Aconteceu! Neste Natal,
Estou saindo do Escotismo!
Isto mesmo! Estou saindo do Escotismo!!!! Desta
vez é para valer. Chega de vai e vem e não vai nunca. Destruíram tudo que conquistei
tudo que fiz tudo que um dia sonhei em transformar minha vida em uma perfeição
montada em dez artigos da lei. Lei que sempre fez jornada em meu coração. Agora
querem tirar a honra da minha promessa... A honra? Deus meu! Sangram sem saber
parte da minha vida. Minha honra existe e está presa em meu ser. Choro por
dentro só em pensar que vou embora do escotismo. Saindo, não terei outro lugar
para ficar...
Não quero
medalhas, não quero louvores, só quero ter milhares de amigos para um dia
sentarmos em volta do fogo e lembrarmos os tempos idos que não voltam mais...
Quero ter o direito de ver o que as estrelas viram quando menino sonhador me embrenhava
nas matas da minha cidade a procura de aventuras que existiam dentro de mim.
Quero abraçar aqueles que me queriam bem e hoje nem estão mais vivendo no mesmo
ar na mesma terra que ainda habito até quando não sei.
Não tirem o
escotismo de mim. Quero ter o direito de contar estrelas, de pegar carona em
cometas, de pisar na via láctea dando sorrisos de bem querer. Quero montar no
meu uniforme, fazer dele um balão de ar e junto com meu chapelão e minha
mochila viajar ao sabor do vento sem direito e sem obrigação de parar... Para
acampar... Para acantonar! Quero ir por aí, nas trilhas que adotei quando com
meu bastão garimpava o capim gordura, o colonião, e até pequenas flores recém-nascidas
de Girassol, que mesmo lindo e sozinho é alegre e formoso e nem precisa de
buquê...
Já estou sentido
falta, sentindo saudades lembrando-se dos meus percalços nunca antes
travestidos de perda de memória, de glorias que não são minhas, das histórias
que nunca abandonei, do passado que até hoje cantei em cantos sublimes nas terras
do mundo por onde passei! Eu tenho na alma no meu ser, o sangue que derramei
nos espinhos dos caminhos, das ditosas fontes onde banhei, nas bandeiras que hasteei,
nas sombras que do sol escondi, procurando um lugar para ficar sem saber aonde
ir.
Será verdade minha
escolha? Se for nem parece à paixão do escotismo que me marcou, que me abraçou
quando chorei ao fazer minha promessa onde prometi... Pela minha honra!
Abandonar tudo? Deixar para trás uma vida que fiz um sonho que criei? Se amei
se esqueci, se pus no embornal e marchei por subidas íngremes de montanhas que
escalei, deixar assim meu escotismo que tanto amei?
E eis que salvadora
ela chega, linda formosa, minha Célia meu canto, meu pedaço de chão, mulher
nota mil, caricias no rosto, caricias nos cabelos, sonhos e atropelos e
acordo... Olho para seus olhos, negros como a noite, a me olhar e dizer: -
Marido! Foi um pesadelo! O Escotismo é você, você é o Escotismo! Faz parte do
seu ser. Feliz Natal meu amado, o Menino Jesus escoteiro das estrelas acabou de
nascer!