Afinal para que serve o Escotismo?
... – Boa pergunta. Quantas vezes
somos indagados sobre esta frase? Moço, para que serve o escotismo? A gente
olha quem nos “pregunta”, fuça na mente e procura uma resposta de acordo com quem
nos arguiu. Se for em tom de troça dá vontade de soquear, se é sério
respondemos sério e tem aquele Chefe que em passeio no parque com seus jovens,
abre um sorriso, bate nos joelhos e diz: - Pelo amor de Deus! Não sabe quem
somos nós? E aí ele começa a palrear esquecendo dos seus jovens e tentando
convencer o impoluto perguntador que não existe nada igual ao Escotismo, seu
duvida seu moço só entrando para ver e entender! – Tem aqueles mais
catedráticos, mensurados na ideologia escoteira que chamam de pedagogia (tão em
moda) e vão lá no fundo do site Uebeano e respondem: - Senhor! (tem uns que
dizem Sir!) É um movimento onde os jovens são protagonistas. Constroem um mundo
melhor. Adoram a natureza. Fazem questão de trabalhar em equipe. Ajuda o
próximo. Saiba Sir que o escotismo tem uma proposta educativa própria, mantem
os jovens motivados com jogos e atividades! Ufa! Depois dessa ele agora é um
mestre escoteiro sem saber!
- Mas tem outros, os mais novos, imbuídos
no espírito de fraternidade escoteira, são jovens são senhores e senhoras imberbes
com seus vinte quarenta anos, alguns motivados pelo calor da juventude, se
orgulhando de seus filhos escoteirando e sorrindo completa, Moço eles adoram. –
E vão mais além... Escotismo? Respondem com um sorriso franco, gostoso, ajeitam
o lenço e declamam em versos como se fossem Olavo Bilac nos seus tempos a
palrear sobre Escotismo... - O Escotismo é um movimento que tem como principal
objetivo ser uma atividade educacional voltada exclusivamente para crianças e
jovens. E dá aquele sorriso como se agora ele também é um daqueles que
pertencem a Grande Fraternidade Mundial. Veja que até agora nenhum falou em
Baden-Powell. A maioria já ouviu falar, mas tem alguns que não gostam de
Generais, de desfile, de treinos de ordem unida e soube de outros que tremem
quando o Monitor diz: - Patrulha firme! Cobrir! Descansar!
- Mas eu gosto mesmo é do Zé das
Quantas, aquele carroceiro vendedor de areia retirada do Rio das Velhas,
morador de Brejo Seco que adora o Escoteirinho sonhador. Quando vai até Jardim
das Piranhas (existe e é no Rio Grande do Norte) para comprar coisas que em
Brejo Seco não tem, sempre vai de uniforme. Afinal roupa de missa é prá missa e
fora ela só tem o calção que ganhou do Seu Zé Pindoba e a camisa ganha do Prefeito
Picolé Azedo. É comum perguntarem a ele o que é escotismo. Ele gosta, ri, olha
direto nos olhos (aprendeu que assim há mais sinceridade) e diz: - Moço foi um
tal de um General Inglês de nome Baden-Powell (o nome ele sabe, aprendeu e leu)
foi em 1909 que ele viu meninos correndo nos bosques de sua cidade por causa
dos livros que escreveu chamado de “Aids to Scout” Escotismo para rapazes. Ele
dizia que para ser escoteiro tem de cumprir uma lei que é linda demais, a gente
faz uma promessa prometendo pela honra para cumprir a lei amor à pátria e a Deus.
E ele continua... Moço o que se
precisa saber para ser um bom escoteiro é que acampar é a parte mais alegre da
vida de um escoteiro. Viver neste ar livre que Deus nos deu, entre colinas e árvores,
pássaros e animais, junto ao mar e aos rios, viver com a natureza tendo sua
pequena casa de lona, preparando sua própria comida e explorando a florestas
para aprender mais. Aprende-se a fazer
fazendo e se educa a cada dia que vive escoteirando. Isso moço trás saúde e
felicidade num grau que nunca se consegue entre tijolos e a fumaça da cidade. Excursionar,
e quando penetramos cada vez mais longe, explorando cada dia, novos lugares, é
uma gloriosa aventura que nos torna mais fortes e rijos, insensíveis ao vento e
a chuva, ao calor e ao frio. Aceitamos moço com uma consciência de nossa
capacidade que nos possibilita enfrentar qualquer dificuldade com um sorriso,
pois sabemos que venceremos no fim. Aprendemos a armar uma barraca, preparar um
abrigo, cozinhar, amarrar troncos a fim de fazer uma ponte ou jangada, e
encontrar o caminho a seguir dia ou de noite, em lugares estranhos... Moço,
amamos a noite as estrelas e o firmamento.
Era assim Zé das Quantas, afinal pouco
leu no site dos escoteiros, das palavras bonitas e da tal Pedagogia Escoteira. Ele
poderia se tivesse lido completar dizendo: Moço afinal o que nos faz quando
jovens sermos escoteiros é que nossa atividade nos garante a diversão, já que o
local onde se pratica o escotismo é em regiões afastadas como se fossem uma
selva e ali realizamos nosso desejo de aventura, fazemos brincadeiras e
esquecemos das facilidades tecnológicas tão oferecidas a juventude de hoje. Lembrei
que há algum tempo um Chefe escoteiro lendo um artigo meu, me disse: - Chefe,
não vejo a diferença onde está o escotismo simples de raiz de outrora comparado
com o de hoje. Sou novo no escotismo, cinco anos, pedagogo e estudioso da
metodologia escoteira. Eu amo o escotismo como qualquer um. Estudei cada livro
de Baden-Powell, fiz curso, atuo em um grupo e posso me comparar a um antigo
escoteiro, portanto não aceito o termo que diz que o melhor escotismo era o de
antigamente. Pensei com meus botões, ele estava certo. Pena que isso foi há
seis anos e hoje não está mais no escotismo. Pois é...
Às vezes tento imaginar o novo
escotismo e compará-lo ao antigo. Não dá para comparar. Cada tempo tem seu
tempo. Cada jovem vive seu momento e o escotismo do jovem de hoje é tão bom
como foi o meu do passado distante. Mas este não é o tema que pretendo narrar
aqui. O tema é que como dizemos aos convivas cidadãos o que é o Escotismo. Se
perguntarmos a cada um dos chefes o que é teremos centenas de respostas. Deixo
de lado aquelas padrões, modelos tão sobejamente utilizados. Tive a felicidade
de ver muitos sorrindo dizer seu amor ao escotismo que praticam. Nem pretendo
discorrer do porque a maioria dos nossos poetas, pensadores, doutores e
docentes nos meios educacionais e filosóficos não tem aquela fleuma de outros
em um passado distante que diziam que o escotismo é lindo, deveria ser
praticado por toda a juventude, mais valorizado e que sua metodologia tem por
base o que de mais lindo existe no mundo... “A Fraternidade”.
Não sou um filosofo escoteiro para
narrar suas potencialidades competência em formar jovens, de uma maneira
diferente de tudo que se conhece. Em um tempo muito distante fui convidado
várias vezes para falar de escotismo em diversas cidades mineiras. Eu fechava
os olhos e voltava no meu tempo de menino, correndo pelas campinas, marchando
em um vale, subindo montanhas e parando a noite, deitava na grama e perplexo
com minha pequena compreensão, olhava o brilho das estrelas, assoviava baixinho
uma canção e sonhava em voar para além daquela fantástica imaginação. Ah
escotismo! Quem é você? O que nos faz assim tão “abobado” a amar algum que mora
dentro do coração? Aquele amor de menino imberbe, que cresceu e virou homem
continua impoluto, casto nos seus princípios, integro nas suas leis e ainda
puro dentro do possível nos seus pensamentos nas suas palavras e nas suas ações.