Histórias
em volta de uma fogueira. A última sessão de cinema...
(The
last soldier of Mafeking!).
... – “Uma breve parada
no tempo”. Às vezes o corpo não ajuda, a mente fraqueja e hibernar é a melhor
coisa a fazer. Neste breve espaço de tempo aproveitei para escrever. Se não
publiquei meu livro e nem contei Histórias no You Tube criativo como sou porque
não fazer um filme? Só mesmo na minha imaginação, mas que teria um final apoteótico
do Velho Chefe Escoteiro... Teria... Oh! Se teria!
- Com
os olhos cerrados, deitado na cadeira da praia da minha imaginação,
displicentemente eu olhava as ondas do mar que batiam de leve nas areias
brancas no seu vai e vem constante. Pensativo em minha meditação ali estava eu
em sonhos como se fosse uma doce ilusão, uma fantasia, uma miragem do que
pensava em fazer... Um filme... Um belo filme escoteiro. Sorria para mim mesmo...
Mas quem era eu? Fracassado na edição de um livro, frustrado em contar uma
história que não houve no You Tube teria a audácia de fazer um filme? Que tipo
de filme? Um épico? Poderia me igualar a Cecil B. de Mille e o seu formidável
os “Dez Mandamentos”? Quem sabe a História de um grande amor de um belo casal
de Pioneiros? Um Romeu e Julieta de farda? Um longa-metragem? Nunca chegaria
aos pés de Fellini, Bergman ou Bertolucci. Arrogante e atrevido me pus a
pensar. Na minha imaginação burlescamente dei inicio ao passeio pensante de um
reles escritor querendo ser um cineasta escoteiro. Criador de fantasias
Badenianas lá fui eu imaginar como um tolo audacioso o tipo de filme que eu
iria fazer. Um filme de aventuras? Nele não caberia John Wayne e suas destemidas
histórias no western americano. Montava peça por peça, parte por parte um
arcabouço de um filme pensado por um produtor e diretor que se arvorou em ser
um reles contador de histórias tiradas da sua imaginação.
- Por
favor, não ria, não estou blefando... Se outros famosos cineastas fizeram sua
obra prima, porque eu um reles e vivido Velho Lobo, um cansado “Impisa” que chamavam
de “O Lobo que nunca dorme” não faria o meu? Me via pisando nas teias
simplistas de um futuro apoteótico e fazer o filme Escoteiro dos meus sonhos. O
que viria primeiro, o título ou o enredo? Criar diálogos e monólogos e ser jocosamente
espirituoso para fazer um roteiro quem sabe melhor que os famosos diretores do
Cinema do ontem e do hoje... - Não seria uma das minhas velhas histórias de
aventuras escoteiras. Teria que ser uma nova, onde o personagem principal não seria
eu e nem alguns dos meus amigos que já partiram para além da eternidade. Onde
então eu iria buscar um tema que pudesse prender os leitores, ou melhor, os
espectadores por uma ou duas horas de entretenimento em uma pequena sala de
espetáculos de um bairro de periferia? Sabia que nos grandes conglomerados
cinematográficos meu filme não iria passar... Arriba caro Chefe! Mexa-se! E lá
fui eu voltando no tempo, nas asas de minha imaginação em cada trilha em cada
curva do caminho do alvorecer, no campo sem volta de um mal me quer acidentado.
Andei pelas campinas verdejante de Derribadinha, nas margens do meu querido Rio
Doce, nas matas do Tenente e fui até no Pico do Itacolomi a procura de alguém
que me contasse uma história... Um enredo lindo e com um final feliz! Ou será
que não?
- Iria
precisar de verbas... A Ancine iria subsidiar? Se não tenho cacife nem para editar
um livro, contar uma história no You Tube e mal consigo transcrever meus
alfarrábios em páginas absolutas das redes sociais como fazer ou criar? Como pensar
diferente das normas regimentais cinematográficas sem que seja um plágio criando
um novo tempo, uma nova história para filmar... Deixei minha mente passear por
plagas distantes, e sem sarcasmo idealizei uma epopeia no Transvall com a
figura estonteante de Baden-Powell e seus amigos Zulus... Lá fui eu novamente
buscar a cidade sitiada de Mafeking, na luta corpo a corpo com os Bôeres sem
vencidos e vencedores... Seria esse o ponto de partida? Porque não a história
de Zeferino, velho Chefe que resolveu acampar em pelejas na serra alcantilada e
se perdeu sem saber voltar ao campo onde armou sua barraca? Nem mesmo a
Prismática ajudou a achar Rosaldo seu Monitor amigo e protetor. Quem sabe
a história de Mancebo, aquele Velho Balu que não querendo mais hibernar em sua
caverna sonhava em fazer seu ultimo acampamento? Diziam que estava velho e
gordo e isto estava fora de cogitação. Dia e noite ele só falava nisto. Era
muito conhecido. Entrou como lobo e nunca mais saiu. Agora aos 85 anos
aposentado claudicava, tremia, respira mal e sua voz quase não se entendia. Acordou
com um sonho que tinha ido acampar. Ficou com o sonho na mente. Sorria ao
pensar no seu último acampamento. Se morrer acampando morrerei feliz ele dizia...
-
Ora... Histórias... Enredo... Pedaços de vida sofrida ou cantante de alguém que
errante um dia promessou e nunca mais queria olvidar... Bom bocado de
escotismo, calos a mostra, esculacho de um conto que nem sei por onde começar.
Será que foi seu treco, seu apetrecho mochileiro seu molejo de pano enchido de
coisas que nem existe mais que me deu esta sina de começar e não poder
terminar? Quem iria escrever? Eu mesmo? Sem patrocínio? Um empréstimo no mundo de
sonhos escoteiros que vivi e criei? Seria um mal acontecido, um aborrecimento
qualquer, um amor perdido na montanha dos desejos esquecidos? A história teria
chapelão? Farda e botina Vulcabrás? Teria lenço de Gilwell, teria muitos ah? Bolas!
Nem sei no que pensar... Piso no chão dolente e vejo uma estrada longa demais.
O filme? Fica guardado quando estiver morando em Capella minha estrela e quem sabe
lá terei verbas da Ancine, terei assistentes, parafernália eletrônica, gente
bonita, gente bondosa, gente alegre para me ajudar... – Boquiaberto vejo o
Assistente de direção dizendo: - Chefe! Cena um. O filme vai começar... Luz,
câmara... Ação!
E sem
registro no Ministério governamental, sem direção e sem a orquestra de Glenn Miller...
Sem título para acompanhar... As filmagens vão começar! Sei que não vai
aparecer na “Ilustrada” no Festival de Cannes e nem no Sundance Film Festival. Afinal
a histórias não tem cacife para alcançar um “Oscar”. O filme seria escrito por
mãos desconhecidas e não era o épico de Cecil B. Mille ou a linda história de
amor de Bergman ou Fellini... Nem mesmo um faroeste de John Ford, com trilha
sonora de Henry Morricone... Meus sonhos não irão morrer. Aos sons eternos de
um Rataplã de uma inesquecível história, contada por mim, dirigida por ”eu”,
nas pradarias do Sol Nascente, lá onde o Pico da Bandeira sorriu, quando a
Nacional subiu levada pelo vento nas alturas do tronco do Ipê Rosa, esquecida
no momento de uma historia um filme que não teve fim nem começo... E que nunca
existiu... Já no final da “Ultima Sessão de Cinema” alguém gritou! Chefe Osvaldo! A bandeira em saudação!