segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Vendo o dia passar...



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Vendo o dia passar...

Nota: - Apenas reminiscências de um dia de chuva intermitente, vento gelado e o Velho Chefe Escoteiro com a manta de tantos anos escoteirando a meditar aqui um pouco do que pensa e fez na vida.

Lá fora uma garoa “braba”... Não dá para tirar meu pensamento dos guardados da mente e meditar sobre o que vou escrever hoje. “Chove chuva, chove sem parar” musica de quem? Jorge Ben Jor. Canto baixinho tentando entender a letra já que meu amor está comigo até o fim dos meus dias. “Pois eu vou fazer uma prece, prá Deus, nosso Senhor, pra chuva parar de molhar o meu divino amor”. Ela o meu amor é demais.

Dois dias sábado e domingo as voltas com este meu pulmão que me nega o ar que preciso para sobreviver. No corre, corre para o Pronto socorro até que resolveram me internar. Uma noite mal dormida, mal respirada, numa enfermaria de uma UPA cercada por gemidos e pedidos a Deus para melhorarem. Mas ela lá o meu amor ao meu lado me dando “todo carinho e compreensão”. Tentando respirar meu pensamento voou nas altitudes dos Andes onde nunca irei botar os pés a não ser em espírito.

Uma vez escrevi que quando partir desta para melhor não irei morar no Grande Acampamento do céu. Darei uma passada lá para abraçar meus amigos que lá estão, quem sabe se me der à honra dar um aperto de mão a BP e partir rumo às estrelas. Quero conhecer a constelação de Carneiro, porque me dou bem com esse animal. A Constelação da Virgem porque o nome me lembra de alguém. Quem sabe Andrômeda, Pégaso, ou mesmo o Cruzeiro do Sul.

Quero ir além das estrelas para ver o que tem lá e não tenho medo de descobrir. Depois de muitas andanças vou voltar a terra para sentar no topo do Kilimanjaro, dar um oi ao Monte Quênia onde BP admirava nas tardes modorrentas o por do sol na sua querida Paxtu. Voltar a minha terra para ver a Mata do Tenente, a subida do Pico do Ibituruna, a Serra da Piedade, as corredeiras do Rio doce, Crenaque com meus amigos índios, a lagoa das Sombras... É, tem lugar demais para ir se Deus nosso Senhor deixar.

Nestes últimos tempos fiz um balanço em minha vida, na escoteira é claro porque a outra não tenho arrependimentos do que fiz ou deixei de fazer. Sempre sonhei um escotismo de amor, de fraternidade, de cortesia de bondade. Um escotismo de cavalheiros e esse era o escotismo que participei e nunca deixei de participar, mas sem me registrar na EB. A minha querida UEB não é mais o Rataplã do Arrebol. Gosto de falar, de dizer o que penso e sempre me baseado em uma experiência própria na vida escoteira que levei e levo sem admoestações de quem não merece nem um Sempre Alerta.

Às vezes amigos me oferecem o registro em suas unidades locais. Agradeço. Sou escoteiro independente do registro e ninguém tira meu curriculum feito de amor de seriedade com a Lei e a Promessa Escoteira. Não me dediquei e nem irei me dedicar a outra Associação Escoteira a qual respeito e prezo. Mas o escotismo tem tudo para sobreviver independente desta direção inapta, politiqueira em busca de um poder do nada só para deixar escrito o que fizeram o que não tem nada que os deixarão na história.

E a chuva continua... Leve intermitente. Volto à mente nos meus tempos de acampamentos de reuniões profundas, de amizades inesquecíveis, de um sempre alerta amigo e sincero. Ah! O tempo... Sempre é bom lembrar e eis que me vejo em volta de uma fogueira com vários chefes sorridentes de olhos fixos no fogo que é uma chama que embriaga e hipnotiza a que está ali.  

Um silêncio profundo... Uma aragem soprando distraída espalhavam fagulhas no ar. Alguns de olhos fechados sonhavam o impossível viajando em lugares que ninguém poderia imaginar. Joe Lobo saltou de onde estava e todos se assustaram com aquele homenzarrão em pé a sorrir e falar: - Chefes, qualquer caminho que decidam tomar, existe sempre alguém para dizer que vocês estão errados. Existem sempre dificuldades surgindo para que acreditem que as críticas são corretas. Pensem antes de agir, quando uma porta se fecha, outra se abre. Muitas vezes nós ficamos tanto tempo olhando, tristes, para a porta fechada que nem notamos que se abriu outra para nós...

Joe Lobo era “porreta” sabia o ponto certo e a hora certa para comentar. Ele com sua voz sublime encerrou sua fala dizendo... Muitas pessoas entrarão e sairão de suas vidas, mas apenas os amigos verdadeiros deixarão pegadas em seu coração! A fogueira se iluminou. O violão cantou uma canção, sorrisos se espalharam no ar e todos de pé se puseram a aplaudir Joe Lobo, um Chefe Escoteiro de verdade!

Abraços meus amigos e até uma próxima crônica.