Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Sou um herói de mim mesmo.
Prólogo: - Cada um de nós
é o astro, o herói e o protagonista de sua própria história. A
melhor forma de viver é lançarmos nossas próprias decisões e
seguirmos nossas próprias convicções. Cada qual deve sentir-se livre
para ser o que é. Preocupar-se
demasiadamente com o que os outros pensam jamais fará uma pessoa
feliz.
Quando “pequerrucho”
e me tornei lobinho, acreditei que “meu Balu” era meu herói. Fui crescendo e
Escoteirando vi que meu Chefe Jessé não foi meu herói que acreditei encontrar.
Tudo porque ele sempre quis fazer de sua tropa os heróis de si mesmo. Deu-nos
liberdade, confiou em nossas responsabilidades e sempre dizia: Escoteiros, uma
tropa não precisa de Chefe para andar. Se Caio Vianna andou com suas próprias
pernas façam vocês seus próprios destinos. Montamos em nosso Vulcabrás em busca
de aventuras quixoteanas. Tudo era um marco de aprendizado varonil em nossas
vidas.
Eis que homem me
tornei. “Chefaiando” sempre acreditei em deixar os jovens andar com suas
próprias pernas. Meu pai foi meu herói diferente. – Pai, vou acampar... Ele me
olhava e dizia: - Você sempre será responsável por você mesmo. E assim foi.
Bandeiras ao vento, trilhas misteriosas, procurando o jardim secreto da
felicidade nos vales e florestas onde acampei. Ele meu pai nunca cobrou nada
dos meus chefes e eles nunca cobraram nada de meu pai.
Barraca no lombo
ou sem lombo tudo poderia se tornar um teto
para dormir. Vez ou outra lá vinha ele (o Chefe Jessé) pedalando afogueado para
nos visitar. – Posso entrar? E a gente brincava: - Aguarde Chefe a Patrulha está
em reunião! E o tempo foi passando e já homem feito vi que o que havia feito
não teria repetição. Mesmo assim com ressalvas e “homijá” de mochila e
chapelão, acampei a mais não poder. Deixei meus filhos percorrer a senda de
Baden-Powell. Nunca fui pai quando a reunião começava. Agora eles tinham um Chefe,
a eles deviam obediência.
Na hierarquia
escoteira obrigatória percorri caminhos sem volta. Nem tudo foi Mar de Espanha.
– nota: Vide a conquista da parte leste do mar mediterrâneo pela Espanha e a expulsão
dos mouros e com o controle total ficou conhecido com Mar de Hespanha. (Não
confundir com uma cidade mineira do mesmo nome e Espanha sem H). Nesta
caminhada tomei pernadas, mas não fui inocente e também dei as minhas. A elite
da Corte Escoteira não comungou com meu raciocínio e se uniu aos novos ventos
que sopravam mudanças com cada um dizendo ser para melhor.
Me posterguei por
uns tempos na cortina de fumaça “a Escoteira”, aquele que anda só. Minha mente ainda
fervilhava de escotismo. Papel caneta e máquina de escrever e depois computador
e lá fui eu escoteirar. Preto no branco surgiu às lendas, as histórias, as
fabulas as crônicas tudo encaixava na mente do que fiz e aprendi com a Saga de
BP. Até hoje não morro de amores pela “Casta Escoteira”. Vez ou outra salpico
meus pensamentos mal traçados a dizer o que penso deles e suas mudanças. (eles
também não gostam de mim. Paciência).
Não a “coro” de
pensar em nova volta ao passado. Poucos dizem amém. Na briga de foice para
chegar ao topo no Reino Escoteiro da Mil e uma Noites BP não se apresentou.
Dizer o que ele pensava que faria se estivesse ali é pura futurologia. Como sou
um Mancebo formado na escola da vida, muitas vezes não tenho cultura para
acompanhar os mestres doutores que conhecem do fim ao começo o querido POR, as
normas as exigências e tudo mais que compõe a nova Elite Escoteira.
Já vetusto vivendo
no pretérito passado não tenho condições de guerrear nas novas estruturas
assembleástica. Ainda escrevo com o coração a frente e desse estilo não abro
mão. Não importa se não tenho registro e nem direito as Medalhas dos grandões. Mente
sã, pé na tábua, fuxico coisas para andar por trilhas misteriosas novamente.
Não vou dar lições de como ser Chefe, Diretor, Presidente, Diretor de Curso
Básico Avançado ou Velho Lobo. Isto fica para os aquinhoados viventes que ainda
tem pernas e braços para se associar a elite do poder. E os jovens moçoilos
sonhadores ficam aonde nesta pujança emigratória?
E lá no topo do
comando, tudo continua como dantes no quartel d’Abrantes (nota – Usa-se esta
frase para indicar que nada mudou). E eu aquele efebo das vivencias de outrora,
montado a escoteira na minha fértil imaginação deixo tudo correr através do
tempo e não dou o braço a torcer. Nunca fui de abaixar a cabeça e dizer sim
senhor. Ops! Jurei a bandeira, jurei obedecer a Lei, mas não jurei obedecer a Escoteiros
do Brasil.
Quando chegar a hora de
“botar” o pé na estrada, enfrentando poeiras de estrelas na jugular do tempo,
deixarei meus pormenores de Velho Senil achacado e enfermiço e vou abraçar com
prazer os cometas passantes e os planetas brilhantes que encontrarei pelo
caminho. Nesta jornada não vai haver melancias, pedagogias estatizantes no
andar etéreo do Velho Escoteiro. Desculpem os próceres, mestres do escotismo,
mas se tem algum que me faz feliz é ver a juventude dona do seu próprio nariz