indicados pelos que saem (não saem, ficam na
liderança sem ninguém
observar) E quem foi eleito? “Situação” ou “oposição”? Nem
precisa perguntar. E olhe que sempre são eleitos por uma boa maioria. Falar o
que? Interessante que nem um mês se passou
e lá estão os novos Assistentes mostrando serviço. São atividades
distritais, regionais e ali está ele, se dirigindo aos jovens, motivando-os
para suas atividades. Chefes, oh! Chefes. Entrem na fila. Espere sua vez. Ele
sabe que seu caminho o conduzirá a vida eterna (risos) ele é mais importante
que você. Você não é nada. Não vai demorar e seus meninos nem vai precisar mais
de você. Basta acompanhar o que se passa nos sites que falam sobre escotismo.
Mas de quem é a culpa de tudo isto? Dos chefes é claro. Eles aceitam sem
discutir e os que discordam preferem ficar na sua. Alguns acham que a
disciplina os obriga a isto. Dizem por aí que tudo aquilo que o comunismo fazia
para saber a vida de todo cidadão existe um pouco no escotismo. Sempre tem
alguém para informar, monitorar e por aí vai. Sou duro? Estou vendo fantasmas?
Risos. Quem sabe estou ficando “gagá” “senil” e posso até estar errado? Mas
claro, estou errado. Não existem sonhos de chefes em ser formador, em liderar
outros adultos, pois já lideraram tantos os jovens que agora vão partir para
novos caminhos. Não existem sonhos de chefes de ser um líder distrital,
regional e nem tampouco existe o sonho de ser um dirigente e de pertencerem à
elite, a casta, a verdadeira força do escotismo nacional. Se conseguires o
quarto “taco” meu amigo, será elevado a rei e chefes são chefes, nada mais que
isto.
E
se prepararem todos. Vem aí brevemente uma “enxurrada” de novas atividades
distritais, regionais e nacionais. Claro para os ricos, pois os pobres
dificilmente poderão participar. Não foi sempre assim? Se sua tropa é pobre se
contente com seu acampamento, apesar de ele sim mostrar toda a força do
escotismo. Mas continuando sobre estas atividades dos nossos dirigentes, é
assim que se dá uma força no caixa. E seja tudo o que Deus quiser. Agora é motivar a moçada nos Facebook da
vida. Quem vai? Os mais humildes chefes dificilmente terão seu valor
reconhecido. Nunca irão poder dizer no voto ou no pensamento o que sentem, se
estão de acordo ou não com as mudanças. Esqueçam-se do reconhecimento. Seja por
um certificado de agradecimento pelo seu trabalho, seja por uma condecoração ou
mesmo um elogio verbal. Isto não vai acontecer. Afinal você é Chefe, vá
trabalhar com seus meninos e não se preocupem conosco. Não é isto que todos
dizem? Ou será que não?
E
cuidado jovens e chefes. Sempre tem alguém monitorando vocês. Cuidado com o
que escrevem e falam. Cuidado com suas
posições radicais. A vida escoteira é maravilhosa. Pena que ainda não soubemos
ser à força da mudança que se espera. Entra ano e sai ano sempre tem alguém
para defender o que está aí. Seus argumentos são sólidos. – Chefe Osvaldo agora
tudo está mudando. Aguarde e verás! Risos. Falaram-me isto nos últimos quarenta
anos. Vamos bater palmas para todos que lá estão na liderança. Vamos ver se
pelo menos dez por cento das promessas que fizeram serão realizadas. São Tomé
que me ajude. Não sei se verei o sol Escoteiro brilhando para os meus
quinhentos mil escoteiros no Brasil! É mentira Terta? Verdaaade! (Chico
Anísio).
O grande inimigo da verdade não é
muito frequentemente a mentira (deliberada, controvertida e desonesta), mas o
mito - persistente, persuasivo, e não realista.