terça-feira, 9 de julho de 2019

Contos de Fogo de Conselho. Eu peguei um pé de vento para ser feliz!




Contos de Fogo de Conselho.
Eu peguei um pé de vento para ser feliz!

Prólogo: - Nunca troque o que mais quer na vida por aquilo que mais quer no momento. Momentos passam, a vida continua...
                                                
                   Olhei pela janela e um pé de vento passou por mim. Não podia perder esta carona. Já tinha colocado meu uniforme, meu chapéu de abas largas meu lenço e meu cantil. Até cantava a canção que dizia que meu chapéu tem três pontas. Soube que um Chefe cantava dizendo que tinha três bicos. Não importa. Corri até o quarto amochilei a supimpa às costas peguei meu bastão encantado e parti. O pé de vento ia longe. Consegui alcançá-lo entrando na poeira mágica que ele deixava. A poeira me levou a cantos e recantos e com aquele seu “jeitão” escoteiro sorriu dizendo: - Corra, vamos atrás, e se alcançar ela lhe dará uma carona até o Vale da Felicidade. Eu sonhava me perdia em devaneios pensando ir um dia conhecer o Vale. Um Pintassilgo me disse que no vale só entra escoteiros de coração de ouro e puro nas suas palavras. Uma borboleta dourada colhendo néctar das flores foi logo me dizendo: - Escoteiro para entrar no Vale, tem que ter autorização. Quem sabe consegue uma na terra dos anciãos? Não perguntei onde eles moravam, eu sabia que a vida nos leva a lugares nunca imaginados e eu era forte o suficiente para mudar o mundo. Eu queria ser feliz e precisava entrar no vale da Felicidade para alcançar o meu desejo. Eu sabia que os momentos em nossas vidas são mágicos e cabe a cada um de nós, deixa-los mais marcantes fazendo o que precisamos fazer.

                  Na esquina da esperança encontrei de novo o pé de vento. Ele não se fez de rogado. - Suba se acredita que isto o fará feliz e que poderá fazer alguém feliz aí sim a carona é sua. Na viagem pelo céu azul, o pé de vento me dizia sorrindo: Escoteiro todos nós estamos à busca do mesmo sonho. Muito amor, amizade, paz, esperança, afeto tudo porque pensamos que assim seremos felizes. Embarcamos no vento sul e partimos para Sudoeste. Era lá que iria encontrar os anciãos para me autorizar a entrar no Vale da Felicidade. Eu acreditava que curtir o que de melhor a vida oferece seria como viver o ultimo dia de nossas vidas. Eu sabia que a vida é curta e seu caminho é longo. Já me contaram que às vezes precisamos aprender a sorrir, chorar, amar, sofrer e a renascer. Só assim poderíamos encontrar os nossos sonhos. Poetei um sonho lembrando que o ontem passou e o amanhã talvez nunca chegue.

                Ao passar em uma constelação linda e cheia de luzes coloridas o pé de vento naquele espaço infinito gritou para mim: - Pegue três estrelas, coloque no bolso da vida. Se a lua passar não deixe que ela se vá. Use seu cabo trançado e a leve com você. Lá na curva do caminho para o espaço sideral salte e siga no rumo da constelação zodiacal. Vais encontrar os anciãos que poderão lhe dar permissão ou não. Fui em frente. Estava equipado. No bolso eu levava três estrelas, na mochila guardei a lua. Se encontrasse o sol ele iria me acompanhar, pois sempre foi meu amigo nas andanças e caminhadas que fiz. Se precisasse de barraca o céu estaria à disposição. Se a chuva viesse eu seria Escoteiro para dizer: Bem vinda, as plantas agradecem. Como se fosse uma nau sem rumo o pé de vento me soltou e rodopiei no ar caindo sem perceber em um universo cheio de brilho e faíscas que me lembravam das noites de inverno à beira de uma fogueira em um acampamento qualquer.

                Avistei ao longe a Montanha dos Sete Desejos. Linda, maravilhosamente atraente para qualquer Escoteiro sonhador. Passou por mim uma nuvem branca em forma de amor. Saltei e ela me conduziu ao destino que tinha escolhido. Era lindo demais. Não podia ser uma miragem ou uma visão incompleta do que pensava ser a felicidade. Como se materializasse em minha frente, uma senhora de idade indefinida, trazida quem sabe pelo vento, de extraordinária beleza, cabeços prateados em coque, sorriso maravilhoso, um lenço azul brilhante preso por um anel dourado e com o colar da Insígnia me olhava docemente. Com uma voz meiga, simples, sem afetação me olhou e disse: - Quer entrar no vale da Felicidade? Tem maturidade suficiente para dizer – Eu errei? Tem ousadia escoteira para dizer – Me perdoe? Tem sensibilidade para expressar a todos dizendo: - Eu preciso de você? Seria capaz de dizer com simplicidade ao seu irmão Escoteiro: Eu te amo? E por acaso quando errar o caminho saberá começar tudo de novo? Se disser sim sei que é um Escoteiro merecedor, apaixonado pela vida e assim vai descobrir que ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas saberá usar as lagrimas para irrigar a tolerância. Usará as perdas para refinar a paciência. Irá corrigir suas falhas para esculpir a serenidade e quem sabe vai usar a dor para lapidar o prazer. Se fizer assim se usar os obstáculos para abrir às janelas da inteligência as portas do Vale da Felicidade estarão abertas para você!

                     Foi então que descobri que tudo fora um sonho. Acordava com o sol a pino em minha barraca no meu acampamento imortal. Lá fora meus amigos de todos os tempos trabalhavam para limpar o campo, fazer o café, na subida da montanha vi o Lobo Guará uivando como a dizer:
- Escoteiro parte do dia já se passou, mas ainda há muitos dias pela frente. Levante, avante, faça sua boa ação! Se ainda não fez, faça se ainda não foi, vá! Não deixe para logo ou para amanhã o que você acha que precisa ser feito, procurado, encontrado. Este é o momento para viver, para ser feliz, não depois, logo ou amanhã, pois agora você pode, mas o depois ninguém pode garantir como será. Então agarre o momento, as oportunidades, crie o que não existe e seja feliz!