Abri a porta da gaiola
do passado e voei para o presente.
Foi um belo sábado. Sol a pino, nuvens no céu para fazer um dia
perfeito. Pontualidade inglesa eu disse aos meus caroneiros. Levantei cedo,
banho e comecei a rotina de anos e anos para colocar meu uniforme. Olhei o
cinto, brilhando. Ótimo. Olhei o chapéu. Abas largas e retas. Cadê o sapato?
Marido melhor ir com o tênis preto. (só tenho ele. Kkkkk). Bem não gostei, mas
fazer o que? O sapato preto era 38 e meu pé engordou. Não serve mais. Calça,
camisa bem presa dentro da calça, coloco o meião e depois o tênis. Eu não. A Célia. Não consigo dobrar o corpo.
Celia uma mulher sem igual. Ser Velho não é mole. Veja se as estrias estão
retas! Eu disse. – Você sabe que eu sei disso afinal fui escoteira por 30 anos
foi à resposta. Fui para o espelho, lenço sobre o pescoço o ritual do anel bem
postado. Por último o colar. Agora o chapéu. Fácil. Vou para a varanda. Os dois
chefes amigos (Geraldo e Denis Corazza) chegaram com 32 segundos atrasados, não
gostei. Mas os perdoei, pois são dois grandes escotistas. Tentei conversar na
viagem e falei pouco. O danado do ar faltando. Chegamos. Alegria, abraços,
sempre alerta, ainda bem que nenhum SAPS. Detesto o SAPS.
Fotos, abraços e com minha cara de sapo morto tento sorrir.
Espero que me entendam. A grande ferradura fica pronta. Centenas de meninos
correndo. Rapidamente estão formados. Bandeiras ao vento e lá no céu vi o
passado descendo ali. Quantos disto eu vi? Quantas vezes participei? Desde
1947. Perdi a conta. É o tempo não apaga o tempo. Emoções começam a vir à tona.
Sou chamado ao centro da ferradura. Meu anfitrião o Robson, um Escoteiro meu do
Águia Branca da década de oitenta e que ainda usava fraldas ali agora homem
feito e emocionado quase chorando. Robson o Distrital e chefão da atividade Eu
não sabia o que falar. Uma ferradura enorme. Robson repita para eles o que vou
dizer – Chefe vou tentar, vou tentar estou engasgado. Incrível este momento.
São coisas que só os grandes Escoteiros entendem. Falei uns dois minutos. Não é
hora para discurso. A atividade de abertura terminou. Hora de bater pernas e
voltar. Impossível continuar, pois meu ar vai e vem. Daria tudo para ficar os
dois dias, sentir o calor do Fogo do Conselho, sentir o ar da mata do Jaraguá
que tantas e tantas vezes senti no passado. Quem sabe o Macaquinho Tião ainda
estaria vivo? Ou o Quati doidão? A Jaguatirica já deve ter ido para o céu. Quem
sabe a coruja buraqueira amiga de tantos cursos que ali colaborei? Seria pedir
muito lá se foram quase trinta anos – Chapéu a postos procuro a mochila que não
levei. Rotina que não se esquece. Robson e Denis me dizem - Chefe aguarde. O
Cido vem aí. Intimamos ele a vir. Cido, ele e a esposa Celia amigos do peito
desde 79. Sempre juntos até hoje. Ele chegou. Fiquei contente estava de calça
curta. Anda por aí se exibindo com a comprida. Peguei na orelha dele um dia.
Veio do Cemucan de uma atividade para me dar um abraço. Mais de quarenta
quilômetros.
Mais abraços e a partida. Chefe Geraldo me levou. Vai me levar domingo
as onze ou meio dia de novo a visitar o Falcão Pelegrino. Amigão o Geraldo. Vou
conhecer o George Hirata Chefe dos Falcões. Aqui somos velhos amigos virtuais.
Devo conhecer outros e assim comecei minha jornada nas estrelas desculpem minha
nova jornada na terra. Ainda pretendo abraçar muita gente. Basta me convidar e
vir me buscar e trazer em minha casa. Não posso dirigir.
Valeu e se valeu. O Velho Escoteiro bateu asas e voou agora nas
asas da imaginação pisando devagar no sonho real. Sempre Alerta meu amigo e
minha amiga assim direi quando encontrá-lo por aí nestas minhas andanças.
Quantas? Não sei, mas quer saber? Se um dia nos encontrarmos por aí já sabe o
que vou dizer – SEMPRE ALERTA! É UMA HONRA CONHECER VOCÊ. POSSO LHE DAR UM
ABRAÇO?