Procuro um amigo, se possível escoteiro...
- Procuro um amigo se for escoteiro melhor, mas se não for
não importa. O importante é ele ter os mesmos gostos que eu, que se comova
quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de
grandes chuvas e das recordações Escoteiras. Preciso de um amigo para não
enlouquecer, para contar o que vi de belo e triste durante os dias da minha
vida, dos anseios e das realizações, dos acampamentos dos sonhos e excursões...
- Não precisa ser Lis de Ouro nem Escoteiro da Pátria. Não
precisa ter especialidades mil, e tampouco anos de atividade no escotismo ou
mesmo uma linda coleção de medalhas. Precisa ser simples, calmo, simpatia no
olhar. Deve saber ouvir e melhor ainda se souber contar histórias... Escoteiras
sim Senhor! Não precisa ter boa voz para cantar nas noites de fogo de conselho,
mas que tenha a audição de um velho mateiro quando ouvir alguém cantar... Até o
sol raiar!
- Deve gostar das trilhas nas florestas, estradas desertas
e de poças d´água com caminhos molhados... De beira de estrada, de mata
refrescante depois da chuva e amar o cheiro da terra, de se deitar no capim e
dormir sob as estrelas. Saber amar o campo e a natureza em flor, a lua no seu esplendor,
do canto da passarada, sentir na pele o calor da floresta e reconhecer o olhar matreiro
da coruja... Em um carvalho qualquer...
- Preciso de um amigo... Que me queira bem, que me respeite
como eu sou. Que enfrente dificuldades sem reclamar, que não fique me dando
conselhos, reclamando, dizendo que a vida é cruel. Tem de ser um amigo que saiba
entender pelo que estou passando. Um amigo que sabe sorrir, chorar, cantar
cantigas bonitas daquelas que um dia cantei nas praças atrás das meninas
bonitas que brincavam de roda sorrindo ao anoitecer...
- Preciso de um amigo que diga que vale a pena viver, não
porque a vida é bela, mas porque já tenho muitos amigos que tem na alma um amor
escoteiro. Preciso de um amigo
para parar de chorar minhas lembranças. Para não viver debruçado no passado em
busca de memórias perdidas. Que bata nos ombros sorrindo e chorando, que me
chame de amigo, para que eu tenha a consciência de que ainda estou vivo.
Eu
preciso de um amigo, se possível um escoteiro, para andar de braços dados, alguém
para lhe falar o quanto andei sozinho, e ninguém para me escutar. Eu preciso de
um amigo, alguém para contar meus segredos enterrados que ninguém nunca irá
saber. Amigo que me escute, que me conforte com sinceridade e se
precisar que lute por mim. Eu quero alguém para falar, para sorrir, para ser
feliz... Um amigo de verdade para o meu coração entregar. Um amigo
que saiba notar quando a tristeza me fizer chorar.
Não
sei se encontrarei este amigo, que tenha um ombro amigo e que não me deixará me
sentir sozinho. Eu preciso de um amigo... Se possível escoteiro, com um sorriso
matreiro que tenha como eu muitas histórias para contar!