domingo, 19 de abril de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. São Escoteiros?




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
São Escoteiros?

... – Este artigo cujo teor é de meses atrás, ainda acontece até hoje. Não vamos generalizar e sei que a maioria age corretamente obedecendo às normas conforme acreditam e orientado pelos seus Dirigentes e APFs. Vez ou outra um ou outro Chefe descontente abre espaço em suas páginas para protestar e exigir seus direitos. Concordo com o que escreveu Cristina que dialogar é escutar o que o outro tem a dizer, sem ficar pensando o que vai responder em seguida. Dialogar é falar com o coração e com a razão também. É respeitar e ser respeitado. “Perfeito”. Não discuto aqui os valores das normas estatutárias e outras resultantes do pensamento de algum líder em seu poder nas artes relevantes de sua associação. Quando o poder for simplificado para “o saber ouvir e compreender” então teremos oportunidade do diálogo e não o monólogo.

Vejamos o que escrevi há meses sobre o tema... - Ontem passeando nas páginas do Facebook deixei de lado as Fake News horríveis, muitas postas por pseudos Chefes Escoteiros (o que não devia acontecer) e me deparei com uma desavença de alguns sobre a posição de uma determinada patente em um Grupo Escoteiro. Comecei a ler os comentários a favor e contra. Tudo começou com um revoltado membro Escoteiro com um Presidente do Grupo que não registrou os membros da diretoria. A discussão chegou às raias da ameaça e da punição. Um bate boca h horrível que não coaduna por quem tem o espírito Escoteiro. São situações análogas que vem acontecendo não frequente, mas existem. Algumas explicações foram entrepostas e um que me parece ser um líder do distrito disse que todas as providencias estavam sendo tomadas. Ameaças veladas no ar. Fiquei pensando nas normas, nos artigos de um estatuto que rege os papas escoteiros de hoje. A discussão foi evoluindo. Se estivem no mesmo local sairiam para o sopapo sem dúvida. Não sei o motivo real, mas seja o que for este tipo de comportamento não coaduna com os princípios escoteiros.

Contra meu modo de agir e me “abiscoitar” como docente escoteiro, coloquei minhas ponderações sobre o motivo da contenda. Falei da amizade, do sexto artigo do direito de agir, falei da fraternidade, da irmandade tão usada pelos dignitários escoteiros. Disse da minha perplexidade de tal discussão ser lida por milhares e milhares de escoteiros do Brasil e do Mundo. Não gosto de dizer que roupa suja se lava em casa... Mas... Parece que se tocaram e retiram a postagem alguns minutos depois. Já vi esse filme. Alguns poucos me escrevem reclamando a mesma coisa. Sou um velho escoteiro de setenta e três anos de escotismo e não um Salomão Escoteiro. Costumo pensar que apesar de ser um leitor emérito de Baden-Powell nunca li que ele disse que para ser escoteiro tem de ter registro, que a associação do país tem de ser reconhecida e registrada por um órgão internacional.

Li sim muito do que escreveu que o escotismo simples dentro das bases do que ele deixou e bem aplicado tem tudo para dar certo na formação da juventude. Deu a fórmula através de um método perfeito. Deu uma Lei e uma Promessa. Disse que para crescermos devemos aprender fazendo. Sempre repetia em seus escritos que o Chefe é exemplo. Os jovens farão o que seu líder faz. Não disse nada sobre registro, sobre Presidente, sobre Diretores e outros badulaques hierárquicos. Falou muito do Chefe. Do Chefe... Sei que não são todos, mas tem uma minoria que deixa a desejar. Ás vezes me olho e olho em volta perguntando? São Escoteiros? São fraternos, convivem em harmonia, procuram ajudar, ouvem e sabem falar na hora certa? Pensam primeiro nos outros? A lealdade acima de tudo, à cortesia e a irmandade do sexto artigo prevalece em suas ações? Acreditam mesmo que são exemplo para conduzir escoteiramente esta moçada no porvir?

Falamos de ética, de honra, de caráter de personalidade de Servir, falamos tanto que essa preocupação em condenar, em exigir normas sem dar oportunidade de correção e sabemos que os órgãos correlatos para isso não são o melhor lugar para usar da palavra e definir uma conclusão. Repito o diálogo e não o monólogo não seria melhor que ameaças? Essas ações dos Dirigentes na mais ampla escala de valores e da ética dentro da hierarquia escoteira não trazem benefício algum. Não concordo com o que colocaram na promessa que nada tem a ver com as idéias de Baden-Powell: “Servir a União dos Escoteiros do Brasil”. Ufa! Se eu quero ser escoteiro e prefiro fazer dentro dos parâmetros que acredito não tenho esse direito? Se não estou agindo dentro da lei existe um caminho correto para resolver. O que não pode é essa intolerância, essa opressão pensando que somos todos soldadinhos do que dizem os estatutos e os mandatários da EB. Ah! Esses líderes de grupo que se acham dono da verdade.

Interessante que minhas páginas e grupos tem participação internacional. São escoteiros e chefes de vários países que leem tais pensamentos transformados em demanda entre um e outro nas páginas das redes sociais. Não sei se em seus países isto acontece. Sem sim que tem alguns deles que costumam discordar e sei também que depois de um bom mediador participar da contenda chegam à conclusão que o importante é o jovem. Ainda estamos na fase troglodita de resolver discórdias? Em um movimento reconhecidamente fraterno? O que valeu a promessa, a lei tão bela e sincera no seu modo de ser. Vez ou outra temos uma voz gritando baixinho, chorosa, respeitosamente saudosa dizendo que está deixando o escotismo. E todos em uníssemos repetem: - Por quê? Difícil entender a voz da razão de cada um. Não importa se vamos chegar aos duzentos mil... Não importa. O importante é manter a ética o respeito e a lealdade com aqueles em volta que consideramos irmãos escoteiros.

Não vou discutir aqui se o registro anual é valido ou não. Não vou discutir também se os Estatutos devem ter as normas da associação para melhor disciplina. Já diz o sétimo artigo que o Escoteiro é obediente e disciplinado, mas não enxovalhado e escravo de uma crendice que não é a sua. Baden-Powell dizia frequente que estamos nos transformando em uma organização burocrática, cheia de poderosos que podem sem sombra de duvida mudar o pensamento mundial que o escotismo é para os jovens, para sua alegria, para sua formação e para que ele tenha no seu pensamento que a Lei Escoteira e a Promessa veio para ficar por toda sua vida. Precisamos repensar o que estamos construindo para o nosso futuro, um dragão guerreiro ou sínteses de jovens com Espírito Escoteiro para que nosso futuro seja o esperado por todos que labutam nas hostes do Escotismo Brasileiro e Mundial.