quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Histórias em volta de uma fogueira. A última sessão de cinema... (The last soldier of Mafeking!).




Histórias em volta de uma fogueira.A última sessão de cinema...
(The last soldier of Mafeking!).

... – “Uma breve parada no tempo”. Às vezes o corpo não ajuda, a mente fraqueja e hibernar é a melhor coisa a fazer. Neste breve espaço de tempo aproveitei para escrever. Se não publiquei meu livro e nem contei Histórias no You Tube criativo como sou porque não fazer um filme? Só mesmo na minha imaginação, mas que teria um final apoteótico do Velho Chefe Escoteiro... Teria... Oh! Se teria!

- Com os olhos cerrados, deitado na cadeira da praia da minha imaginação, displicentemente eu olhava as ondas do mar que batiam de leve nas areias brancas no seu vai e vem constante. Pensativo em minha meditação ali estava eu em sonhos como se fosse uma doce ilusão, uma fantasia, uma miragem do que pensava em fazer... Um filme... Um belo filme escoteiro. Sorria para mim mesmo... Mas quem era eu? Fracassado na edição de um livro, frustrado em contar uma história que não houve no You Tube teria a audácia de fazer um filme? Que tipo de filme? Um épico? Poderia me igualar a Cecil B. de Mille e o seu formidável os “Dez Mandamentos”? Quem sabe a História de um grande amor de um belo casal de Pioneiros? Um Romeu e Julieta de farda? Um longa-metragem? Nunca chegaria aos pés de Fellini, Bergman ou Bertolucci. Arrogante e atrevido me pus a pensar. Na minha imaginação burlescamente dei inicio ao passeio pensante de um reles escritor querendo ser um cineasta escoteiro. Criador de fantasias Badenianas lá fui eu imaginar como um tolo audacioso o tipo de filme que eu iria fazer. Um filme de aventuras? Nele não caberia John Wayne e suas destemidas histórias no western americano. Montava peça por peça, parte por parte um arcabouço de um filme pensado por um produtor e diretor que se arvorou em ser um reles contador de histórias tiradas da sua imaginação.

- Por favor, não ria, não estou blefando... Se outros famosos cineastas fizeram sua obra prima, porque eu um reles e vivido Velho Lobo, um cansado “Impisa” que chamavam de “O Lobo que nunca dorme” não faria o meu? Me via pisando nas teias simplistas de um futuro apoteótico e fazer o filme Escoteiro dos meus sonhos. O que viria primeiro, o título ou o enredo? Criar diálogos e monólogos e ser jocosamente espirituoso para fazer um roteiro quem sabe melhor que os famosos diretores do Cinema do ontem e do hoje... - Não seria uma das minhas velhas histórias de aventuras escoteiras. Teria que ser uma nova, onde o personagem principal não seria eu e nem alguns dos meus amigos que já partiram para além da eternidade. Onde então eu iria buscar um tema que pudesse prender os leitores, ou melhor, os espectadores por uma ou duas horas de entretenimento em uma pequena sala de espetáculos de um bairro de periferia? Sabia que nos grandes conglomerados cinematográficos meu filme não iria passar... Arriba caro Chefe! Mexa-se! E lá fui eu voltando no tempo, nas asas de minha imaginação em cada trilha em cada curva do caminho do alvorecer, no campo sem volta de um mal me quer acidentado. Andei pelas campinas verdejante de Derribadinha, nas margens do meu querido Rio Doce, nas matas do Tenente e fui até no Pico do Itacolomi a procura de alguém que me contasse uma história... Um enredo lindo e com um final feliz! Ou será que não?

- Iria precisar de verbas... A Ancine iria subsidiar? Se não tenho cacife nem para editar um livro, contar uma história no You Tube e mal consigo transcrever meus alfarrábios em páginas absolutas das redes sociais como fazer ou criar? Como pensar diferente das normas regimentais cinematográficas sem que seja um plágio criando um novo tempo, uma nova história para filmar... Deixei minha mente passear por plagas distantes, e sem sarcasmo idealizei uma epopeia no Transvall com a figura estonteante de Baden-Powell e seus amigos Zulus... Lá fui eu novamente buscar a cidade sitiada de Mafeking, na luta corpo a corpo com os Bôeres sem vencidos e vencedores... Seria esse o ponto de partida? Porque não a história de Zeferino, velho Chefe que resolveu acampar em pelejas na serra alcantilada e se perdeu sem saber voltar ao campo onde armou sua barraca? Nem mesmo a Prismática ajudou a achar Rosaldo seu Monitor amigo e protetor. Quem sabe a história de Mancebo, aquele Velho Balu que não querendo mais hibernar em sua caverna sonhava em fazer seu ultimo acampamento? Diziam que estava velho e gordo e isto estava fora de cogitação. Dia e noite ele só falava nisto. Era muito conhecido. Entrou como lobo e nunca mais saiu. Agora aos 85 anos aposentado claudicava, tremia, respira mal e sua voz quase não se entendia. Acordou com um sonho que tinha ido acampar. Ficou com o sonho na mente. Sorria ao pensar no seu último acampamento. Se morrer acampando morrerei feliz ele dizia...

- Ora... Histórias... Enredo... Pedaços de vida sofrida ou cantante de alguém que errante um dia promessou e nunca mais queria olvidar... Bom bocado de escotismo, calos a mostra, esculacho de um conto que nem sei por onde começar. Será que foi seu treco, seu apetrecho mochileiro seu molejo de pano enchido de coisas que nem existe mais que me deu esta sina de começar e não poder terminar? Quem iria escrever? Eu mesmo? Sem patrocínio? Um empréstimo no mundo de sonhos escoteiros que vivi e criei? Seria um mal acontecido, um aborrecimento qualquer, um amor perdido na montanha dos desejos esquecidos? A história teria chapelão? Farda e botina Vulcabrás? Teria lenço de Gilwell, teria muitos ah? Bolas! Nem sei no que pensar... Piso no chão dolente e vejo uma estrada longa demais. O filme? Fica guardado quando estiver morando em Capella minha estrela e quem sabe lá terei verbas da Ancine, terei assistentes, parafernália eletrônica, gente bonita, gente bondosa, gente alegre para me ajudar... – Boquiaberto vejo o Assistente de direção dizendo: - Chefe! Cena um. O filme vai começar... Luz, câmara... Ação!

E sem registro no Ministério governamental, sem direção e sem a orquestra de Glenn Miller... Sem título para acompanhar... As filmagens vão começar! Sei que não vai aparecer na “Ilustrada” no Festival de Cannes e nem no Sundance Film Festival. Afinal a histórias não tem cacife para alcançar um “Oscar”. O filme seria escrito por mãos desconhecidas e não era o épico de Cecil B. Mille ou a linda história de amor de Bergman ou Fellini... Nem mesmo um faroeste de John Ford, com trilha sonora de Henry Morricone... Meus sonhos não irão morrer. Aos sons eternos de um Rataplã de uma inesquecível história, contada por mim, dirigida por ”eu”, nas pradarias do Sol Nascente, lá onde o Pico da Bandeira sorriu, quando a Nacional subiu levada pelo vento nas alturas do tronco do Ipê Rosa, esquecida no momento de uma historia um filme que não teve fim nem começo... E que nunca existiu... Já no final da “Ultima Sessão de Cinema” alguém gritou!  Chefe Osvaldo! A bandeira em saudação!