segunda-feira, 16 de dezembro de 2019




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Ser meu amigo no Facebook é fácil, difícil é continuar!

- Hoje escrevo para você que entrou em meu mundo Escoteiro através das minhas páginas. Você que solicitou um pedido de amizade e foi atendido prontamente. Não quero que você se iluda e se engane. Sabe por quê? Porque defendo minhas ideias, meus pensamentos e no que acredito de coração o que seja escotismo. Sou daqueles velhos Matusalém, achando que o Escotismo não tem segredos. Não tem mesmo desde que seja a velha ordem de BP dizendo que é no campo que se torna um escoteiro. Fiz coisas do arco da velha na minha vivência escoteira, fui amado, por alguns odiado por outros e desacreditado na minha ordem feita em um passado que sempre amei. Alguns chegam às minhas páginas leem e desconfiam das minhas ideias e se vão. Não tenho a presença dos famosos antigos escoteiros heróis de ontem e de hoje em seus estados pelo que fizeram. Alguns nem me dão bom dia... Salvo uns poucos que ainda me dedicam estima respeito e consideração e acham que estou contribuindo para um escotismo melhor. (para eles tiro meu chapéu!).

- Muitos assustam quando descobrem que não tenho registro na EB. Não tenho há alguns anos. Quero voar, quero sair por aí nem que seja nas asas da imaginação, sem autorização, sem medo de ser feliz por fazer o que gosto de fazer, pois é no escotismo que amo que dou minhas “escapadas” nas estradas poeirentas, nas trilhas da mata fechada atrás de um sonho de acampador. Nela quero voar com as aves, brincar com os insetos, subir em árvores e num belo comando Crow atravessar um despenhadeiro sem medo de ser admoestado, achinqualhado e até ameaçado de exclusão. Um dia um Grande Chefe da UEB sabendo que desisti do meu cargo de Diretor de Curso da Insígnia de Madeira, me mandou uma carta desaforada exigindo a devolução das contas, da minha IM do certificado e do escambal. Escrevi de volta dizendo coisas e boas, que meu escotismo não estava à venda, mora no meu coração e que ele sim é quem devia pedir demissão. Não tive resposta, mas pus no correio as duas contas e o certificado de nomeação de DCIM. As outras duas eram minhas, o lenço era meu e estes nunca seriam motivos de barganha ou de exigências esdruxulas estrambólicas para um amante do escotismo como eu.

- Não sou possuidor das ações escoteiras que BP doou na sua filosofia para todos que quisessem seguir seus preceitos baseados em sua Lei e Promessa. Não me bandeei para nenhuma associação. Ainda guardo no meu baú do tempo o Escotismo da velha e boa UEB, hoje substituída por uma Tal EB, cujos donos se bandeiam no poder, mudam como querem o que aprendi a fazer, deixaram de lado meus ideais aventureiros, acabaram com meu amor da Primeira Estrela, da Segunda, das Classes escoteiras tão duramente conquistadas e até mesmo a velha e boa jornada alegando que os tempos são outros. Para alguns é bem melhor facilitar, dar comidinha pronta ou feita por pais, esquecer o sistema de patrulhas o aprender a fazer fazendo um dos princípios básicos do Escotismo de BP. Ponto por ponto o mundo mudou. Nada é como antigamente. Dizem os politicamente corretos que tudo pode ser feito, desde que obedecendo normas e instruções e construindo uma nova filosofia que não é a mesma que aprendi. Sei que muitos condenam os Antigos Escoteiros por dizerem que seu escotismo foi melhor. É seu direito em dizer, pois ele lembra de tudo com saudade e com amor e tem direito de assim dizer e fazer. Coração Escoteiro sim senhor!

Gosto do jeito que sou. Sou livre como um pássaro ando como sempre andei como um Lobo que jamais esqueci. Piso ainda na imaginação do passado andando com meu fação abrindo picadas nas matas da minha cidade, saltando a cachoeira do Tenente, subindo na Mantiqueira, no Itatiaia, no Ibituruna, na Serra do Caparaó e na Serra da Piedade. Engasgo ao lembrar das noites de lua cheia na porta da minha barraca percorro as Grutas de Maquiné, da Lapinha e de outras que no meu tempo eram inexploradas. Como bom patrulheiro lembro do Velho Chico, no convés do Benjamim Guimaraes, às vezes ajudando na lenha na fornalha e ver lá na margem do rio a meninada gritando: - Pai, Mãe! “Venham ver são os escoteiros do Brasil”

Não tenho mais o folego de aventureiro. Orgulho-me do meu passado, das mais de setecentas noites de acampamentos, das disputas de nós escoteiros feitos no fundo da lagoa do Amoral. Amo meu distintivo da Patrulha Lobo, do meu bastão, da minha faca mundial e da machadinha muito bem conservada no talco Palermont. Foram eles amigos de todas as horas que me acompanharam por muitos e muitos anos nos Acampamentos feitos no meu Brasil. Que mudem que façam que se orgulhem, mas sou danadamente velho para mudar. Gosto de respeito, de um escotismo alegre, fraterno e dando a cada um o direito de agir e pensar. No meu escotismo não tem normas planos estratégicos, medidas proibitivas com punição e nem tampouco processos judiciais que me dá asco só em pensar. No meu escotismo só tem amor!

Não ligo para o que dizem de mim. Se é que lembram quem eu sou ou fui. Morrerei sendo assim. Sei que fiz muitos amigos e se inimigos tenho eu não tenho nenhum. Gritam, escrevem, afirmam que o mundo mudou. O meu não, pois estou preso ao passado tentando viver o presente que não é meu. Não aceito na minha consciência a tal modernidade, onde se vestem como querem iludindo incautos que ainda não sabem o que pensam os que estão a sua volta, alegando normas e vendo exemplos dos donos do poder como se vestir sem garbo e apresentação faz parte da nova ordem criada por eles e não por BP. Meu velho Grupo São Jorge sumiu e o meu querido Chefe João Soldado está hoje escoteirando em sua estrela no céu. Logo estarei com ele, sorrindo ao lado do Romildo, do Rael, do Tãozinho, do Chiquinho, do Darcy e do Helinho com aquele seu sorriso que a todos encantou. São Lobeanos como eu. Viveram o sonho escoteiro, o sonho sênior e um pouco pioneiro.   

Disseram que eu devia fazer o escotismo independente, buscar nos sonhos rebuscados de preto e branco o que não tenho mais. Não... Sou da UEB das antigas, do velho Guia do Escoteiro, do Para ser Escoteiro e dos livros do Fundador. Não esqueço o Escoteiro Chefe, com seu sorriso, sua malandragem em conseguir apoio, sentado na sala de jantar da minha humilde residência, comendo comida caseira e dizendo: - Célia, manjar do Deuses querida Akelá! E vou encerrando essa jornada nas asas do tempo e da minha imaginação. Não escrevi para explicar e nem para confundir, escrevi o que penso e se estou desatualizado minha mente diz o contrário, por isso escrevo artigos histórias e lendas presas no tempo do meu passado. Portanto meu amigo se arriscou entrar em minhas páginas, este sou eu. Será sempre bem vindo e se algum dia resolver sair será sempre meu irmão escoteiro. Despeço-me agradecendo pela sua compreensão. Fraternos abraços e Sempre Alerta para Servir!