sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Desafios Escoteiros.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Desafios Escoteiros.

- Não se trata de saudosismo como muitos fazem questão de me rotular. Eu mesmo gosto de me desafiar e desafio aos defensores dos novos tempos se os rapazes e moças que estão no escotismo não gostariam também de entrar neste convite e viver a vida escoteira mais abrangente na técnica seja ela mateira ou aventureira. Quem em sã consciência não iria amar um acampamento, uma bela pioneira, quem sabe uma ponte pênsil, um moinho na beira do riacho, desafios do scalp, uma rota do Tarzan quem sabe uma falsa baiana ou mesmo um Comando Crow feito por eles mesmos (não vale Chefe fazer) sobre um riacho ou até mesmo uma saliência para provar que o medo não faz parte dos escoteiros. Costumo dizer que existem aqueles que querem ser escoteiros e aqueles outros que não se adaptam sejam nos novos programas criados com os tempos modernos ou mesmo nos que não existem mais. Separei alguns poucos. São insignificantes? Não sei.

Nós e amarras.
Quantos são? Os chamados escoteiros e os oficiais dos marinheiros? São tantos que melhor é não contar para não assustar. Sabiam que o primeiro nó que se aprende no escotismo é o “direito”? “O coelhinho entrou no buraquinho saiu por aqui e...” Depois se envereda no Escota, no nó de Frade, no arnês, no Cadeira de Bombeiro (fazer e experimentar é um barato). E ai vem o Evasão (cuidado ao descer da árvore e pegar a ponta errada), o de Pescador, o Catau, o Laís de Guia, o Fiel, nó de Oito, nó de aselha, o Balso pelo Seio... São tantos e tantos que me perco ao contar. E as amarras? A Quadrada, a Diagonal, A Paralela, a Tripé, a Ocidental, a Trípode, uma Falcaça, uma costura de arremate... Haja tempo para aprender tudo e se a gente pensa em nós de marinharia a coisa complica. Muitos ou todos que usamos no escotismo foram copiados dos valentes navegadores da Marinha. O nó corrediço, o nó de Algema, o de Atracação, o Borboleta, o de Caminhoneiro, o Cirurgião, o nó de Coroa, a Costura em Pinha, o Eletricista, o da Embalagem, o de estaca... Gente tem nó que não acaba mais.

E agora? Lá vem o desafio, fazer pelo menos trinta por cento deles assim: - Nas costas usando as mãos, de cabeça para baixo, de olhos vendados e tem aquele escoteiro que com dois pequenos barbantes o fazem dentro da boca com a língua! Pode? Ora bolas, nós são nós e fazê-los bem acochados é uma arte de bons escoteiros. Afinal se usa com chuva, à noite, no sol do meio dia, e cair com um Evasão mal feito é de doer. Não vale a pena? Se pensa assim coloque seus escoteiros e escoteiras na roda. Esqueça essa conversa que os tempos são outros. Faça e depois analise. Um bom programa de desafios tem seu lugar. A Patrulha que melhor fizer os nós não só em qualidade ou em quantidade ganha: - Um troféu de eficiência, ou uma flor de lis de lapela, ou uma moeda da boa ação. Quem não quer? Afinal nós não são coisas de escoteiro? Só o Direito e o Escota tem vez?

Sinais de Pista.
Ora bolas, fazer sinaizinhos com faca, com canivete, com galhos, com giz daqueles do caminho a seguir, salte o obstáculo, caminho a evitar, água potável, inicio de pisa e fim de pista entre outros, já era! Seguir pista é uma arte que BP praticou toda sua vida. Aprender a distinguir pegadas humanas de animais ou pássaros é a continuidade do Noviço Escoteiro que quer saber muito mais. Em uma estrada carroçável, bom se tiver chovido treinar passadas, peso, em marcha ou correndo é um bom aprendizado. Seus escoteiros e suas escoteiras se souber despertar a aventura que existe em tais atividades irão amar.

Descobrindo medidas escoteiras.
Alguém já se perguntou quando mede seu palmo, seu braço, sua perna, sua altura? Opa! Não vá medir a língua, se ela é grande deixe que fica guardada no lugar de sempre. Mas vamos lá, já sabe quanto tempo percorre um quilômetro no seu passo escoteiro? Sabe medir distância no Passo Duplo? Sabe medir altura com um gravetinho? Quantos metros tem aquela montanha, aquela árvore e sabe medir a largura do Rio ou Riacho que costuma visitar? Quantos meninos ou meninas de sua tropa já fez um Percurso de Gilwell em local determinado que seria de sua casa a sede, ou nos quarteirões em volta da sede? Claro que já deve saber com maestria a usar a bússola Silva ou Prismática, conhece os pontos cardeais, colaterais e sub colaterais. Sabe encontrar o norte, o azimute e ter noção escoteira de quantos graus ela tem para se achar o ponto certo a seguir.

Transmissões à distância.
Ora, ora, quem ainda não manuseou um par de Bandeirolas de semáforas em posto de observação e transmissão? Claro que um rastreador de bandeiras para ler e dizer qual letra vai transmitir é parte fundamental na transmissão. Dizem os antigos que 40 ou 50 letras por minuto já é um bom caminho. E o Morse? “Aquele que tem um sistema de representação de letras, algarismo e sinais de pontuação codificado e enviado de modo intermitente”. Já pensou transmitir por lanternas, à noite, com sua Patrulha conversando com outra em pontos distantes? Que papo iria acontecer? Mas nem sempre temos tudo à mão para falar, pedir e gritar socorro no SOS (SOS é o código universal de socorro, utilizado como mensagem para alertar quando alguém está em situação de perigo de vida e necessita de auxilio o mais rápido possível). Treinar este pedido nas semáforas e Morse é fácil, quero ver no sistema indígena usando sinais de fumaça.

Eita gente... Tem coisas do arco da velha na aprendizagem técnica que posso apostar muitos jovens escoteiros e escoteiras iriam amar. Pegue um Chifre do Kudu, aquele usado por BP no primeiro curso da Insígnia de Madeira e no acampamento de Brownsea e mostre sua força labial nos sinais dados aos escoteiros. Não ria, aposto com sem um bom treino você só irá soprar e mais nada. Falando em BP amanhã se comemora o seu nascimento. Quantos anos? Faça você à conta e me diga... Ele nasceu no dia 22 de fevereiro de 1857. Mas por favor, quando for adestrar suas patrulhas faça através dos seus monitores. Compete a eles adestrar seus patrulheiros. Aprender em sala de aula, no quadro negro, sentados em circulo com o Chefe falando e madeira de dar em doido! Dizem os doutores no escotismo que o jovem ou a jovem quando vê o Chefe falar por mais de 10 minutos sua mente está viajando por outras plagas e pensando... O Que eu estou fazendo aqui?  

Sabem meus amigos chefes, monitores e escoteiros. O melhor aprendizado é ao ar livre. Patrulhas com liberdade de ir e vir, conversando, aprendendo, apertando a mão e manda desafios escoteiros. Jogos são importantes no crescimento da escoteirada, mas aprender fazendo, repetindo até fazer o certo é o melhor. Sem me colocar como um sabe-tudo escoteiro eu desafio a vocês todos a fazerem pelo menos 30 nós escoteiros, seis tipos de amarras e quem sabe duas falcaças. Topa? E complete com Semáforas e Morse pelo menos transmitindo 40 caracteres por minuto. (eu bati meu recorde de 60 letras por minuto) E chega por hoje. Como dizia o seu Pedro Pedreira da Escolinha do Professor Raimundo: Pedra noventa só enfrenta quem aguenta, e não me venha com chorumelas! Afinal ligar e procurar no celular qualquer Zé Mané é capaz!