Aproveitamos nossos parcos
conhecimentos para tentar colaborar com os novos escotistas que estão se
iniciando na difícil tarefa de conduzir uma tropa Escoteira. Acredito que
aqueles mais antigos esses dois artigos, Acampamentos e Sistema de Patrulhas
pode ter muitos itens que conhecem. Aos novos, desejo uma feliz chefia de
tropa. Lembrem-se, só os resultados dirão se vocês acertaram ou não.
Meu abraço fraternal e meu Sempre
Alerta
Cem homens podem formar um acampamento, mas é preciso uma mulher para se
fazer um lar.
Conversa ao pé do fogo.
Acampar, um sonho
escoteiro.
Parte I
Falamos muito em
acampamentos. Claro escotismo sem ele está fora da realidade. Quando os jovens
ficam sabendo que no programa anual vão ter vários acampamentos eles vibram.
Eles adoram. Entraram no escotismo por causa deles. Mas se o último acampamento
que foram decepcionou e não conseguiu despertar neles o sonho aventureiro, aí
meu amigo é preciso consertar e já. Ou então é melhor não ir mais. Não adianta
o melhor Fogo de Conselho do Mundo. Pode dar a eles o que quiserem, mas
lembre-se você não pode falhar. Você Escotista é responsável para que os sonhos
deles se tornem realidade. Quando você deu a eles as delicias de uma vida
mateira, quando deixou que eles fizessem a fazer fazendo sem sua ajuda, quando o
tempo foi bem distribuído e ele pode vivenciar o que disseram para ele antes de
ir, então, e então o sucesso é garantido e absoluto.
Costumo dizer que existem
acampamentos e acampamentos. Vejamos o que o Google diz sobre ele – “Acampamento (do inglês, camping) é um local onde se estabelecem barracas ou
tendas, geralmente com a proximidade à natureza onde toda a infraestrutura é
levada pelos campistas, tal prática é conhecida por campismo”. - Mas será isto
mesmo? É isto que os escoteiros fazem? Não, não é. Isto aí é Camping.
Escoteiros acampam e não fazem camping. Eu costumo dizer que a preparação e a
organização é a “alma do negocio”. Se a preparação foi perfeita e a organização
idem então o sucesso será garantido. Não pretendo ensinar aos chefes escoteiros
que leem este artigo. Sei que a maioria sabe melhor que eu como fazer. Seria
presunção dizer que mudem e façam o que eu digo. Nada disto. Aqui simplesmente
dou sugestões para os mais novos. Eles sim precisam de colaboração.
Vamos dentro do possível
especificar alguns detalhes importantes. Antes de qualquer coisa estamos aqui
falando em acampamentos escoteiros dentro dos padrões de Giwell. Todos sabem
que Giwell é o centro de adestramento escoteiro no mundo. Quando dizemos a moda
Gilwell é que ali se pratica conforme Baden Pawell especificou e fez no seu primeiro
acampamento em Browsea. No mundo inteiro os acampamentos são realizados com os
padrões de Giwell Park. A liberdade da Patrulha é absoluta. Cada uma tem seu campo de Patrulha pelo menos a quarenta
metros de distancia uma da outra. É como se fosse uma casa, um lar da Patrulha.
Estranhos só entram se convidados ou se ao pedir permissão são autorizados. A
Patrulha tem seu próprio material de campo, sua intendência e dentro do
possível farão as pioneiras necessárias para que a comodidade, a higiene e o
conforto possa dar o conforto que se espera em uma Patrulha.
Importante é a escolha
do local. Hoje nem sempre encontramos nas cidades maiores bons locais. Tenho
visto em algumas cidades locais que alugam. Quem diria. Mas não é difícil
conseguir bons locais e de graça. Coloque um uniforme, chame um ou dois chefes
e tentem aos domingos passear em estradas secundárias. Conversem com os nativos
sobre o que estão procurando. Encontrando procurem o proprietário. Digam o que
é o escotismo. Peçam autorização. Lembrem-se que não vão acampar ali somente
uma vez. Assim o proprietário deve sempre ser convidado para uma bandeira e
quem sabe entregar a ele um lenço do grupo em solenidade especial. Eu disse
entregar e não promessar. Conheço chefes que em São Paulo tem sempre a mão
quatro ou cinco bons locais. Um telefonema a cada dois meses para manter a
amizade, um parabéns de aniversário, um convite para uma pizza e você vai ter a
amizade do proprietário para sempre.
Se quiseres criar o
espírito de aventura nos escoteiros o local não deve nunca ser perto de
residências, postes de luz nada que mostre ou lembre-se da civilização. Até os
veículos que irão transportar devem
ficar distantes das patrulhas. Entretanto, costumo sempre dizer que - Quem vai ao mar avia-se em terra; Você vai acampar. Nada pode faltar.
Chefes Pata Tenras são aqueles que ficam saindo do campo toda hora para buscar
o que esqueceram ou o que faltaram. Um dos princípios básicos de um bom
acampamento é que a Patrulha tenha todo o seu material necessário. Barracas,
vasilhame, material de sapa tudo muito bem acondicionado em um saco, que a
própria Patrulha pode fazer. Estes sacos tem em suas laterais alças para que
com dois bastões quatro ou dois escoteiros possam transportá-los a longa
distancia (se for o caso).
Eu sempre digo que se a
tropa não foi preparada com antecedência para o acampamento tem tudo para dar
errado. Claro, a não ser patrulhas que acampam juntas há anos e tem grande
experiência de campo. Nenhuma Patrulha terá êxito se não tiver um bom
almoxarife, um bom intendente, um bom aguadeiro, um bom socorrista, um bom cozinheiro e claro um bom Monitor. Monitor
que faz tudo não tem Patrulha. Tem ele. Vai sempre reclamar de todo mundo. Se
não confia nos seus patrulheiros é porque não os adestrou bem e então a falha é
sua. Duas boas excursões em dois domingos com programa simples de aprender a
armar barracas (olhos vendados), uso e como transportar a machadinha, o facão,
aprender a usar o sisal, aprender pelo
menos cinco nós básicos, uma amarra, uma costura de arremate e saber montar
pioneiras simples trarão o sucesso esperado. Claro, primeiro só com Monitores e
subs. Depois com a tropa liderada pelo Monitor. Aí sim todos estarão preparados
para um excelente acampamento.
O Almoxarife deve conhecer
seu material, ter uma relação e ninguém seja na sede ou no campo apanha algum
sem falar com ele. Não esqueçam, ninguém anda sozinho no campo. Sempre em
dupla, com o Monitor ciente aonde vão e em distancias curtas. Duas semanas
antes do campo o material deve ser revisado e se o Almoxarife for bom às
barracas já foram uma vez por mês colocadas ao sol para não mofar. Claro que
as ferramentas de corte foram afiadas e
bem oleadas para não enferrujarem. É importante que o tempo no campo para
desenvolver o programa não deva ser corrido. Só de estar lá, na sua Patrulha,
lutando lado a lado, construindo, rindo, calos nas mãos, sol quente e dando
bravo quando a refeição está pronta já valeu o acampamento. Jogos, atividades
técnicas como comando Crow, Falsa Baiana entre outros devem ser feitas pelas
patrulhas e nunca pelo Chefe.
E o Chefe? Claro, sem ele
não haveria o acampamento. Foi ele quem adestrou os Monitores, ouviu suas
ideias, fez um cardápio simples (nada de nutricionista) são escoteiros e
cozinheiros com simplicidade. Em noventa e nove por cento das residências dos
escoteiros não existem nutricionistas para elaborarem os cardápios do dia. Se
no campo é a extensão de suas casas que seja tudo muito simples, mas que seja
uma alimentação forte. O Chefe juntamente com dois ou três pais são responsáveis
pela lista de supermercado. É comum no campo da chefia (ela tem campo separado)
ter uma barraca de intendência e se o acampamento for longo, um dos chefes será
o intendente geral. Ele separa o cardápio do dia por Patrulha, chama os
intendentes na hora determinada para dar inicio as refeições. Cuidados não só
na Patrulha como na intendência geral com chuvas, animais peçonhentos, insetos,
bichos que costumam invadir.
É um tema longo. Não dá
para em um só post falar dele no total. Vejam abaixo parte II. Precisamos de bons acampamentos
para que nossos jovens mais e mais pratiquem um escotismo sadio e dentro dos
princípios e métodos que Baden Powell nos deixou. Se o Chefe Escoteiro tem
noção de como se faz e como se age no acampamento é claro que ele estará no caminho
para o sucesso. Uma Patrulha é autônoma. Ela não é dependente. É uma equipe.
Cada um deve agir como diziam os três mosqueteiros, “Um por todos, todos por
um”. O Chefe deve dar liberdade. Lembrar-se que o campo de Patrulha é a casa
deles e ele como bom orientador só vai lá quando chamado ou claro em casos
especiais.
Quem já viveu a experiência
em um acampamento do porte dos que são feitos em Giwell já tem meio caminho
andado. Estamos aqui para formar cidadãos. Compenetrados no desenvolvimento da
ética e do caráter. E dar a eles todas as condições para aprender a fazer
fazendo. Só assim estaremos cumprindo nosso dever de escotistas. Se
conseguirmos manter uma tropa por alguns anos sem evasão ou reclamações
estaremos é claro no caminho certo para o sucesso. Eles estão aprendendo a agir
sem os pais. Estão dando o primeiro passo para um dia, quando crescerem saber
qual o caminho que irão tomar. A eles serão lembrados do livre arbítrio, mas se
eles conseguirem fazer as escolhas certas então podemos nos considerar
vencedores.
Conversa ao pé do fogo.
Acampar, um sonho
escoteiro.
Parte II
Já
comentamos que um acampamento requer uma
preparação e uma organização perfeita. Considero e repito que isto é a “alma do
negocio”. Se ele for feito como o jovem esperava vai trazer sem dúvida nenhuma
sua permanência por mais tempo no escotismo. Vocês já devem ter visto um
desenho onde se diz que – “ele esperava isto, e encontrou aquilo”. Ele sonhava
com atividades mateiras, escadas de cordas, barracas em cima de árvores,
construir pontes, transmitir por bandeirolas, aprender sinais de fumaça, nós,
pistas de animais e tantas outras técnicas mateiras. Mas encontrou ao
contrário, um Chefe falando, falando e falando. Ou quem sabe um Chefe apitando,
um Monitor mandão, uma Patrulha desanimada, o Chefe fazendo uma atividade com
um por um e ele cochilando na Patrulha esperando a sua vez. Ele vai voltar? Não
vai. Era isto que esperava? Não era.
Lembramos que por melhor programa
que se faça sem um bom Monitor nada vai dar certo. Só com um bom Monitor
pode-se atingir a perfeição do Sistema de Patrulhas e sem isto o acampamento
será um amontoado de corre, corre sem saber aonde se vai sem rumos definidos.
Acredito que todos que me leem conhecem bem o Sistema de Patrulhas ou já leram
sobre isto. Admiro muito o que o Chefe Escoteiro E. E. Reynolds escreveu. Ele
foi perfeito em seu livro Aplicando o
Sistema de Patrulhas (se você não leu e gostaria de ler, eu tenho em PDF, é só
pedir por e-mail). No livro ele descreve pormenores interessantes sobre o tema.
Pensando que você já tem Monitores bem preparados, patrulhas adestradas antes
do acampamento, um bom material para as patrulhas e para você mesmo, um bom
local já escolhido previamente e devidamente autorizado, não haverá duvidas, o
acampamento será perfeito.
Não é fácil montar um
acampamento. Na parte I comentamos sobre muitos temas. Eu sinceramente não
gosto de acampamentos só para ricos ou que o grupo assuma com todas as
despesas. Nem mesmo para uma meia dúzia. Nada deve ser dado de graça. Tem que
haver uma taxa, a menor possível. O jovem ou a Jovem devem aprender desde cedo
que a vida não é um mar de rosas e nem tampouco que sempre haverá alguém para
auxiliá-lo. Assim é importante que ele consiga por meios honestos pagar parte
de suas despesas no escotismo. Para que as despesas do acampamento não sejam
altas existem inúmeras possibilidades:
a) Uma taxa de todos para cobrir as despesas, tais
como – transporte, alimentação e outros. Esta é a maneira usual. É caro isto.
Depende do Grupo Escoteiro e se os membros têm condições de pagar. Vejamos como
diminuir um pouco esta taxa.
b) Uma comissão de três ou quatro escoteiros
acompanhados de um Chefe ou pai para tentar junto à prefeitura, órgãos
militares, empresas de ônibus e visando conseguir transporte gratuito. Sei que
se estiverem bem uniformizados e treinados no que falar o sucesso é garantido.
c) Uma reunião de pais dos jovens da tropa
(acredito que o seu grupo “amarrou” os pais desde a entrada do seu filho ao
grupo) para discutir o assunto. Se houver um trabalho em equipe com eles, podem
surgir ideias de algum supermercado que possa colaborar ou mesmo dar um bom
desconto. Assim a alimentação não ficará cara. Note-se que o cardápio foi
simples. Como se diz na gíria, “o arroz com feijão feito em casa”.
Não esquecer que é preciso cumprir certas normas portando ler a parte de
Acampamentos no POR é importante. Fugir delas e acontecer algum acidente podem
complicar a vida do Chefe, do grupo e o nome do escotismo na comunidade. Alerto
principalmente para o banho em lagoas, rios, mar e represas. Não esquecer
principalmente a autorização por escrito dos pais. Tudo feito, tudo nos
“conformes” estamos já no campo aonde iremos junto às patrulhas passar por bons
momentos acampando. Na chegada é hora de escolher os campos de patrulhas.
Importante que desde a saída da sede até o retorno a disciplina é cobrada a
todo instante e sempre através dos Monitores. Aprenda a se dirigir a eles
sempre. A escolha dos campos de Patrulha pode ser feita pelos Monitores ou
mesmo com a Patrulha unida. Claro, não se esquecer de orientar quanto às
probabilidades de tempestades, galhos caindo, terrenos encharcados ou mesmo
enchentes/surpresas que é muito comum em córregos ou riachos.
Escolhido o campo de
cada Patrulha é hora da montagem do campo. O tempo para isto vai depender muito
do horário de chegada. Não esquecer, o Chefe também tem campo em separado e
nele fará suas pioneiras tais como fogão suspenso (ele cozinha para sí e só em
casos especiais ele aceita o convite das patrulhas). A escolha de seu campo se
possível deve ter uma visão de todo os campos de patrulhas. As patrulhas já
sabem que irão fazer um fogão suspenso com toldo, um lenheiro, uma mesa com
bancos para todos e claro com toldo, armar as barracas levando em consideração
o vento e o terreno, fossas e claro um pequeno WC afastado do campo pelo menos
trinta metros. Claro que é possível não terminar no primeiro dia, mas teremos o
segundo e o terceiro. Conheci patrulhas que faziam tudo isto em acampamentos de
fins de semana. Torno a repetir, sem um bom cozinheiro, sem um bom almoxarife,
sem um bom aguadeiro, intendente ou construtor de pioneiras e uma perfeita
sincronização da equipe o acampamento pode deixar a desejar. Monitor? Sem
comentários. A peça principal.
O programa do
acampamento deve ser flexível. É preciso que as patrulhas se conheçam. Deixe-as
trabalharem. Evite o máximo ir ao campo delas, pois se não ficarão sempre
dependentes do Chefe. Problemas se houver o Monitor vem até ao campo da chefia
e se necessário o Chefe chama o Escoteiro ou a Patrulha toda para uma Conversa
ao Pé do fogo ali no campo da chefia. Eu costumava ter em frente a minha
barraca um local para fogo, com pedras em volta e pequenos troncos já caídos
para servirem de bancos. Era o local para fazer as reuniões de Corte de Honra,
Conversa ao pé do fogo etc. Cuidado para não ser severo demais. Eles foram acampar
pensando que seria bom e não tire isto deles. Lembrar-se que uma conversa
individual é ouvir e saber aconselhar. Por favor, não faça ameaças. Ele não foi
ali para ser ameaçado. Você é mais "Velho" que ele e sabendo entender
tudo se resolve. O Monitor pode estar
junto ou não. Vai depender do assunto.
Eu costumo dizer que o
acampamento é realizado sem horários apertados. Muitas vezes se necessário se
altera para que eles possam aprender a fazer fazendo, tentar sempre até fazer o
certo e para isto deixar que eles explorem as amizades, o campo o que fazer e
como fazer. Nestes casos chamamos de atividades de Tempo Livre. Por partes
poderíamos dizer que o tempo seria:
- Tempo livre – Horários para preparar
refeições e limpeza ao terminar. Pelo menos três horas e meia.
- Horários para atividades pela manhã e a tarde
– Jogos ou excursões a pequenas distancia com metas programadas. Jogos
noturnos. Pelo menos sete horas e meia de sono – Alvorada bem cedo – se
possível educação física (só quinze ou vinte minutos) – após pelo menos três
horas para a refeição matinal --
Preparar campo para inspeção, horário de bandeira, avisos etc. Todo o programa
do dia seguinte é discutido na véspera em Corte de Honra.
Na última parte iremos
detalhar como é feito a inspeção de Giwell, Conversas ao Pé do fogo, Corte de
Honra, jornadas e o Fogo de Conselho. Iremos dar ideias para um fogo só da
tropa. Este sim deve marcar sempre. Tudo irá dar certo e repito só dará certo
se você se preparou antes. A máxima de “se vai para o mar, avie-te em terra”
não deve ser esquecida. Lembre-se sempre, deixe que eles vivam a natureza, que
“se virem” sozinhos em Patrulha. Você ir lá não ajuda e só atrapalha. Na minha
humilde opinião aconselhe os pais para não visitarem o acampamento. Eles ali
não são bem vindos. Um dia quem sabe será feito um acampamento com esta
finalidade, mas isto esporadicamente. Já vi casos de jovens chorando querendo
voltar para casa. O pior é que isto, um pequeno fato pode levar todo o sucesso
que se esperava jogado por terra. Cuidado com celulares ou outros. O Escoteiro
foi acampar para viver a vida de um aventureiro, um mateiro, a aprender a viver
em equipe junto à natureza. Alguns trabalhando e outros conversando em seus
aparelhos não são bons exemplos. Basta um ou dois com a chefia e mais nada.
Conversa ao pé do fogo.
Acampar, um sonho
escoteiro.
Parte III
Um artigo longo. Afinal
trata-se de o que mais importante encontramos no escotismo. Nada supera um bom
acampamento. Ele é tão importante que até os acampamentos mal feitos ainda tem
sua validade. Eu costumo dizer que para um bom acampamento, três coisas são
essenciais. - (1) Um bom local, afastado
da civilização, boa aguada, farta disponibilidade de eucaliptos ou bambus para
pioneira – 2) Três ou quatro bons jogos de aventura, não aqueles que ficamos
brincando de scalp ou parecido nos acampamentos realizados – 3) Um grande Fogo
de Conselho, sempre na última noite. Poderíamos também dizer que a liberdade da
Patrulha é por demais importantes. Muitas vezes os chefes acham que sabem o que
os jovens querem e com isto deixam de lado o mais importante no escotismo –
Aprender a fazer fazendo, tentar sempre até fazer o certo e deixar que ele ou
ela os jovens sejam responsáveis pelo seu desenvolvimento.
Não vamos entrar aqui no
item dois. É um item extenso e deveríamos ter somente um artigo sobre ele. O
item um já comentamos nos dois primeiros artigos Parte I e Parte II. Ficaremos
aqui somente com dois temas, o Fogo de Conselho e a inspeção geral. Não sei se
sabem, mas uma boa inspeção, onde os jovens sabem de sua importância também tem
grande validade para um bom acampamento. Nós chamamos de Inspeção de Giwell.
Desde os primórdios do escotismo que as inspeções fazem parte de seu método. É
um importante colaborar na formação do caráter e no desenvolvimento do garbo e
da disciplina. A Inspeção de Giwell são oriundas e formuladas em Giwell Park.
Como todos sabem é nossa fonte de conhecimento. Podíamos aqui escrever muitos
objetivos da inspeção, mas ficamos com alguns somente. Ajuda a trabalhar a
higiene pessoal e do ambiente em que vive – Evidencia a elegância e a
disciplina, requerida na preparação e durante a atividade diária – Trabalho em
equipe, pois desenvolve a cooperação coletiva na patrulha, vivenciados pelos
jovens integrantes. Cria hábitos introduzindo noções e estabelecendo medidas.
As inspeções são partes
importantes do acampamento. Elas já devem estar sendo realizadas em reuniões de
sede e no campo são feitas pela manhã e de surpresa durante a parte da tarde.
Na Corte de Honra da noite anterior tudo foi decidido e explicado. Qual a meta
de cada Patrulha e o horário rigoroso. Não ficamos esperando as patrulhas se prepararem.
Elas é que devem estar a nossa espera no horário determinado e lembramos que o
respeito, a honestidade deve estar presente nos escotistas responsáveis. Quando
temos poucos chefes presentes usa-se os Monitores que não a fazem em sua
Patrulha. Os itens checados podem facilmente ser discutidos entre os membros da
Corte de Honra. Uniforme, limpeza de campo, pioneirias, artimanhas e
engenhocas, intendência e outros. Costumo dizer que as notas já são altas. Se
for cem, a cada item que mereça melhorar tira-se um ou mais pontos. Ao terminar
é hora do cerimonial de bandeira do dia. Não esquecer que toda noite na Corte
de Honra é definida a Patrulha de Serviço. Responsável pela limpeza de todo o
campo e do cerimonial.
É importante que a após o
cerimonial cada Chefe comente sem fazer criticas demasiadas. Se existem um
sistema de premiação por bandeirolas ou não o Escotista responsável dará a
palavra final. Lembramos que todos estão ali esperando um elogio e não criticas
que nada tem de valor. Só de estarem no campo, mesmo que um ou outro não se
enquadrem já tem pontos a favor. A
Inspeção deve ser positiva e bem feita, sem sensibilidades, porém, com uma
atitude delicada para não ofender ou ferir. Vamos passar agora para o Fogo de
Conselho. Acredito que se o desenrolar do acampamento está sendo magnifico este
será muito bom. Todas as noites na Corte de Honra devemos lembrar aos Monitores
de sua importância. Não pretendo aqui ensinar a ninguém sobre Fogo de Conselho.
Sei que todos que estão lendo tem vários no seu curriculum. Aqui vou somente
sugerir um Fogo de Conselho de Tropa. Feito pela tropa e só para a tropa.
Se todas as noites nas
Corte de Honra ele foi comentado, se foi dado à sugestão de cada Patrulha desde
o primeiro dia criar algum novo, se eles discutiram entre si nos tempos livres
que são dados para refeições e outros é possível surgir belas esquetes (Esquete (do inglês sketch)
é um termo utilizado para se referir a pequenas peças ou cenas dramáticas,
geralmente cômicas, geralmente com menos de dez minutos de duração e que estas
sejam inéditas. Se possível com fatos acontecidos no desenrolar do acampamento.
As canções porque não serem criadas também no campo? E melhor ainda um
instrumento musical. Um violão tem um enorme valor. Sem esquecer que as palmas
escoteiras também são criadas por eles. E finalmente, um Monitor responsável
não como um Animador. Para falar a verdade em acampamentos de tropa não gosto
muito de animadores de Fogo de Conselho. Todos costumam ficar a sua mercê e
quase não criam a não ser o que fazem sempre em todos os fogos. Para uma boa
participação basta a motivação dia a dia.
No penúltimo dia, os
Monitores terão um tempo para escolher o local. Não deve ser escolhido antes. A
surpresa é importante. O local não deve ser comentado. Se possível a mais de
duzentos metros do acampamento. A ida e a volta em uma trilha cria um clima
formidável. No local deve se possível ter árvores enormes, para que a noite
deem o tom fantástico necessário. Lembrem-se – O espirito da Coruja mora neste
acampamento! É muito importante bons bules de alumínio cujo café, chá ou
chocolate serão levados prontos e colocados nas brasas do fogo. Biscoitos
também serão bem vindos, mas o melhor são Batatas Doces. Cada um usa e abusa
quando quiser. Um Monitor da Patrulha de serviço ou não será responsável pela
Fogueira. Ele irá bem antes ao local (pode levar um Escoteiro com ele) que irá
providenciar a fogueira, o lenheiro, e quem sabe pequenos bancos para todos.
Feito de maneira simples com galhos caídos. Ninguém mais irá ao local designado
a não ser no dia do Fogo de Conselho.
Gosto muito da fogueira
acendida com um só palito. Claro o responsável foi bem treinado. Tudo pronto.
Todos esperando e lá vão eles para o local do Fogo de Conselho. Cada um senta
onde quiser. Claro o Monitor pode pedir para ficarem juntos. Sempre achei
importante criar místicas. Lembro que no passado as reuniões em torno do Fogo
se revestiam de solenidades e quando se aproveitava a ocasião para levar a
efeito cerimonias ou conselhos, onde eram discutidos os problemas da comunidade
ou reverenciados os deuses. O Fogo de Conselho caracteriza a mística e
ambientação do programa trabalhado. Lembrar sempre dos costumes, valores e
tradições culturais dos muitos povos que habitaram nosso país no passado. É
importante notar que para se compreender a mística e o valor do Fogo de
Conselho temos que entender a importância do Fogo, como símbolo das energias da
vida, na luta pela sobrevivência durante todo o processo de evolução do homem.
Dentre os quatro elementos da
natureza, terra, ar, água e fogo, sempre foi o fogo que mais fascinou o homem.
Temido e amado, salvando ou ameaçando a vida. Desde a conquista do fogo ponto
de partida da civilização, compreendeu o homem o valor do fogo como fonte de
energia embora dele fizesse uso, sempre respeitou a suas chamas. Os nativos da
Ásia, os selvagens Africanos, os peles-vermelhas da América se reuniam a noite
em torno do fogo, que com sua luz e calor espantavam as trevas, o frio e os
animais. Era então o momento sublime em que todos se encontravam para
conservar, cantar, contar histórias ou para planejar caçadas (jogos do dia
seguinte) ou a guerra e a paz.
Agora é com você. Deixe que
eles após você ter contado histórias e místicas do Fogo de Conselho, que eles
desenvolvam e criem seus fogos de conselhos. Deles. Só deles. As canções, as
esquetes, os jograis serão feitos sem horários definidos. Mas existem duas que
são de sua responsabilidade. A primeira a abertura – A Evocação dos ventos
costuma ter em cada tropa um significado. Aqui darei uma:
- Que
os ventos do norte, frio e violento,
- Que
os ventos do oeste, suave e agradável,
- Que
os ventos leste, criador de tempestades,
- Que
os ventos sul, quente e formador de nuvens,
Tragam
nesta noite a alegria neste Fogo de Conselho, a vontade de vencer e nunca nos
esquecer de que somos todos irmãos. - Amigo, eu e você... Você trouxe outro
amigo, e agora somos três... Nós começamos o nosso grupo, nosso círculo de
amigos... E como um circulo, não tem começo e nem fim! Um por todos? – todos
por um!
E finalmente a Cadeia da
Fraternidade. Sempre cantada e nunca esquecida. Dizer mais o que? À volta,
comendo batatas, mastigando um biscoito e com sua caneca bebericando um café. E
claro todos sorrindo, contando histórias, lembrando-se dos amigos, das brasas
que adormeceram, do céu estrelado, de um cometa que passou... Mais uma noite
mais um dia que belo muito belo foi seu acampamento!
O mundo é como um acampamento em que
montamos a nossa tenda, apreciamos a natureza, e depois voltamos para a nossa
casa, que é a eternidade!
Fim