Quem quiser vencer na vida tem que fazer como
os sábios, mesmo com a alma partida ter um sorriso nos lábios!
Conversa ao pé do fogo IX
Aprender a fazer fazendo Sistema de
Patrulhas.
O método escoteiro é único e foi copiado por muitos, principalmente
organizações educacionais e até setores de áreas comerciais e industriais. BP
foi realmente benfazejo em suas ideias. Ele sempre enfatizou que nós chefes
escoteiros, devemos fazer de tudo para que os monitores conduzam a própria
patrulha sua moda. Quando um escotista está sempre olhando se preocupando, não
deixando que eles façam sempre para aprender, é um erro e foge completamente do
mais puro e mais correto método do Aprender a Fazer Fazendo. Aprender a fazer
fazendo. Tão simples e muitas vezes esquecido. Hoje as escolas, organizações e
até universidades estão fazendo isso e estão tirando proveito, mais que nós
escotistas cujo fundador foi o idealizador do método. E ainda tem alguns
educadores que nos chamam de um movimento atrasado e ineficaz. Afinal existe
maneira melhor para aprender? Errar quantas vezes for até fazer o certo?
Existem diversas maneiras para fazermos isto. Primeiro, dando a eles toda a
liberdade para programar o programa, ficando a cargo da chefia somente
elementos surpresas e condições físicas e ambientais. Outro dia, comentava com
um jovem sênior, sobre o programa da tropa, e ele me dizia que a chefia fazia
tudo. Perguntei se ele não opinava e me disse que não, pois assim havia
surpresa no programa. Finalizei perguntando se no ano anterior quantos entraram
e quantos tinham saído? Sua resposta – Somos somente quatro. Os demais saíram e
ninguém entrou. Aí veio a realidade. Ali nunca foi dada aos seniores a
liberdade de aprender a fazer fazendo. Tanto fizeram para eles que resolveram
sair.
Uma guia me respondeu que nunca pensaram em fazer nada. O chefe fazia tudo,
assim ficava mais fácil. Elas não tinham de se esforçar, havia sempre um ar de
mistério e todos gostavam. Perguntei como sempre, - Quantos vocês eram no ano
passado? O mesmo número de hoje, somos seis, claro, saíram quatro e entraram
quatro. Não perdemos nada! Como não existem bons programas que despertaram seus
interesses e os mantenham na ativa, ficam sempre comentando, programando, e
contando os dias de alguma atividade regional ou nacional. Não tiveram outra em
suas tropas que marcaram e pedem bis. Ali nessas atividades eles se realizam,
não pelo programa em si, mais pela amizade e fraternidade. Ali nada farão a não
ser divertir. Tudo já está pronto, até as refeições. A Direção programou tudo.
Desde a chegada ao término. Tudo feito de antemão. Eles serão um Bon vivant. Ou
seja, “Comemos e bebemos, a Deus agradecemos”.
Sempre em toda minha vida escoteira, tentei mostrar as vantagens de deixar os
jovens fazer. Seja seu crescimento individual, sua evolução técnica, e lembrava
que todos, escoteiros e escoteiras tinham e tem em seus bairros amigos de
infância, que se encontravam sempre, faziam seu próprio programa e ficavam
eternamente juntos. Nenhum deles jamais reclamou do programa que planejaram ou
fizeram. Em recente artigo comentei sobre o programa da tropa. A patrulha tem
condições para fazê-lo. Muito mesmo. Claro, não todo ele, mas boa parte sim. E
alguns até me disseram que o programa seria ruim, e eles poderiam não gostar.
Mas você já tentou? Pelo menos tentou? Agora não é somente em uma ou duas
reuniões que você vai conseguir motivá-los. Isso é como se fosse uma pescaria.
Tem de escolher a isca, a vara e o local onde vai pescar.
Pela experiência de observador vi que os jovens que fazem seu próprio programa,
ficam mais tempo no escotismo. Facilitam sobremaneira o desenvolvimento de uma
atividade, onde a técnica e o conhecimento adquirido é desenvolvido de maneira
impar. Se você usa bem a Corte de Honra, se sua tropa faz semanalmente um
Conselho de Patrulha e se você tem sua patrulha de monitores bem formada, você
sabe como é. Sucesso na certa. É comum encontrarmos escotistas
construindo pioneirias e os jovens formados em circulo olhando ou dando
ferramenta ou madeirame. Ele esqueceu que já é formado na escola da vida e não
é essa a maneira certa de praticar o sistema de patrulhas. Ficar mostrando que
sabe fazer ou é um mestre mateiro, não é o caminho. Inclusive um me disse que
assim é melhor, pois os escoteiros podem ver como fazer e aprender no futuro.
Não pegou nada.
Por
experiência própria, as tropas que atuam dentro do método, tem melhor
desenvolvimento e se orgulham do que fizeram. Observe a alegria de uma patrulha
que fez uma mesa mesmo que torta e quase caindo e outra olhando o chefe fazer.
A arte de aprender fazendo também se aplica ao programa da tropa. Muitos chefes
alegam que eles não entendem, não sabem como fazer, e acha que tudo vai dar
errado com muitos meninos saindo por esse motivo. Temos que acreditar. É nossa
obrigação. Já vi excelentes tropas, que se formam maravilhosamente, perfilam
feito soldadinhos, cantam como passarinhos, jogam de maneira espetacular as
atividades próprias, enfim quem não conhece o método escoteiro diria que é uma
tropa modelo. Por outro lado já vi tropas usando o método correto, aprendendo a
fazer fazendo que se saíram muito bem em tudo àquilo que é exigido deles. Agora
com mais sabor, eles fizeram.
Esqueçam o “Não vai dar – É impossível – Eles não sabe escolher e programar”
isso não é verdade. Claro não é de um dia para outro que o chefe terá os
resultados esperados. Aprender a pescar demora. Talvez o chefe que ainda não
conseguiu não deu a isca certa.
É
preciso lembrar que nosso movimento tem características próprias. Colocar
jovens em forma, marchar, perfilar, saudar, gritar e cantar qualquer um com boa
postura e voz de comando consegue. Mas esse não é o chefe que esperamos ter. O
chefe que precisamos é aquele calmo, que fala pouco, que confia é um irmão mais
velho, um aconselhador, tutor, não o dono de tudo. E ainda tem aqueles que
dizem – Esta é minha tropa, esta é minha patrulha, este é meu monitor, esta é
minha escoteira. Caramba comprou tudo? Experimente. Dê um prazo para você e
para eles. Com o tempo irá se surpreender. Se mostrar aos monitores onde devem
chegar, eles chegarão lá sem sombra de duvida. Confiar faz parte do método.
Quem ensina e adestra é o monitor. Você sim é o monitor dos seus monitores.
Sistemas de Patrulhas.
Falar aqui sobre o Sistema
de Patrulhas é como falar para o presidente de um banco e ensiná-lo como ganhar
dinheiro. Nem pensar. Impossível imaginar que alguém no escotismo não saiba o
que significa. Mas vejamos, será que
todo tem consciência da importância de uma patrulha completa na tropa? Por anos
e anos com os mesmos patrulheiros? Seja masculina ou feminina? Ou mesmo em
matilhas na Alcatéia? Como manter a unidade?
Quando fiz meus
primeiros cursos no inicio da década de 60, senti na pele o que era conhecer e
manter a unidade na patrulha. Vi a diferença do que vivi em uma Patrulha quando
jovem e com desconhecidos pela primeira vez. Em um dos cursos ficamos oito dias
juntos acampados. Interessante, no primeiro dia todos com um cavalheirismo e
com uma cortesia sem par. – Ei! Deixa para mim, eu faço. Quem? Claro pode
contar comigo, serei o lavador de panelas. Claro irei correndo buscar na
intendência! Lenha? Sou perito. Lavar roupa de todos? Sem problema, minha mãe
me ensinou. Todos rindo. Todos os irmãos. Beleza! Como dizem os jovens hoje.
Três dias depois começávamos
a nos conhecer. Cada um com seu dom de analista, dom que todos possuem, analisavam
agora tudo diferente. O numero um, um preguiçoso. O numero dois um mandão. O
numero três um dorminhoco. O numero quatro um bobão. O numero cinco o puxa-saco
da chefia. O numero seis metido a sabe tudo. O numero sete sempre dizendo que
doía aqui e ali. Só eu era perfeito! E assim o curso prosseguia. Aquela amizade
inicial ia se desmoronando. Mas no sexto dia, tudo mudava, sentíamos diferente.
Mais humanos mais escoteiros. Já admirávamos a todos pela sua maneira de ser.
Uma união se formava. Aprendemos a respeitar a individualidade do outro.
E no último dia, este era
especial. Um amor enorme na Patrulha. Um orgulho de ser um Touro, ou um
Morcego, ou um Lobo, enfim, uma união que achamos que ia durar para sempre. Foi
assim que vi de forma diferente, o meu tempo de patrulheiro. Diferente porque
fazíamos escotismo todos os dias, estávamos sempre juntos, decidíamos na casa
de um e outro. Claro que a sede era o ponto de encontro.
Atuando em Grupos
Escoteiros, vi que muitas vezes os jovens eram advindos de comunidades
diferentes. Normas de condutas diferentes. Formação individual diferente. Não
se conheciam. Claro, aquelas características em que vi no curso deviam existir
entre eles e acredito que de forma diferente também faziam suas análises. E
infelizmente por falta de atenção da chefia abandonavam a tropa. Encontrei
algumas patrulhas que davam pena. Serviam apenas para jogos, para alegria do
chefe em ver um grito de patrulha e a sua satisfação em receber uma
apresentação dos meninos.
Patrulha? Não. Nenhuma
delas tinham entre si jovens que permaneceram por muitos anos. Contava-se a
dedo aqueles que participaram de vários acampamentos na mesma patrulha. E
tropas novas? Sempre desmanchando as patrulhas para formar outras. Jogos? Os
touros tem três? Tira dois da lobo. Por quê? Por quê? Para que viviam em uma
patrulha? Para serem jogados aqui e ali? Melhor sair da tropa. O programa na
minha rua é melhor. Lá meus amigos me respeitam.
- Olhem, dizia o chefe.
Sábado como sabem iremos para um acampamento. Como a Lobo e Pantera estão com
poucos elementos (elementos? Pensei que eram escoteiros) vamos dar uma mexida e
tirar uns daqui, outros dali e assim teremos três patrulhas completas! –
Formidável! Perfeito! Encontrou o ovo de Colombo! Um novo BP! Um sistema de
patrulhas que devíamos orgulhar!
Porque não analisar a
saída de alguns, o motivo, ouvir o próprio jovem ou a jovem, e ver onde está o
erro? Dele? Dela? Seu? Do monitor? Reuniões ruins? Você já foi a casa deles e
procurou saber os motivos reais? – Meu
jovem, o que houve? Qual o motivo? Depois, sim depois mudar se necessário. Claro,
você está ali para eles não para sua satisfação pessoal. Eu digo sempre. Tropa
com patrulhas de três ou quatro significa que não estão gostando. Pode ser
também culpa dos Monitores apesar de que seu treinamento e formação cabe ao
chefe. Sempre achei que é melhor prevenir que remediar. Enfim, uma série de
fatores que só mesmo os dirigentes da tropa podem saber e analisar.
Se isso acontece com você
é hora de mudar. Mudar rápido. Como? Ponha seus conhecimentos a funcionar. Você
não fez cursos? Não tem uma biblioteca escoteira em sua casa? E afinal não
conhece um bom assessor que possa lhe ajudar?
Mas desculpem, estou falando para poucos. A grande maioria dos que me
lêem sabem como fazer e fazem certo. Acreditem, não tenho a última palavra,
sempre digo e afirmo e repito o que BP disse – Os resultados é que são
importantes e se o que está fazendo faz com que sua sessão ande sempre
completa, que os jovens estão ficando por mais de dois anos então parabéns.
Você está no caminho certo.
Para vencer na vida
não é importante chegar em primeiro. Simplesmente é preciso chegar, levantando
a cada vez que cair pelo caminho.