Modo de ser feliz... Por
Baden-Powell
Um dia, numa espécie de devaneio, vi-me chegado à
porta do céu, após esta vida, e S. Pedro a interrogar-me. Com modo afável
perguntou-me: “E que te pareceu o Japão?” – “O Japão? Eu vivi na Inglaterra”!
- “Mas o que fizeste de todo o tempo de que dispunhas nesse mundo de maravilha,
com todos os seus cenários de beleza e locais interessantes, ali postos para
vossa edificação? Desperdiçaste o tempo que Deus te deu para aproveitar?” E por
isso não tardei a ir ao Japão.
Sim, o que incomoda muita gente no fim da vida é que só então veem as coisas na
sua verdadeira perspectiva, e reconhecem demasiado tarde que malbarataram o
tempo, que o gastaram em coisas que nada valiam.
Quando saí da escola, achei-me, por assim dizer, num quarto escuro, e a
educação que recebera era como que um fósforo aceso que me fazia ver como o
quarto era escuro, mas também que havia uma vela que podia acender-se com o
fósforo e servir-me para doravante me iluminar o quarto.
Mas era apenas um quarto neste mundo de muitos quartos. Convém examinar os
outros quartos, ou seja, os modos de vida das localidades vizinhas ou doutros
países, e ver como as gentes ali vivem. “Poderás descobrir que, embora o teu
quarto te pareça escuro e lúgubre, há meios de nele admitir mais Sol e de
melhorar a perspectiva, se quiseres recorrer a eles”.
Retirado
de “A caminho do triunfo” de Baden-Powell, fundador do escotismo.