A História de
Lady Olave St. Clair Soames.
(Esposa de
Baden-Powell).
- Olave St. Clair
Soames nasceu no dia 22 de fevereiro de 1889 na Inglaterra. Seu pai Harold
Soames e sua mãe Katherine Hill tiveram mais dois filhos, um menino chamado Arthur
e uma menina chamada Auriol. Quando nasceu Olave, puseram este nome porque
esperavam um filho homem que se chamaria Olaf. A vida de Olave, desde pequena
foi feliz e sempre rodeada de pessoas queridas. Apesar de saúde precária nos
primeiros anos, o contato permanente com a natureza e sua vida ordenada a
transformou numa jovem sadia e alegre, forte e com uma incrível energia. Nunca
foi para colégios, mas foi educada por instrutores que eram parte da família.
- Sempre se interessou
por música e tocava violão muito bem. Durante anos praticou rodeada de seu
esposo e seus filhos, mas seu trabalho não lhe deu tempo para aperfeiçoar.
Olave foi uma grande interessada em esportes, praticou tênis, remo, patinação,
montava a cavalo, anda de bicicleta e quando estava cansada conduzia carruagem
e automóvel. Nesta época, há algum curioso em sua vida. Apesar de gozar de tudo
que um jovem poderia ambicionar, sentia um grande vazio em sua vida. Queria ser
útil e poder servir aos demais. Por ser muito jovem não a aceitaram na escola
de enfermagem o que a fez desistir de seguir alguma carreira. Ao atingir a
maturidade, Olave achou que a vida da sociedade de sua época era bastante
monótona e, por isso, resolveu dedicar-se aos meninos inválidos, que ela
recolhia em Bornemouth, onde cuidava deles.
Em 1912, quando tinha
23 anos seu pai que a cada ano viajava ao exterior, convidou-a a acompanha-lo
em uma viagem às Índias Ocidentais. Embarcaram no “Arcadian” sem imaginar que
seu futuro ia mudar totalmente durante aquela viagem. Neste Navio viajava acompanhado
de vários oficiais, Lord Robert Baden-Powell, fundado dos “Scouts e Girl Guides”,
que nesta época ostentava o título de Lord, e gozava de grande popularidade e
reputação em muitos países do mundo. Um amigo de seu pai apresentou Olave a
Robert. Ele tinha 55 anos na época, o que não impediu que entre os dois
nascesse um grande amor, já que possuíam as mesmas idéias e aspirações. O curto
tempo da viagem foi suficiente para compreender que haviam nascido um para o
outro e seus futuros lhe preparavam uma grande missão. Quando deixaram a
Jamaica, Baden-Powell e Olave estavam noivos e, em outubro do mesmo ano,
casaram-se indo passar sua lua-de-mel na Africa, iniciando uma vida em comum que
foi enriquecida por três filhos: Peter, nascido em 1913, Heather em 1915 e
Betty em 1917.
- Entre o cuidado com a
casa, a educação dos filhos e a ajuda pessoal a seu esposo, transformou-se em
sua secretária, encarregada de manter correspondência com milhares de pessoas
em todo o mundo. Nestes anos já haviam muitos grupos de bandeirantes na
Inglaterra e sua Presidente era a irmã de Baden-Powell, Agnes. Havia uma grande
necessidade de dirigentes e coordenadores e por esse motivo em 1914, Lady
Baden-Powell entra para o movimento Bandeirante e dedica seus esforços na área
onde residem. Pouco a pouco se deu a conhecer por sua organização, sua
liderança, seu entusiasmo e personalidade. Já em 1916 é nomeada Comissária Chefe.
Nesta época a Inglaterra atravessava uma época difícil, pois a guerra impedia
que fossem realizadas muitas atividades Bandeirantes. Havia muita preocupação.
Os poucos grupos ativos dedicavam-se aos primeiros socorros, emergência e
serviços. Lady Baden-Powell se manteve em permanente contato com todos estes
grupos e visitou toda a Inglaterra.
- Em 1918 foi nomeada Chefe
Bandeirante da Grã-Bretanha. Neste ano recebeu o “Gold Fish” medalha que só a
ela foi concedida, pois é mais importante que o próprio “Silver Fish”, a mais
alta condecoração do bandeirantismo Inglês. Com a colaboração de Olave neste
mesmo ano é impresso o primeiro exemplar Bandeirante já dirigido à menina,
conhecido como o livro de Baden-Powell (Girl Guiding), se agrega a este manual,
especificamente para treinamentos o livro chamado “Treinando meninas como Guias”.
Olave sempre teve em mente estender o movimento a muitos lugares, e por isso
deu muita importância a todo tipo de material impresso. Desejando difundir o
Movimento Bandeirante em nossa terra, em 1919 Lady Olave escreveu uma carta às
mulheres brasileiras, na qual lhes pedia que se interessam pela causa que estava
congregando meninas e jovens em todo o mundo. Foi portador desta carta o Sr.
Barclay, amigo de BP, que vinha sempre ao Rio a negócios.
Aqui chegando, o Sr.
Barclay, entrou em contato com Sir Henry Lynch, a quem entregou a mensagem de
Lady Olave. Sir Henry e seu irmão Edmundo Lynch interessados no assunto pediram
a sua mãe Sra. Adele que promovesse uma reunião em sua casa, convidando diversas
autoridades e senhora que pudessem tomar a iniciativa de fundar o
Bandeirantismo no país. Esta reunião realizou-se no dia 30 de maio de 1919.
Naquela época em muitos países já havia Bandeirantes e Fadas, por esse motivo
foi necessário criar um comitê especifico que pudesse manter a comunicação
permanente com todos os países, intercambiando correspondência, notícias e
necessidades. Lady Olave contou com a colaboração de várias mulheres, não só em
seu país, todas ativas dirigentes, comissárias fora da Inglaterra. Ela aceitou
ser a Primeira Presidente deste Comitê e em curto prazo conseguiu formar outro
fora do país que se encarregava dos grupos de meninas e jovens cujos pais
residiam em outros continentes.
- Foram estes órgãos,
que deram a base para a existência do que hoje conhecemos como Bureau Mundial e
Associação Mundial de Bandeirantes, cuja sede é em Londres, Inglaterra. No ano
de 1937 a saúde de BP começa a enfraquecer e eles decidem mudar para o Kenya,
lugar aonde já haviam vivido casados e aonde ele cumpriu carreira militar na
juventude. Compraram uma propriedade rodeada de natureza primitiva e exuberante
que deram o nome de PAXTU o que significa “paz para dois”. Nestes anos Lady
Olave se dedica a cuidar de seu esposo, atender correspondencias e receber
visitas dos filhos e amigos. Em 8 de janeiro de 1941 faleceu Baden-Powell, e
foi enterrado no mesmo país que viveu seus últimos anos. Este período na vida
de Lady Baden-Powell é triste, permanece no Kenya, respondendo ao correio de
amigos o que a ajuda a aliviar a sua solidão. No ano seguinte decide retornar a
Londres onde a chamam para retornar ao movimento e colaborar com os Boy Scouts.
- Lady Olave tem a
agradável surpresa de ser instalada em uma apartamento no palácio de Hampton,
pelos reis da Inglaterra. Foi uma época difícil em sua vida, mas graças ao seu
entusiasmo e ideais, inicia novamente suas atividades escoteiras. Rompe a
Segunda Guerra e ela vê que havia muito trabalho a fazer, muito serviço a
prestar a muitos refugiados e famílias. Terminada a guerra decide viajar a
todos os países que haviam sofrido os maiores danos e desastres. Na França toma
aula de francês para se dirigir aos milhares de Guias e Scouts que lhe
esperavam. Visitou a Suíça, Itália, Bélgica, Luxemburgo, Suécia, Noruega e
Dinamarca. Até 1970 ela visitou mais de cem países e assistiu às Conferência
Mundiais. Quanto chegava aos seus 70 anos Lady Olave visitou o Brasil.
Os últimos anos de sua
vida passou em seu apartamento em Londres, onde foi visitada por diversas
personalidades mundiais. Recebeu dezenas de Condecorações. Quando em 1975 na
Conferência Mundial em Londres, não podendo estar presente enviou uma fita gravada
com uma linda mensagem às mulheres e representantes de todos os países membros.
Lady Olave Baden-Powell faleceu em 25 de junho de 1977, rodeada de seus entes
queridos e em sua memória foi oferecido um serviço religioso extraordinário na
capela de Westminster com assistência de membros da nobreza, corpo diplomáticos,
oficiais Ingleses e os mais altos executivos das associações de Bandeirantes e
Escoteiros de todo o mundo. A sua solicitação foi de não enviar flores na hora
de sua morte. Disse que gostaria de receber a alegria de que “semeassem” o
fundo especial, cuja finalidade era a construção da WAGGGS, em Londres. Esta
obra foi terminada e batizado como CENTRO OLAVE em recordação a sua residência
no Kenya com seu amado esposo que tinha o nome de PAXTU.