Conversa ao pé do fogo.
Seria este o escotismo
de BP?
Temos aqui nesta
rede social uma enormidade de membros Escoteiros participando. Isto é bom, pois
vamos aos poucos assimilando e aprendendo uns com os outros. Quando comecei os
grupos e os que falavam em escotismo eram poucos, hoje não. São dezenas e
dezenas. Sou sempre convidado quando iniciam e sempre dou uma passada por lá.
Mas nem sempre me sinto bem com alguns participantes. Por quê? Difícil
explicar. Talvez pela minha educação escoteira que foi toda ela feita de amor,
de educação, de aceitação e compreensão de cada um que um dia resolveu fazer
sua promessa escoteira. Eu aprendi muito aqui na minha página e no Grupo que
criei. Houve casos que fiquei estupefato e quase desisti. Sempre pautei pelo
respeito e pela boa cidadania e nem sempre encontramos isto aqui, apesar de que
é mínimo aqueles que faltam com o cavalheirismo que sempre pensamos encontrar
no seio do nosso movimento. Escrevi dezenas de artigos. Sou um Velho do passado,
mas estou com o pensamento e os olhos no presente.
É incrível como
ainda vemos alguns que escrevem de maneira autoritária e se isto é resposta de
outro que também se ofendeu penso como seria se em vez de estarem distante uns
dos outros eles se encontrassem pessoalmente. Seria este o tratamento? Hoje
estou vendo e sentindo que o autoritarismo está aos poucos se infiltrando aqui
e ali em órgãos Escoteiros. Desculpem mas não era assim no passado. Claro
sempre foi na alta cúpula um jogo de interesses, mas com a estrutura da época
não faltavam abraços e o Sempre Alerta a quem quer que se apresente como
Escoteiro. Aos poucos passei a não mais participar de Assembleias e Congressos
Escoteiros. As mudanças que estava sendo posta em prática, as reuniões em salas
fechadas, a ditadura do líder de uma região exigindo que se votasse em bloco
foram consistentes para meu afastamento. Não era o escotismo que pensava. Um
escotismo puro, alegre cheio de amor para dar e receber. Garantiram-me que hoje
não é mais assim. Sei não, está imposição do uniforme me deixa na duvida.
Leio com tristezas de
amigos que me escrevem dizendo que no seu próprio grupo isto é real. Quem sabe
exemplo dos órgãos regionais e ou nacionais. Aqui nesta rede muitos que se
tornaram meus “amigos” se afastaram. Acharam por bem não se misturar a este
Velho Escoteiro que dizem não fala coisa com coisa. Eu ainda fico pensando se no
grupo a que pertencem estão formando jovens dentro dos padrões que esperamos
para um perfeito “Espírito Escoteiro”. Se for um grupo forte e unido. Se o
respeito à cidadania e a democracia em um Conselho de Chefes, onde muitas vezes
uma conversa ao pé do fogo tem mais validade que uma discussão inútil com
muitos se digladiando. Muitas vezes deixei de responder a um e outro por um
artigo ou história que escrevi. Não valia a pena. O Escoteiro adulto que me
respondia não era delicado, prestativo e pelo menos respeitoso. Valia-se de um
conhecimento técnico que muitas vezes não dou muito valor. Citar para mim itens
de normas estatutárias me faz voltar ao passado onde nossa preocupação era
fazer do jovem um menino feliz. Afinal estas normas foram decidas por pouco.
Quando vejo alguém
contestando indelicadamente costumo fazer uma visita em sua página. Nem sempre
ela demonstra quem é a pessoa. Mas pelo seu histórico, pela sua maneira de
uniformizar, pela apresentação dos meninos (a maioria nem fotos tem dos
meninos) eu sinto pena do Escoteiro adulto que não entendeu até hoje a
linguagem do escotismo de BP. Muitos destes usam termos que homens educados não
usam. São daqueles que ao menor ataque montam um pelotão de guerra para contra
atacar e vencer. Fico pensando se isto não seria uma forma de muitos jovens
desistirem cedo de serem Escoteiros e assim aumenta a evasão mais e mais. Hoje
praticamos um escotismo de leis de normas e aí daquele que sair fora delas. Mas
a bajulação que desde os primórdios existiu ainda é uma verdade no escotismo. Beira
ao ridículo alguns se bajulando para serem bajulados no alto escalão.
Um artigo duro? Não
devia escrever o que escrevi? Meus amigos e minhas amigas foram anos
vivenciando tudo isto. Ninguém gosta quando se diz que existem ainda as castas
escoteiras. Castas de alguns e não de todos. As mudanças que se fazem eles
defendem com unhas e dentes. Nunca em tempo algum vi algum formador ou
dirigente postar aqui que estas mudanças deveriam ser mais transparentes. Que
os grupos escoteiros deviam ser ouvidos. Que as consultas que nunca foram
feitas deveriam ser frequentes. Nunca vi, mas pode ser que existe e não li. São
tantos a se arrogar donos da verdade que penso se eu fosse um tolo e hoje o
escotismo fosse divido em ações eu não fiquei com nenhuma. Nem ao portador nem
as nominais. Francamente? Temos milhares de bons Escoteiros adultos. Calculo
que quase a totalidade. Mas estamos presos a estes que se julgam donos. Das
ideias, das normas, de tudo.
Eu ainda tenho
sonhos, sei que nunca seriamos uma horda de homens e mulheres advindos de Shagri-la.
Sei que já ouviram falar Se trata de uma obra
literária de 1925 do inglês James Hilton, Lost Horizon (Horizonte Perdido), é descrito como um lugar paradisíaco situado
nas montanhas do Himalaia, sede de panoramas maravilhosos e onde o tempo
parece deter-se em ambiente de felicidade e saúde, com a convivência harmoniosa
entre pessoas das mais diversas procedências. Shagri-la será sentido pelos
visitantes ou como a promessa de um mundo novo possível, no qual alguns
escolhem morar, ou como um lugar assustador e opressivo, do qual outros
resolvem fugir. Seria isto mesmo? Não sei. Ainda temos milhares acreditando que
sim. No escotismo tudo é possível. Quantos ainda acham que podem continuar
assim? Não sei. Não é uma preocupação maior dos Escoteiros adultos. A maioria
não pensa nas estruturas até que esta se vire contra ele. Até que um belo dia
eles dão uma parada e se perguntam: - O que estou fazendo aqui?
Com a
palavra os donos do escotismo. E não venham me dizer que todos somos donos. Não
somos. Tentamos ao nosso modo simples e fraterno dizer que sim. Mas o escotismo
no Brasil meu amigo e minha amiga ainda não pertencem a nenhum de vocês. É sim
o seu trabalho como voluntário. Obedecendo as normas que foram criadas sem você
nunca ter sido consultado. A velha rotina das raposas que dizem que podemos e
temos poder de mudar é uma falácia. Tem-se um medo generalizado de dar voz e
voto a todos. Apregoam ser impossível a organização sobreviver. Enquanto isto
eles se sentem bem com o andar da carruagem. Os que se arrogam contra sofrem
processos ou são escamoteados. Melhor voltar a viver em Xangri-la. Não dizem
que viver de sonhos é melhor que a realidade?