Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O tempo não para.
Como disse Cazuza,
"O tempo não para"... Agente quer mudar o
destino, mas aí vemos aquela roda viva, que manda o destino pra lá... Pois é,
não para mesmo. A gente vive a gente canta a gente ri a gente dança e o oceano
continua no mesmo lugar... Cada dia, cada ano se olha prús cantos, pelas ruas
casas cidades e nações e tudo acontece sem a gente poder mudar. Quem sabe a
velhice é assim mesmo, pegando no prego sem poder pregar...
O Brasil vai andando, muitas vezes sem rumo e o povo como uma
bussola vai movimentando o norte esperando a felicidade chegar... E viva o Lula
diz um, mas esqueceram do Getúlio, do Jânio e de tantos outros mais. Grita um
Badeniano que ele fez muito para o país, mas esqueceram de ver que todos ao
lado dele só fizeram roubar... E o que importa? Dilma lá Dilma cá... E vamos
todos Dilmar e lá vem o Gilmar... Quem? O amigo do Michel, e de tantos mais!
1947 ficou no passado, abril não sei o dia mais. Fiz minha
promessa de lobo, gastei Vulcabrás, gastei uniformes, gastei distintivos bonés
e meu querido chapéu. Não inventei, não criei, fui na onda do que me fizeram
exemplar... De que? Da apresentação? Puxa Vado, tudo mudou. Como diz a nova
concepção o bom é o agora o passado se foi. E quem diria que poderíamos
conversar com o mundo dentro de uma salinha com uma telinha branca cheia de
causos que cada um quer contar... “E entonse, e entonse” sai Juscelino entra
outros e vem os generais...
Pois é... Me fiz gente, sem ribanceira me pus por aí a
acampar. Veio à nova safra, criaram há mais não poder. Muda aqui muda ali,
afinal Vadico o Brasil não vai mudar? O poder de um Floriano, de um Darcy, de
um Almirante Sodré de um Guido Mondin que se intitulava ministro, de um Olavo
Bilac, Caio Martins todos foram por aí a passear. Hoje a disciplina é feita na
caneta dos donos do poder. Tretou? Relou? Tá demitido seu moço! E sem reclamar,
vá passear nas sombras de seu escotismo pois aqui não é mais o seu lugar!
Me lembro dos generais. Um por um. Cada fato cada arrebite
que arrebitaram no Brasil. Um disse que preferia o cheiro do cavalo ao cheiro
do povo. Outro disse que prendia e arrebentava... Salto no tempo e tem gente
querendo a volta dos manda chuva, como se a velha escola ensinasse o bem e o
mal. Volta no tempo? Direito de prender, de matar e até de torturar...
Democracia mano? Não serve. Prá quem não sentiu no lombo o rimbombar do
chicote, na sala secreta, rosto na água, eletricidade nas partes guardadas...
Pô meu! Doeu, e se doeu...
Prenderam-me por causa de um lenço vermelho, de um Grupo
Escoteiro. Cinco dias depois sai ileso sem apanhar... Graças a Deus! Meu irmão
escoteiro teve a sorte de cair nas graças dos federais do DOPS, com um alicate
arrancaram-no as unhas como se fosse uma nova coleção, de ossos vermelhos a
sangrar. Morreu alguns meses depois sem saber o porquê! Inocente? Eu juro
palavra de escoteiro que ele nem sabia da acusação. Comunista? Ele? Seu
trabalho na Alcateia não valeu? Que direito tinham de prostrar no chão alguém que
lutava pelo Brasil?
E vem aí um Sinhô de Farda sem farda que não honrou,
candidato letrado, xingado por alguns e adorado por tantos outros... Vado!
Gritam, ele vai dar um jeito no nosso Brasil! Vai sim, pergunte aos filhos
dele! São todos políticos e irão receber um carguinho para mandar. E sem
esquecer os bolsos endinheirar.
Uns tantos revoltados com a Petrobras resolvem parar.
Caminhão na esquina a espreitar... A culpa é dele, do Temer usurpador...
Esqueceram os apaniguados que tiveram as benesses do poder, esqueceram os
ladrões da Petrobrás, esqueceram as ordens de não aumentar, uma empresa que só
recebeu sopapos e a custa de barrancos tentou até se afogar no tal óleo do pré-sal...
Queremos isso, queremos aquilo, aqui ninguém passa, vamos esbranquiçar o
Brasil, vamos afogá-lo no petróleo... Ops! Quem disse que o petróleo é nosso? Meu
eu sei que não é...
Querem sufocar o país. Meu filho sem emprego fez dívida para
Ubear por aí. Gasosa? Etaniel? Não Vado é Etanol! Isto nem pensar. Não tem. E o
povo bate palmas. Eles vão salvar o Brasil! Não deixa ninguém passar, por favor!
Agora não tem reinvindicação, tem sim o apeio do poder. Fora Temer, suma! No
supermercado batata de seiscentos a saca, tomate? Culpa do Temer? A inflação
bate na porta. E o povo no seu rompante diz: - Feche, não deixa passar.
Perguntaram a família do caminhoneiro? Será que eles também estão a festejar?
E vem aí as eleições. Candidatos mil. Gastam fortunas para se
eleger por um salario insignificante. O que? Patriotas? Os novos voluntários
não escoteiros que pagam para servir? E estes vão servir a nação? Tem alguém político
que se pode aproveitar? Só na época de eleição o tolo nem sabe espernear... Se
eleito, vou mudar o Brasil! Viva! Tem um novo Messias no ar. E eu escoteiro
velhote, sem serrote, sem poder andar nem sei mais espernear! E pensando
estudando... Olhando curriculando para saber em quem votar!
Nota – - Prefiro me lembrar daquela canção dos
generais: - “O Céu do meu Brasil tem mais estrelas”... O sol do meu país, mais
esplendor, a mão de Deus abençoou, em terras brasileiras vou plantar amor! Eu
te amo meu Brasil eu te amo, meu coração é verde, amarelo, branco, azul-anil,
eu te amo meu Brasil, eu te amo, ninguém segura á juventude do Brasil! E viva a
Petrobrás pois o petróleo é nosso! Só rindo Kkkkkk.