Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Ser meu amigo no Facebook é fácil, difícil
é continuar!
- Hoje escrevo para você que entrou em meu mundo
Escoteiro através das minhas páginas. Você que solicitou um pedido de amizade e
foi atendido prontamente. Não quero que você se iluda e se engane. Sabe por
quê? Porque defendo minhas ideias, meus pensamentos e no que acredito de
coração o que seja escotismo. Sou daqueles velhos Matusalém, achando que o
Escotismo não tem segredos. Não tem mesmo desde que seja a velha ordem de BP
dizendo que é no campo que se torna um escoteiro. Fiz coisas do arco da velha
na minha vivência escoteira, fui amado, por alguns odiado por outros e desacreditado
na minha ordem feita em um passado que sempre amei. Alguns chegam às minhas
páginas leem e desconfiam das minhas ideias e se vão. Não tenho a presença dos famosos
antigos escoteiros heróis de ontem e de hoje em seus estados pelo que fizeram.
Alguns nem me dão bom dia... Salvo uns poucos que ainda me dedicam estima
respeito e consideração e acham que estou contribuindo para um escotismo melhor.
(para eles tiro meu chapéu!).
- Muitos assustam quando descobrem que não
tenho registro na EB. Não tenho há alguns anos. Quero voar, quero sair por aí
nem que seja nas asas da imaginação, sem autorização, sem medo de ser feliz por
fazer o que gosto de fazer, pois é no escotismo que amo que dou minhas “escapadas”
nas estradas poeirentas, nas trilhas da mata fechada atrás de um sonho de
acampador. Nela quero voar com as aves, brincar com os insetos, subir em árvores
e num belo comando Crow atravessar um despenhadeiro sem medo de ser admoestado,
achinqualhado e até ameaçado de exclusão. Um dia um Grande Chefe da UEB sabendo
que desisti do meu cargo de Diretor de Curso da Insígnia de Madeira, me mandou
uma carta desaforada exigindo a devolução das contas, da minha IM do
certificado e do escambal. Escrevi de volta dizendo coisas e boas, que meu
escotismo não estava à venda, mora no meu coração e que ele sim é quem devia pedir
demissão. Não tive resposta, mas pus no correio as duas contas e o certificado
de nomeação de DCIM. As outras duas eram minhas, o lenço era meu e estes nunca
seriam motivos de barganha ou de exigências esdruxulas estrambólicas para um
amante do escotismo como eu.
- Não sou possuidor das ações escoteiras
que BP doou na sua filosofia para todos que quisessem seguir seus preceitos
baseados em sua Lei e Promessa. Não me bandeei para nenhuma associação. Ainda
guardo no meu baú do tempo o Escotismo da velha e boa UEB, hoje substituída por
uma Tal EB, cujos donos se bandeiam no poder, mudam como querem o que aprendi a
fazer, deixaram de lado meus ideais aventureiros, acabaram com meu amor da
Primeira Estrela, da Segunda, das Classes escoteiras tão duramente conquistadas
e até mesmo a velha e boa jornada alegando que os tempos são outros. Para alguns
é bem melhor facilitar, dar comidinha pronta ou feita por pais, esquecer o
sistema de patrulhas o aprender a fazer fazendo um dos princípios básicos do
Escotismo de BP. Ponto por ponto o mundo mudou. Nada é como antigamente. Dizem
os politicamente corretos que tudo pode ser feito, desde que obedecendo normas
e instruções e construindo uma nova filosofia que não é a mesma que aprendi.
Sei que muitos condenam os Antigos Escoteiros por dizerem que seu escotismo foi
melhor. É seu direito em dizer, pois ele lembra de tudo com saudade e com amor
e tem direito de assim dizer e fazer. Coração Escoteiro sim senhor!
Gosto do jeito que sou. Sou livre como um pássaro
ando como sempre andei como um Lobo que jamais esqueci. Piso ainda na
imaginação do passado andando com meu fação abrindo picadas nas matas da minha
cidade, saltando a cachoeira do Tenente, subindo na Mantiqueira, no Itatiaia,
no Ibituruna, na Serra do Caparaó e na Serra da Piedade. Engasgo ao lembrar das
noites de lua cheia na porta da minha barraca percorro as Grutas de Maquiné, da
Lapinha e de outras que no meu tempo eram inexploradas. Como bom patrulheiro
lembro do Velho Chico, no convés do Benjamim Guimaraes, às vezes ajudando na
lenha na fornalha e ver lá na margem do rio a meninada gritando: - Pai, Mãe! “Venham
ver são os escoteiros do Brasil”
Não tenho mais o folego de aventureiro. Orgulho-me
do meu passado, das mais de setecentas noites de acampamentos, das disputas de
nós escoteiros feitos no fundo da lagoa do Amoral. Amo meu distintivo da Patrulha
Lobo, do meu bastão, da minha faca mundial e da machadinha muito bem conservada
no talco Palermont. Foram eles amigos de todas as horas que me acompanharam por
muitos e muitos anos nos Acampamentos feitos no meu Brasil. Que mudem que façam
que se orgulhem, mas sou danadamente velho para mudar. Gosto de respeito, de um
escotismo alegre, fraterno e dando a cada um o direito de agir e pensar. No meu
escotismo não tem normas planos estratégicos, medidas proibitivas com punição e
nem tampouco processos judiciais que me dá asco só em pensar. No meu escotismo
só tem amor!
Não ligo para o que dizem de mim. Se é que
lembram quem eu sou ou fui. Morrerei sendo assim. Sei que fiz muitos amigos e
se inimigos tenho eu não tenho nenhum. Gritam, escrevem, afirmam que o mundo
mudou. O meu não, pois estou preso ao passado tentando viver o presente que não
é meu. Não aceito na minha consciência a tal modernidade, onde se vestem como
querem iludindo incautos que ainda não sabem o que pensam os que estão a sua
volta, alegando normas e vendo exemplos dos donos do poder como se vestir sem
garbo e apresentação faz parte da nova ordem criada por eles e não por BP. Meu
velho Grupo São Jorge sumiu e o meu querido Chefe João Soldado está hoje
escoteirando em sua estrela no céu. Logo estarei com ele, sorrindo ao lado do
Romildo, do Rael, do Tãozinho, do Chiquinho, do Darcy e do Helinho com aquele
seu sorriso que a todos encantou. São Lobeanos como eu. Viveram o sonho
escoteiro, o sonho sênior e um pouco pioneiro.
Disseram que eu devia fazer o escotismo independente,
buscar nos sonhos rebuscados de preto e branco o que não tenho mais. Não... Sou
da UEB das antigas, do velho Guia do Escoteiro, do Para ser Escoteiro e dos
livros do Fundador. Não esqueço o Escoteiro Chefe, com seu sorriso, sua
malandragem em conseguir apoio, sentado na sala de jantar da minha humilde residência,
comendo comida caseira e dizendo: - Célia, manjar do Deuses querida Akelá! E
vou encerrando essa jornada nas asas do tempo e da minha imaginação. Não
escrevi para explicar e nem para confundir, escrevi o que penso e se estou desatualizado
minha mente diz o contrário, por isso escrevo artigos histórias e lendas presas
no tempo do meu passado. Portanto meu amigo se arriscou entrar em minhas
páginas, este sou eu. Será sempre bem vindo e se algum dia resolver sair será
sempre meu irmão escoteiro. Despeço-me agradecendo pela sua compreensão. Fraternos
abraços e Sempre Alerta para Servir!