Desafios Escoteiros.
- Não se trata de saudosismo como
muitos fazem questão de me rotular. Eu mesmo gosto de me desafiar e desafio aos
defensores dos novos tempos se os rapazes e moças que estão no escotismo não
gostariam também de entrar neste convite e viver a vida escoteira mais
abrangente na técnica seja ela mateira ou aventureira. Quem em sã consciência não
iria amar um acampamento, uma bela pioneira, quem sabe uma ponte pênsil, um
moinho na beira do riacho, desafios do scalp, uma rota do Tarzan quem sabe uma
falsa baiana ou mesmo um Comando Crow feito por eles mesmos (não vale Chefe fazer)
sobre um riacho ou até mesmo uma saliência para provar que o medo não faz parte
dos escoteiros. Costumo dizer que existem aqueles que querem ser escoteiros e
aqueles outros que não se adaptam sejam nos novos programas criados com os
tempos modernos ou mesmo nos que não existem mais. Separei alguns poucos. São
insignificantes? Não sei.
Nós e amarras.
Quantos são? Os chamados escoteiros e
os oficiais dos marinheiros? São tantos que melhor é não contar para não
assustar. Sabiam que o primeiro nó que se aprende no escotismo é o “direito”? “O
coelhinho entrou no buraquinho saiu por aqui e...” Depois se envereda no
Escota, no nó de Frade, no arnês, no Cadeira de Bombeiro (fazer e experimentar
é um barato). E ai vem o Evasão (cuidado ao descer da árvore e pegar a ponta
errada), o de Pescador, o Catau, o Laís de Guia, o Fiel, nó de Oito, nó de aselha,
o Balso pelo Seio... São tantos e tantos que me perco ao contar. E as amarras?
A Quadrada, a Diagonal, A Paralela, a Tripé, a Ocidental, a Trípode, uma
Falcaça, uma costura de arremate... Haja tempo para aprender tudo e se a gente
pensa em nós de marinharia a coisa complica. Muitos ou todos que usamos no
escotismo foram copiados dos valentes navegadores da Marinha. O nó corrediço, o
nó de Algema, o de Atracação, o Borboleta, o de Caminhoneiro, o Cirurgião, o nó
de Coroa, a Costura em Pinha, o Eletricista, o da Embalagem, o de estaca...
Gente tem nó que não acaba mais.
E agora? Lá vem o desafio, fazer pelo
menos trinta por cento deles assim: - Nas costas usando as mãos, de cabeça para
baixo, de olhos vendados e tem aquele escoteiro que com dois pequenos barbantes
o fazem dentro da boca com a língua! Pode? Ora bolas, nós são nós e fazê-los
bem acochados é uma arte de bons escoteiros. Afinal se usa com chuva, à noite,
no sol do meio dia, e cair com um Evasão mal feito é de doer. Não vale a pena?
Se pensa assim coloque seus escoteiros e escoteiras na roda. Esqueça essa
conversa que os tempos são outros. Faça e depois analise. Um bom programa de
desafios tem seu lugar. A Patrulha que melhor fizer os nós não só em qualidade
ou em quantidade ganha: - Um troféu de eficiência, ou uma flor de lis de
lapela, ou uma moeda da boa ação. Quem não quer? Afinal nós não são coisas de
escoteiro? Só o Direito e o Escota tem vez?
Sinais de Pista.
Ora bolas, fazer sinaizinhos com faca,
com canivete, com galhos, com giz daqueles do caminho a seguir, salte o
obstáculo, caminho a evitar, água potável, inicio de pisa e fim de pista entre
outros, já era! Seguir pista é uma arte que BP praticou toda sua vida. Aprender
a distinguir pegadas humanas de animais ou pássaros é a continuidade do Noviço
Escoteiro que quer saber muito mais. Em uma estrada carroçável, bom se tiver
chovido treinar passadas, peso, em marcha ou correndo é um bom aprendizado. Seus
escoteiros e suas escoteiras se souber despertar a aventura que existe em tais
atividades irão amar.
Descobrindo medidas escoteiras.
Alguém já se perguntou quando mede seu
palmo, seu braço, sua perna, sua altura? Opa! Não vá medir a língua, se ela é
grande deixe que fica guardada no lugar de sempre. Mas vamos lá, já sabe quanto
tempo percorre um quilômetro no seu passo escoteiro? Sabe medir distância no
Passo Duplo? Sabe medir altura com um gravetinho? Quantos metros tem aquela
montanha, aquela árvore e sabe medir a largura do Rio ou Riacho que costuma
visitar? Quantos meninos ou meninas de sua tropa já fez um Percurso de Gilwell
em local determinado que seria de sua casa a sede, ou nos quarteirões em volta
da sede? Claro que já deve saber com maestria a usar a bússola Silva ou Prismática,
conhece os pontos cardeais, colaterais e sub colaterais. Sabe encontrar o norte,
o azimute e ter noção escoteira de quantos graus ela tem para se achar o ponto
certo a seguir.
Transmissões à distância.
Ora, ora, quem ainda não manuseou um
par de Bandeirolas de semáforas em posto de observação e transmissão? Claro que
um rastreador de bandeiras para ler e dizer qual letra vai transmitir é parte
fundamental na transmissão. Dizem os antigos que 40 ou 50 letras por minuto já
é um bom caminho. E o Morse? “Aquele que tem um sistema de representação de
letras, algarismo e sinais de pontuação codificado e enviado de modo
intermitente”. Já pensou transmitir por lanternas, à noite, com sua Patrulha conversando
com outra em pontos distantes? Que papo iria acontecer? Mas nem sempre temos
tudo à mão para falar, pedir e gritar socorro no SOS (SOS é o código universal
de socorro, utilizado como mensagem para alertar quando alguém está em situação
de perigo de vida e necessita de auxilio o mais rápido possível). Treinar este
pedido nas semáforas e Morse é fácil, quero ver no sistema indígena usando sinais
de fumaça.
Eita gente... Tem coisas do arco da
velha na aprendizagem técnica que posso apostar muitos jovens escoteiros e
escoteiras iriam amar. Pegue um Chifre do Kudu, aquele usado por BP no primeiro
curso da Insígnia de Madeira e no acampamento de Brownsea e mostre sua força
labial nos sinais dados aos escoteiros. Não ria, aposto com sem um bom treino
você só irá soprar e mais nada. Falando em BP amanhã se comemora o seu
nascimento. Quantos anos? Faça você à conta e me diga... Ele nasceu no dia 22
de fevereiro de 1857. Mas por favor, quando for adestrar suas patrulhas faça
através dos seus monitores. Compete a eles adestrar seus patrulheiros. Aprender
em sala de aula, no quadro negro, sentados em circulo com o Chefe falando e
madeira de dar em doido! Dizem os doutores no escotismo que o jovem ou a jovem
quando vê o Chefe falar por mais de 10 minutos sua mente está viajando por
outras plagas e pensando... O Que eu estou fazendo aqui?
Sabem meus amigos chefes, monitores e
escoteiros. O melhor aprendizado é ao ar livre. Patrulhas com liberdade de ir e
vir, conversando, aprendendo, apertando a mão e manda desafios escoteiros.
Jogos são importantes no crescimento da escoteirada, mas aprender fazendo,
repetindo até fazer o certo é o melhor. Sem me colocar como um sabe-tudo escoteiro
eu desafio a vocês todos a fazerem pelo menos 30 nós escoteiros, seis tipos de
amarras e quem sabe duas falcaças. Topa? E complete com Semáforas e Morse pelo
menos transmitindo 40 caracteres por minuto. (eu bati meu recorde de 60 letras
por minuto) E chega por hoje. Como dizia o seu Pedro Pedreira da Escolinha do Professor
Raimundo: Pedra noventa só enfrenta quem aguenta, e não me venha com chorumelas!
Afinal ligar e procurar no celular qualquer Zé Mané é capaz!