Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Apenas um
olhar para entender.
... Agrada-nos o homem
sincero, honesto, alegre e leal isto porque nos poupa o trabalho de estudarmos o
seu caráter para o conhecermos.
Há tempos escrevi uma
crônica que deu muito que falar. Contei que estava à procura de um Chefe Escoteiro
um dirigente ou um formador, não importando o cargo que tenha no escotismo. Sem
ser pretencioso comentei que ele não precisava ter sido menino escoteiro, mas
que seria importante ter conduta ilibada, elegante, educado, prestativo e
sempre com um sorriso nos lábios mesmo que seu coração estivesse nas sombras. Não
importava que ele não tivesse conhecimento da Vida de São Francisco, mas que
usasse e abusasse do é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado. Um Chefe
verdadeiro líder que saiba liderar e ser liderado. Que tenha como máxima de
vida, a lealdade e a fraternidade. Não precisava ser um santo, seja um homem ou
uma mulher com qualquer idade pobre ou rico de qualquer raça ou cor, mas que
seja um cavalheiro ou uma dama no trato com seu semelhante.
Insisti muito na
palavra do escoteiro, na amizade, no quarto artigo da lei. Que seja um exemplo
para todos e um herói para a juventude escoteira. Que pense primeiro neles e
não em sí próprio. Não precisava ser pai e nem mãe e o professor. Ele não iria
substitui-los e sim colaborar na sua formação. Apenas alguém simples, cuja
promessa que um dia fez é levada a sério e mesmo errando sabe que isto valeu
para aprender a levantar os ânimos de quem está ao seu redor. Não importa que
seja solteiro ou casado, mas que seu código de conduta imite os cavaleiros do
rei, com suas armaduras presas no coração pronto a defender a palavra, a cortesia,
a bondade e o amor ao próximo. Que seu caráter seja ponto de honra, que a ética
seja seu caminho de vida. Que saiba de sua responsabilidade com a Lei Escoteira
e mesmo sabendo que não é fácil segui-la irá fazer o melhor possível para dar o
exemplo aos seus amigos e irmãos escoteiros. Deveria ser um Chefe cuja ambição
seria de dar aos seus jovens tudo que ele poderia fazer para transformá-los em
cidadãos conscientes dos seus deveres consigo próprio e com a nação.
Quando escrevi recebi
centenas de respostas. A maioria dizendo que não existe tal tipo de Chefe, mas
ouve sim um que me afiançou conhecer um Chefe com esses quesitos. Não duvidei,
afinal se ele me garantiu que seu Chefe preenchia essas necessidades eu tinha
que acreditar, afinal não temos como escoteiros uma só palavra? Dizem que nós
os velhos escoteiros conhecemos cada um, sua mente, seu coração só de olhar e
ver o sorriso que ele vai dar. Basta ver um sinal manual, um jogo, um programa,
seus primos e monitores para saber com quem estamos lidando. Quantas vezes
labutando por este mundo de Deus, vi chefes que fiz questão de tirar o chapéu.
Chefes que me orgulhei em conhecer. Chefes que fizeram um escotismo cheio de
amor bondade e fraternidade, que tiraram do próprio bolso proventos para dar a
quem precisava nas suas tropas ou sessões.
Mas o mundo mudou, o
escotismo mudou... E eu não quis mudar com ele. Sem surpresa ainda vejo por aí membros
adultos do escotismo, esnobes, convencidos, jactancioso, pedantes vaidosos na sua
maneira de agir e falar. Querem ser servido e servir não faz parte de sua égide
escoteira. Vejo com tristeza no olhar alguns que não medem suas palavras, não
sabem o que quer dizer amizade, respeito e cortesia onde juntos forma à palavra
fraternidade. Agridem por qualquer motivo, preferem o esnobismo querem ter o
dom da palavra sem pensar que o melhor seria o dialogo. Seria exigir demais?
Estaria eu por acaso a procura de um santo? Garantem-me amigos que se for no
escotismo vai ser difícil de encontrar. O tempo passou e vai passar, as nuvens
vão mudar de lugar, as rosas irão persistir em embelezar os jardins do Edem, a
floresta ainda será verde e os pássaros não deixaram de cantar. Mas eu acredito
que ainda vou encontrar alguém assim.
Quem sabe um dia todos
terão o mesmo pensamento, voltado para os que estão a sua volta, que irão rolar
no chão, na grama ou no barro, que vão cantar, não irão reclamar do seu próximo
que está ali para ajudar. Acredito que existem por este rincão escoteiro um Chefe
no verdadeiro sentido da palavra que é incapaz de cara feia, de gritos de
exigir o impossível em jovens que precisam de amor e carinho e não chamadas de
atenção. Um Chefe que sabe que está ai para ajudar na formação desta
maravilhosa juventude e que encha as mãos cheias seus corações de aventuras e
sonhos de atividades incríveis que sempre sonharem em fazer. Minha vista se
espalha pelo horizonte, ainda acredito no escotismo de amor, acredito sim no
escotismo perfeito de sonhos que se realizam por mãos de pessoas que podemos
acreditar... Seria sim aquele Chefe perfeito, que não quer ser o melhor, que
acredita que são jovens que precisam de holofotes e desenvolver seus talentos...
E não ele!