Uma conversa
ao pé do fogo.
Apenas uma
mesa de acampamento.
Prologo: - Todos são peças
importantes no trabalho em equipe, cada um representa uma pequena parcela do
resultado final, quando um falha, todos devem se unir, para sua reconstrução.
(Salvador Faria).
Era uma
mesa simples. Nada diferente de tantas que ele um dia viu fazer. Era sua
primeira. Teve a permissão de construí-la sozinho. Gentileza do Monitor. Era um
desafio que ele mesmo fez para si. O Monitor lhe disse onde seria o campo da
patrulha. – Se for fazer a mesa escoteiro faça perto da cozinha. Viu os demais
patrulheiros seus amigos planejando e fazendo atividades mil. Sabia que sempre
fora assim. Em casa planejou, matutou, desenhou e calculou. Pensou como seria.
Quantas achas de madeira, quantos bambus. Multiplicou, fez da álgebra a parte
final para não errar as medidas de sua primeira construção.
Mãos a
obra. Uma machadinha e um facão eram instrumentos preciosos. Próximo ao
bambuzal viu dois eucaliptos. Estavam autorizados no corte. Quando o primeiro
caiu ele ia gritar “madeira”! Mas sentiu tristeza, pois ele sabia que a árvore morrera
nas mãos de um Escoteiro. Alguém lhe disse que cortando vinte centímetros acima
da terra as mudas ao redor dariam outras três. Não ajudou, mas deu para
esquecer a tristeza momentânea.
Arrastou
os dois pés de eucalipto por trezentos metros. Longe. Não foi fácil. Voltou
para pegar os bambus que havia cortado. Nada de sobra, nada de faltar. Fez um feixe
e foi para seu lugar onde iria trabalhar. Tirou a camisa escoteira tirou o
lenço. Sabia que não se colocava o lenço sem estar uniformizado. O sol a pino,
mas não dizem que os Escoteiros não se assustam com nada? Uma estaca e lá esta
ele cortando e medindo sua madeira e bambus. Tudo pronto agora era fazer os
buracos. Seriam quatro. Quarenta centímetros de fundo no mínimo para que a base
fique forte.
Uma hora,
duas três. Estava terminando. Quantas amarras deu? Quantos nós fez? Era hora de
fazer simultaneamente duas costuras de arremate no seu tampo da mesa. O suor
não perdoava. Correu até o regato e lavou o rosto, ajoelhou na beirada e bebeu da
água cristalina pausadamente com a própria boca. Olhou de longe sua construção.
Foi mais perto, pôs a mão na cintura fazendo pose. Olhou de um lado, passou
para o outro.
O
Escoteiro estava deslumbrado com o que fez. Ninguém na patrulha observou ou
elogiou. Puderas afinal isto era uma rotina de todos os acampamentos, mas não
para ele. Sorriu satisfeito. Pegou a lona, jogou pela viga mestra, já tinha
fincado a primeira forquilha. Ele ria da lona torta. Aguarde dona lona, ele
disse. Mais quatro espeques. Pronto. Podia chover canivete. Sorriu quando o
monitor lhe deu uns tapinhas leve nas costas dizendo – Parabéns!
No jantar
viu quando todos pegaram seus pratos suas canecas e se dirigiram para a mesa.
Ele foi o último. Queria vê-los todos em volta e sentados. Um espetáculo a
parte de quem fez. Oraram. “Senhor obrigado por esta refeição, obrigado pela
natureza bela que nos deu para viver uns dias, obrigado senhor pela água
límpida do córrego, obrigado senhor pela noite, pelos vagalumes e pela Dona
Coruja que vai nos olhar com seus olhos espantados”. Amem!
Ele
baixinho completou: - E pela força que me deu por ter feito a sala de jantar da
patrulha. Obrigado Senhor. À noite deitado na grama olhando o piscar das
estrelas, pensou consigo mesmo sorrindo. Quem dos meus amigos vai entender tudo
isso? Perguntou para sí próprio. A dor dos ossos da junta reclamante, dos calos
nas mãos ele sabia que iriam fazer efeitos no dia seguinte. Os ossos do corpo
doíam e iam piorar, mas ele não se importava.
Hora de
dormir, disse o Monitor. Ele sorriu para seu amigo Monitor. Sabia que não fora
um pária... Tinha feito sua parte. Ele entendeu agora quando o Monitor explicou
que eram uma equipe, uma Patrulha. Todos colaboram para que a Patrulha possa
ter sua casa, seu lar assim era o Campo de Patrulha.
Dormiu
feito um anjo e sabia que este dia seria para ele o inicio de muitos outros que
iria mostrar a força de um trabalho em equipe. Amava sua patrulha e por ela
daria sua vida. Agora ele sabia como era bom ser Escoteiro e feliz ajudando aos
outros e ajudando a sí mesmo!