Conversa ao pé do fogo.
Escotismo tradicional
- Escotismo tradicional. Sim. Este é o tema da moda.
Muitos deixam a EB (Escoteiros do Brasil) acreditando que em outras associações
encontrarão o Escotismo Tradicional. O que seria tradicional? Cada um de nós temos
uma interpretação. Alguns procuraram copiar o Escotismo Inglês nos seus primórdios.
Outros se agarram ao Adestramento de Gilwell Park que para muitos é o berço do
Escotismo Tradicional. E tem aqueles que se seguram no seu passado escoteiro e
os mais novos analisam pedagogicamente levando em consideração a evolução dos
tempos. Para esses o tradicionalismo não é importante.
- Lembro que aprendi e vi os resultados de fazer
fazendo. Era um escotismo feito de maneira alegre, que sempre atraiu o jovem
pela sua própria simplicidade. Recorríamos a uma linguagem fácil, bem diferente
dos termos técnicos e pedagógicos utilizados hoje. Foi uma época divertida onde
o jovem ficava anos e anos. Isso hoje não acontece mais. Apenas uns poucos
continuam. Poucas são as tropas que fazem o escotismo da demonstração e da
descoberta, atividades ao ar livre, aprendizado por patrulhas, e técnicas
escoteiras que sempre foram à essência do Escotismo.
- Infelizmente alguns dos novos chefes comentam que
por termos repetido muitas vezes essas técnicas, jogos sem atrativos e até a
ausência do método correto nas atividades de tropa, trouxe desinteresse e demonstrando
a muitos educadores modernos nos consideram como atrasados e ineficazes no
domínio da educação. Perdemos o nosso rumo.
- Alguns acham que sem o tradicional fugimos do
verdadeiro escotismo de Baden-Powell. Concordo que hoje em muitos casos o
Escotismo perdeu a graça, a motivação diminuiu e dificilmente a maioria dos
jovens permanecem mais de dois anos, o que na visão do fundador seria
necessário pelo menos dez. O pensamento do jovem de hoje mudou. Ainda penso que
muitos rapazes e moças ainda sonham em viver como um herói, um explorador e
fazendo um escotismo aventureiro. Ele quer fazer e aprender. Estamos dando isso
a ele em quatro paredes? Entres muros?
- Não somos um movimento educacional como se faz na escola
com as técnicas moderna de ensino. Poderíamos sim ter continuado com a metodologia
que nos deu Baden-Powell e fazer se necessário pequenas adaptações modernas. Se
antes o Chefe era um aconselhador, um técnico em artes mateiras, um exemplo de
uniformidade e apresentação na comunidade não é mais assim. A liberdade de ação
nas Patrulhas antes simples e descomplicada, ouvir o jovem e entender seu ponto
de vista, a força do hábito de fazer fazendo foi esquecido e aposentado. Muitos
pensam até diferente ao dizer “Escoteiro Tradicional”. Muitos esquecem dos
resultados. Compete a EB ver se eles estão acontecendo, ela, no entanto não faz
assim.
- Nossa nação precisa urgente de resultados que o
escotismo oferece. Honra caráter, ética, responsabilidade, respeito às leis, e
claro a formação não só moral como espiritual e acadêmica. O Uniforme Caqui não
deve ser confundido como tradicional. Ele foi em uma época usado em todo o
mundo. Hoje diversas nações alteram seu estilo e cor. Qualquer uniforme desde
que usado com orgulho, com garbo com disciplina pode ser considerado como uma
nova tradição a seguir.
- Hoje em dia não há nada mais fundamental e atual
do que estar bem consigo mesmo, usar o que gosta e se sentir confortável. Mas
somos uma associação de formação individual. Pretendemos ter uma boa
apresentação para o publico, isto nos diferencia e diz o que somos. A uniformidade
no passado, o garbo, a apresentação sempre foi ponto de honra. Dar agora
diferenciação em dezenove tipos de escolha, vestir o que achar melhor não
condiz com uma associação que se pretende ser séria na formação da juventude como
previu BP.
- Quando BP reuniu em 1907 na ilha de Brownsea na
Inglaterra 20 jovens de diferentes meios socioeconômicos e educativos, ele
trouxe uma enorme contribuição educacional que, na época estava estagnado. O Escotismo
deu uma visão mais abrangente às escolas e estas é que estão tirando partido
das técnicas escoteiras de demonstração, observação e dedução, aplicando-as às
suas classes. Às técnicas de aprender fazendo e tentar fazer sem saber, até
descobrir o certo através do erro, sempre foram partes do método Escoteiro.
- Se ser tradicional é confiar no rapaz para que ele
próprio seja responsável pela sua autoeducação e disciplina, dar liberdade ao
espirito de competição e da aventura, através de jogos, acampamentos e excursões
então podemos dizer que este sim seria o Programa Escoteiro tradicional e que
bem realizado se mantém na liderança das técnicas até hoje empregadas.
- Ainda é cedo para dizer que fora da Escoteiros do Brasil
se faz o escotismo tradicional, conforme desenhado por Baden-Powell e
confirmado nos cursos de Gilwell Park. A EB com essas alterações impingidas no
programa escoteiro, queira ou não está desfazendo a imagem do escoteiro Sempre
Alerta, de uma só palavra, do escoteiro das boas ações, do escoteiro com
bandeiras desfraldadas pelos montes e campos e pela maneira pseudo escolar impingindo
aos seus chefes ensinamentos teóricos e não práticos.
- Se as novas associações atingirem seus propósitos
que chamam de tradicional meus parabéns. Só o tempo dirá. Até hoje não vejo com
bons olhos o que a Escoteiros do Brasil vem fazendo com sua maneira autocrática
e exigência de fidelidade o que está afastando muitos do seio Uebeano. As
demais não tenho conhecimento. Elas permanecem desde sua fundação sob a
liderança do seu fundador. Não sabemos se este é o melhor caminho para que a verdadeira
democracia exista em suas hostes.
- Acredito que possa haver um dia uma guinada neste
caminho pedregoso que a Escoteiros do Brasil está seguindo. Não sei. Ela deixou
um passado glorioso quando na reunificação das diversas associações existentes.
Quem viver verá se os resultados e um e outro foram satisfatórios. Sempre
Alerta!
Nota – “É uma pena que um homem tenha que viver
sessenta anos para adquirir alguma experiência de vida e a leve para o túmulo,
cabendo aos que o seguem começar tudo de novo, cometendo os mesmos erros e
enfrentando os mesmos problemas”... B-P. – Os antigos não tem mais voz e voto.
Poucos têm. Esse é o melhor caminho para percorrer o escotismo de hoje? Sempre
Alerta!