Conversas ao
pé do fogo.
O antigo
penacho usado no chapéu escoteiro.
Nota – Penachos, velhos
conhecidos do chapéu escoteiro. Boas lembranças que se tornaram histórias do
passado. Tudo tem seu tempo e sua hora. Os donos do poder fazem e desfazem das
normas do POR. Se quiser um chapéu de pano australiano tem na loja. Tem tantos
barangandãs que o faturamento agradece. Estes não faltam nunca nas lojas
Escoteiras.
- No passado os
escoteiros tiveram muitos símbolos que usavam e vão aos poucos desaparecendo.
Um modernismo feroz os condenou ao ostracismo ou a falta de interesse de
continuidade. Eu prefiro dizer que quando se relega ao segundo plano ou se
extingue algum que se considerava tradição, estamos perdendo parte de nós
mesmos. Nenhum dirigente teria o direito de se arvorar em dono da verdade, sem
consultar a maioria. Nenhuma mudança deveria ser feita sem uma ampla consulta,
sem ouvir opiniões dos associados. A memória escoteira não pode ser apagada
assim por um ou dois que se acham no direito de acabar com uma tradição quase
centenária. Ao apagar o passado é apagar o presente passamos a ser um povo sem
tradição é povo sem tradição é um povo sem memória.
São poucos que tentam
resgatar o passado lembrara-se do que fomos do que tivemos e dos bons momentos,
boas recordações que se tivessem permanecido quem sabe nosso movimento seria
mais lembrado e respeitado como um formador da juventude. Sei que é Impossível
hoje a volta de alguns desses símbolos ou distintivos. A jarreteira hoje usada pelos
escoteiros de Portugal desapareceu há tempos. O distintivo de lapela ainda
formal, mas pouco usado. A moeda da boa ação e mesmo o chapéu de abas largas
vão aos poucos sendo esquecidos. As estrelas de metal foram substituídas pela
de pano. Motivo? Disseram que muitos se arranhavam e poderia haver acidentes de
grandes proporções. Como diz um articulista da Folha de São Paulo estes são os
“çabios” do escotismo. Afinal usei por mais de quarenta anos e nunca vi ninguém
se acidentar.
O penacho identificava
os ramos e modalidades. Amarelo para lobos, verde para escoteiros, marrom ou
grená para os seniores, vermelho para os pioneiros e os chefes de ramo usavam
uma metade do penacho das cores de suas sessões e a outra metade azul. Já me
perdi nas cores e nem me lembro bem quais as cores eram usadas pelos chefes de
grupo hoje Diretores e Presidentes, Adestradores, Comissários e assistentes.
Mas o que era o penacho? No Google diz que é um conjunto de penas em ramo para
se ornar chapéus capacetes etc. Diz também que simboliza o amor, a alma a
felicidade quando utilizado acima da cabeça, claro por um chapéu. Pelo que me
consta BP usava e suas cores ainda não sei qual eram. Quando extinguiram o
penacho houve uma grita de muitos chefes que se sentiram desnudos em sua
identificação. Em todos os encontros regionais e nacionais no passado sempre
alguém cobrava uma distintivo para identificar o Chefe.
O penacho no chapéu
trazia esta identificação. Junto com as estrelas de metal de atividade, elas
com suas cores recortadas em feltros davam um toque especial ao membro
Escoteiro que usava. Era bom ver um de nós com as estrelas de atividade, seja a
de lobo, do Escoteiro, do Sênior e pioneiro e chefes cada um com suas cores
amplamente reconhecidas. O penacho trazia uma mística própria que foi aos poucos
desaparecendo com o tempo. Usei o penacho por anos, deste menino. Gostava dele,
mas o que aconteceu com sua extinção foi o que acontece hoje em muitos casos.
Não se encontra para comprar. Não sei se o POR ainda consta. Se alguém quiser
ter um para recordação quem sabe no exterior. Soube que na Inglaterra se
encontra fácil nas suas lojas Escoteiras. Bom mesmo os ingleses. Ainda mantem
muitos distintivos do passado e o chapéu de abas largas ainda apreciado por
muitos tem lá um estoque fenomenal. Lá ainda se encontra quase tudo que o
passado se orgulhou em ter.
Hoje as tradições não
são mais comentadas. Não existe interesse da Escoteiros do Brasil. Poucos ainda
sabem que elas existem. Nossa liderança escoteira estingue sem perguntar, sem
ao menos explicar os motivos que a levaram a fazer assim. Nossa disciplina é
tanta que nos acostumamos a aceitar tudo sem reclamar. Sempre com um sorriso
nos lábios e nem mesmo discordar ou reclamar. Chegamos a tal ponto que não se
vê ninguém da EB dizendo os motivos, e isto quando acontece são chefes
defensores os quais eu os chamo de politicamente corretos. Sempre correm a
defender a nossa liderança. Bem, nem mesmo vou dizer que os participantes de
atividades internacionais são aconselhados e muitas vezes obrigados a usar o uniforme
oficial EB. O vestuário em primeiro lugar e o uniforme caqui em segundo. Artigo
de luxo como o chapéu, o penacho, o distintivo de lapela, as estrelas de metal,
as jarreteiras, o distintivo de segunda e primeira classe e tantos outros desapareceram
na linha do tempo da Escoteiros do Brasil.
Às vezes me pergunto se
vale a pena ainda manter as Tradições. Todas as vezes que escrevo um artigo
sobre tradições ou outros símbolos ou mesmo distintivos parece que da um arrepio
nos dirigentes da EB e nos politicamente corretos. Sempre com a mesma dicotomia
que os tempos são outros. Não entendem ou não querem entender o que significa
tradições. Os politicamente corretos então correm para responder sobre o
escotismo moderno. Meu Deus! Será que eles não entendem nada? Enfim, foi uma
época boa. Hoje nem sei o que ficará no tempo para se lembrar no futuro. O
Vestuário e os distintivos podem ser alterados quando um novo líder surgir
discordando. Basta um para sugerir que desaparece parte da Lei Escoteira. O
passado se foi o presente também se vai um dia. E o futuro? Quem sabe voltam as
jarreteiras, os famosos distintivos de classe, as estrelas de metal, o penacho,
o chapéu Escoteiro e tantos outros. Ah! Como é bom sonhar acordado!