"A democracia...
é uma constituição agradável, anárquica e variada, distribuidora de igualdade
indiferentemente a iguais e a desiguais." (Platão).
Conversa ao pé do fogo.
O exército do eu sozinho.
Não existe exército, o título
nada tem há ver com o artigo. Pensei em dar outro nome: Unipartidarísmo
solitário. Também não sei se encaixa. Difícil arranjar um título. Mas vamos ao
que interessa. Desde que entrei para o movimento que pouca coisa mudou em sua
estrutura. Eles os dirigentes mudaram sim desde as normas estatutárias ao
programa, os uniformes, a formação enfim foram mudanças que os novos nunca irão
discordar. Afinal eles entraram no escotismo com a politica autocrática
existente e nem pensaram, ou melhor, nem pensam em uma democracia plena e
transparente. Não é uma preocupação natural. Assim está assim deixa ficar. Todos
que usufruem das benesses escoteiras defendem a associação e não aceitam de
maneira nenhuma o termo “autocracia”. Alegam e talvez com razão que existe um
Estatuto, temos normas e órgãos próprios onde possamos reclamar. De norte a sul
de leste a oeste se alardeia esta pseudo-democracia escoteira.
Li um artigo interessante na Internet onde se
dizia que um dos maiores e mais impressionantes poder que temos é a palavra e a
fala. A palavra pode levantar ou derrubar, agradar ou desagradar, emocionar ou
irritar, trazer para perto ou afastar. Pode ser mel ou fel, tanto para quem
ouve como para quem fala. A palavra pode estar respaldada
na verdade ou esconder a mesma verdade. Mas isso não é difícil de perceber por
aquele que tem uma consciência maior de si mesmo e, portanto, do outro.
Simplesmente porque a palavra não vem sozinha nunca. A palavra pode estar
respaldada na verdade ou esconder a mesma verdade. Mas isso não é difícil de
perceber por aquele que tem uma consciência maior de si mesmo e, portanto, do
outro. Simplesmente porque a palavra não vem sozinha nunca.
Desde os primórdios do
escotismo que no Brasil existe esta tecnocracia. A palavra de ordem é uma só –
Disciplina escoteira. Que ser um de nós? Então aceite as regras e pronto. Esta
é à maneira do porque no escotismo sempre fomos um movimento ditatorial. Alguns
poderiam dizer que é a ditadura dos meios. Contrariamente ao que se pensa o
tecnocrata não é um realista pragmático. Não pensa que os fins justificam os
meios. Pensa sim que os fins são irrelevantes ou indetermináveis. Vemos,
portanto uma acomodação dos associados e eles não são culpados por esta situação
sem pensar que poderia haver outro caminho. Entraram pensando mil coisas de
como ajudar a juventude, compraram as ideias de Baden Powell e nunca em tempo
algum discordaram, pois vivem o dia a dia com seus jovens e quase não pensam
que acima deles, lideres estão a tomar decisões que poderiam ou podem
afetá-los.
A associação parece que não
tem desejos autênticos, porque para ela todo o desejo autêntico é, por
definição, impossível de satisfazer. O êxito deles consiste em acumular
instrumentos a que nunca dará uso; e o próprio dinheiro, que é o instrumento
por excelência, serve apenas para ganhar mais dinheiro. Ou poder, que é outro
instrumento; mas isto, para a associação já é uma perversão - uma intromissão dos
associados que nunca foi levado em conta. Melhor me fazer entender mais
simplesmente. Afinal Tristan Bernard dizia que “um bom argumento vale mais do
que muitos argumentos melhores”. Nunca em tempo algum até hoje a Associação deu
a todos os associados voz e voto. Nunca em tempo algum a Associação consultou
ou mesmo fez algum tipo de pesquisas com os associados. Ela nunca foi
transparente nos seus atos. E interessante, são estes os associados que
carregam a Associação, pois sem eles ela deixaria de ter utilidade.
Dizem que a essência da
democracia reside em dois princípios fundamentais: o voto e a liberdade de
expressão. Quando nascem a liberdade e a democracia, aparecem os associados,
símbolos da participação na soberania escoteira. Portanto, se pudemos entender
como liberdade de expressão seria como uma divisão de forças dentro da
Associação para que ela não se ache soberana e dona de todas as ideias
possíveis para se desenvolver. Afirmar que hoje isto é possível é duvidar da
inteligência dos associados. Impossível participar do órgão máximo da
Associação cuja representatividade é menor que 0,5% do efetivo total. Isto
dificulta em muito a difusão do pensamento, além de não estimular os associados
a manter, exprimir e defender suas opiniões.
Convenhamos que fatores diversos levaram
a Associação a continuar com esta atitude arrogante. Por mais que ela se arvore
em dizer o contrário Ela determina o que vai ser alterado nos seus estatutos,
no programa Escoteiro e em todas as suas ações tomadas à revelia dos seus
associados. Dizer que as normas estatutárias lhe dão este direito é o mesmo que
dizer que seus atos não podem ser contestados de um Estatuto que ela mesma fez para
não ser contrariada. Do passado ao presente a Associação nunca deu condições
plenas aos associados insatisfeitos e para estes sempre ela agiu de forma
totalitária. Com ameaças, admoestações o que levou a saída de muitos que a seu
modo amavam o Escotismo e não queriam deixá-lo, resolveram fundar outras e elas
estão aí pululando em quase todos os estados.
Baden Powell por algumas vezes
chegou a comentar e
escrever em seus livros que os chefes devem ter livre
arbítrio para decidir, e insistiu que eles devem olhar bem à frente e não só a
ponta de seu nariz. Remendou dizendo que não devemos ser um gansinho, daqueles
que vai atrás, nas pegadas do pai ganso sempre tem o filho atrás. Poucos muito
poucos de nós acreditam mesmo que poderemos mudar. Sempre haverá aqueles para
defender a ferro e fogo os desmandos da associação. As alternativas são sempre
difíceis e a não ser uma mudança natural ouvindo a voz dos seus associados, não
teremos em tempo algum, mudanças radicais visando transparência e democracia
plena. Desde que a UEB foi fundada que seu sistema pouco mudou. Passou por mãos
muitas vezes iluminadas, mas que não teve forças para mudar o que precisava.
Assim como eu todos que
comungam do escotismo nunca tiveram oportunidade de pensar como seria
diferente, se tivéssemos um sistema democrático e transparente, com todos tendo
direitos de voz e voto, se teríamos mais força na sociedade brasileira, se
seriamos reconhecidos como um movimento sério de ajuda na formação da juventude
nos meios educacionais e se políticos e lideres empresarial fossem mais um de
nós. Nunca nos deram esta oportunidade. Só enxergamos o que nos deram condições
de ver. Maciçamente vendem suas ideias, seus programas, seus valores e
alardeiam aos quatro ventos seu sucesso no crescimento de associados. Ninguem
os contradiz. Não existe oposição. Uma visão da realidade para eles fantástica.
Para outros não. Outros gostariam de galgar o pico da montanha para ver o que
tem do outro lado. É o que todos os associados deveriam fazer. Quem sabe um dia
iremos mudar? Quem viver verá!
A simplicidade é
transparente, a franqueza é translúcida. Quando emanam luz, só a transparência
se deixa ver por dentro.