78 anos de
vida. Valeu e se valeu!
Todos passam por isso...
Afinal nascemos e morremos queira ou não. Quando pequerrucho sonhava em
crescer, andar por aí, viver a vida de um menino de 3, 4, 5 e seis anos. Quase
entrando nos sete Lobeando eis que entrei nos escoteiros. Nunca mais quis sair
de Seeonee. Achei que iria viver lá para sempre. Mas o dia chegou. Na promessa Escoteiro
orgulhoso eu prometi pela minha honra. Não iria fazer o Melhor Possível. Isso
eu fiz nos lobos da Selva. E veio a segunda e a primeira classe. Eita vida boa!
E os anos foram passando. Não queria crescer, a vida Badeniana na juventude era
meu arco íris meu bem querer.
Mas um dia os quinze
anos entrou na minha vida. Seniorando parti para as grandes aventuras.
Bicicletei usei meu Vulcabrás, minha capa preta que Vovó me deu. Amava o que
fazia. 17 anos... João Boca Larga, Tãozinho e Darcy me chamaram para uma
reunião. Vado Escoteiro! É hora de Pioneirar. Serra da Mantiqueira, Agulhas
Negras, Piedade, Mata do Tenente, Rio Doce, das Velhas, Velho Chico grutas sem
fim. Raios que o parta, foram serras e aventuras demais. Cacique Itagiba era meu
amigo e aconselhador. Adorava atravessar o Rio Doce em um caiaque em Crenaque
para ir fazer uma visita. E foi então que eu fui fazer curso. Danado de CAB
(curso de Adestramento Básico). Engoli ensinamentos pelas estribeiras e virei
Chefe.
E assim cresci e
gostosamente fui ser Chefe de lobos, de escoteiros. Chefaiando me divertia como
se fosse menino escoteiro dos velhos tempos. Surpreendentemente convidaram-me
para ser o chefão de um Estado. Deram-me um lenço esquisito dizendo ser de
Gilwell e me encheram de medalhas. Ah! Nada como ser chefão as medalhas vem às
pencas depois oh! Só registrado e se pagar! Kkkk. Três tacos, quatro tacos, nem
sabia do quinto e o sexto taco de BP. Dava curso aqui, curso ali e um dia me
mandaram embora. Outro Regional. Eu não nadava em suas águas. Foram cinco
Grupos, um em Governador Valadares onde comecei minha saga escoteira, outro em
BH, outro em Pirapora, outro em Coronel Fabriciano e dois em São Paulo.
E o tempo oh! O tempo não
perdoava. 30, 40, 50 anos e larguei o cachimbo. Tinha uma coleção, inglês,
Irlandês, italiano, australiano, alemão e dois feitos pela turma de Fidel. 60
anos hora de aposentar meus passos no campo escoteiramente. As pernas nas
jornadas da vida não eram as mesmas. E supimpa! Tornei-me um pseudo escritor.
Daqueles marrentos que só falam em escotismo. E veio os setenta. Até aonde
chegarei? - Me perguntava. Esparramava-me na maquina Olivetti, até que fui
presenteado por um bólido chamado computador. Um conto, dois, cem, mil, dois
mil quatro e perdi a conta. Acordava as duas da madruga quando dizia “Eureka” e
não podia perder a imaginação nas trilhas de uma história.
71, 74, 76 e gostosamente
passei a frequentar Universidades do SUS e Pronto Socorro. Cada uma tirada das
caldeiras infernais que os pacientes do SUS enfrentam. Melhorava, voltava,
melhorava voltava, mas nunca sem dar meus passos, minhas jornadas de duzentos a
mil metros todo dia. Adoro até hoje aprecio uma boa caminhada. 77. Achei que
seria o último. Não foi. 78 chegou. Maldosamente escrevi 2018 em vez de 2019.
Poucos que leram estavam Sempre Alerta. Tudo bem atravessei o 9 de 2019 maravilhado
com tantas lembranças. Amigos encheram minhas páginas de parabéns. Fui obrigado
a pensar em fazer 79 e quem sabe oitenta.
Ancião para mim é
quando se chega aos oitenta. Pretendo ser um. Vou chegar? Já pedi ao meu papai
do céu que me abençoe no dia 09 de janeiro de 2021. Prometo que vou vestir meu
uniforme, pegar meu bastão, meu chapelão e pisar de leve na escadaria do monumento
no Ipiranga e gritar Sempre Alerta dez vezes! Em seguida tirar minha faquinha mundial
da cintura e gritar novamente - Independência Escoteira ou morte! Abaixo a
Corte Escoteira! Serei preso? Considerado louco? Nessa hora me lembrarei de
Martin Luther King e sua frase:
“É melhor tentar e
falhar, que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão
que sentar-se, fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em
dias frios em casa me esconder. Prefiro ser feliz embora louco, que em
conformidade... Viver!”.
A todos que se
lembraram de mim muito obrigado. Espero vocês em 09 de janeiro de 2020 e 2021.
Não sei se até lá estarei dizendo adeus, mas a canção diz: - Turma, não é mais
que um até logo, bem cedo nas estrelas tornaremos a nos ver!