quarta-feira, 8 de maio de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Meu reino por um taco!




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Meu reino por um taco!

Prefácio: - Uma paródia de um Chefe que sonhava com a IM e com seus tacos. Ele não podia ver um que seus olhos ficavam vidrados. Sua mania de grandeza era demais. Divirtam-se, mas lembrem-se, Sempre há males na vida que vem para o bem!

                       Nick Drops Takoman não tinha muita simpatia por minha pessoa. Juro que ria dele não pela sua figura, mas pela sua mania e ambição de poder e subir “na vida Escoteira” como ele mesmo dizia. Bem eu sou assim mesmo. Vivido e calejado no escotismo. Dizem que minha língua não tem tamanho. Pode ser mesmo.  Eu sempre brincava com ele comentando aquela célebre frase dita no conto de Willian Shakespeare na sua peça Ricardo III, Ao perder seu cavalo em plena luta e desesperado, Ricardo III exclama a frase que ficou na história – “Meu reino por um cavalo”. Para ele eu falava baixinho: “Meu reino por um taco”! Nick Drops fechava a cara e sai bufando. Confesso que me sentia culpado, mas estava cansado de tais tipos que sonham em ser grandes chefes, ter poder, quem sabe ser mais um dos famosos da UEB. Jeremias Toca Fogo Chefe do Grupo “Moro no Mato” um dia me contou que ele mandou fazer vinte tacos na marcenaria do Avelar Ponto Morto. Garantiu-me que ele quase todas as noites vestia o seu uniforme, e colocava o colar onde todas as contas se espremiam para caber em um colar que ele mesmo trançou. Já pensou Vinte delas? Para mim era demais e não acreditei em Jeremias Toca Fogo.

                       Mas no seu Grupo Escoteiro ninguém gostava dele. Era mandão, se achava o tal e nas últimas eleições chegou a ir de casa em casa dos pais dos Escoteiros pedindo voto. Ele queria ser eleito o Diretor Técnico do Grupo. Muitos dos chefes juraram que se isto acontecesse eles sairiam na hora. O pior de tudo é que Nick Drops era um desleixado na sua apresentação. Quando a UEB apresentou a vestimenta ele correu a comprar várias. Tinha a calça curta, a comprida, tinha a camisa de manga comprida, manga curta, e adorava sair de chinelinho com a camisa para fora da calça pensando que estava abafando. Um dia viu um figurão Escoteiro com um chapéu texano e comprou logo quatro. Nick Drops adorava um figurão Escoteiro. Fazia todos os cursos que apareciam, gastava horrores para estar presente em todas as assembleias nacionais e regionais. Não perdia um Jamboree e em todos estes lugares lá estava ele com aquele sorriso próprio que só os puxa sacos tem,  junto aos figurões presentes. O que ele não entendia é porque não havia ainda recebido sua comenda da Insígnia de Madeira. Afinal tinha feito todos os cursos e ninguém sabia explicar o porquê. Diziam que seu intelecto não era lá estas coisas.

                    Nick Drops tinha esposa e filho. Em sua casa era um tirano. Sua esposa submissa e seu filho tinham enorme medo dele. Trabalhava como vendedor nas Lojas Catamarreco, uma das maiores da cidade de Vento Parado. Os chefes que tentavam se aproximar sempre diziam a ele: - Nick Drops seu estilo em dirigir sua família é errado. Você como Escoteiro os trata como se eles fossem seus empregados. Você só sabe mandar. – Nick Drops olhava de lado não dizia nada, mas no fundo mandava o Chefe ir para as conchichinas. Vendo que em seu estado natal não conseguia sua Insígnia e que mesmo chefes de outros estados não tinham interesse em ajudá-lo, tomou uma resolução. Tomou emprestado no Banco Me Paga que eu Gosto a juros estratosféricos uma enorme quantia. Se o Brasil não resolve, a Inglaterra resolve pensou! Na terra de BP quem tem um olho é rei! Só falou no grupo que iria faltar alguns dias, mas logo estaria de volta. Nick Drops ria de orelha a orelha. Londres! Aqui vou eu, dizia e partiu em uma manhã em um Avião da Aerolinas Me Segura que eu Caio. Ninguém sabia seu destino. Muitos diziam que ele foi a serviço da à empresa, mas foi para onde?

                       Ele achava que em Londres, mais precisamente em Gilwell Park ele iria fazer um curso rápido e receberia sua tão sonhada Insígnia. Na viagem da classe econômica ele andava prá lá e prá cá se exibindo. Estava com sua vestimenta número quatro, conforme ele mesmo havia numerado. Os passageiros não sabiam que uniforme era aquele e outros riam dele, afinal estes tipos foram feitos para a gente rir. No aeroporto de  Heathrow começou seu suplicio. Não entendia nada de inglês. Achou um carregador de malas que se dizia boy scout e o levou até um taxi. Ainda bem que não foi assaltado. Os ingleses gostam de rir dos caipiras, mas são honestos. Nisto eu tiro o chapéu para eles. O taxi parou em frente ao campo de Giwell. Ele sorrindo com a mochila nas costas cantava: - ¶ Eu era um bom touro um bom touro de lei, não estou mais toureando o que fazer não sei! Risos. O diabo é que ele nunca foi um touro!

                        Viu a entrada. Adorou o pórtico que já vira em fotos no Google. Viu o edifício atrás. Logo estava no hall de entrada. Um jovem sério, com um sorriso de cavalheiro inglês deu as boas vindas em inglês. Nick Drops não entendia nada. Tentava explicar na sua maneira de mandão que tinha vindo fazer um curso da Insígnia de Madeira. Preciso da Insígnia de Madeira! – Ele gritou! - Pago qualquer preço! E jogou várias notas de libras esterlinas na mesa. O Mané gritava a mais não poder. Daqui não saio daqui ninguém me tira! - Enquanto não me deram o lenço de Gilwell fico aqui. Sou vou embora com ela no pescoço! O que fazer? O jovem Escoteiro cavalheiro inglês que não entendia bulhufas de português tentou de tudo. Chamou seu Chefe Mister Jonny Pulla Pulga. Nada. Com muito custo conseguiram através de um guia de viagem de Belo Horizonte que passava por lá traduzir o que o Chefe Idiota e puxa saco queria. – Explicou, mas as inscrições não são assim. Tem que ter o chamegão da UEB. Sem ela – necas! O Chefe de BH ria a valer. Ele também era um Escoteiro e conhecia bem tais tipos. Pediu humildemente que ele passasse uma noite lá, só para observar e contar para seus amigos no Brasil. Nick Drops dormiu no mato sem barraca, sem coberta em um frio de rachar!

                      Voltou ao Brasil no outro dia. Procurou o Formador Chefe na sua cidade. – Contou mentiras e mentiras. O formador não disse nada, conhecia o puxa-saquismo do Chefe. – Vou ver, vou ver o que posso fazer disse ele. Em casa sua esposa orgulhosa, seus filhos imaginando o pai cheio de tacos. Era um sonho que passou para toda a família. Ele naquela noite sonhou que estava recebendo sua Insígnia. Veio BP e colocou nele o colar de contas zulu, tinha dez tacos! E olhe que BP tinha cinco porque era o Escoteiro Chefe do Mundo. Veio a Rainha da Inglaterra e colocou outro colar com mais trinta tacos. Veio O Barack Obama e mais oitenta tacos. Ele não conseguia ficar de pé. Era taco que não acaba mais! Por fim a Dilma ex-presidente do Brasil com seu sorriso de quem adora um panelaço mandou trazer um avião dela cheio de taco. Ele tremeu com o peso. Caiu e foi enterrado por tacos e tacos junto a Baden-Powell na sua morada no Quênia. Acordou suando e chorando. Pediu perdão a Tikititas sua esposa, pediu perdão ao seu filho Talpaitalfilho e prometeu mudar.

                      Olhe, eu mesmo não acreditei quando soube. Mas Nick Drops mudou. Virou um grande Chefe e amado por muitos que o odiavam. Esqueceu os tacos, esqueceu a IM e agora se dedicava somente aos seus jovens e refazer os amigos que perdeu. Um dia um distrital foi lá na sede e entregou a ele a Insígnia de Madeira. Ele sorriu agradecido, mas agora diferente. Um sorriso de quem sabe que tem de dar mais aos jovens, pois se ele era um Bom Lobo e um Bom Lobo de lei tinha que mostrar que o escotismo tem tudo para nos fazer feliz e nos ensinar qual o melhor caminho a seguir!