domingo, 2 de setembro de 2018

Pensamentos de um Velho Chefe Escoteiro. Meu nome? Osvaldo Ferraz, Se me chamarem Chefe Osvaldo melhor



Pensamentos de um Velho Chefe Escoteiro.
Meu nome? Osvaldo Ferraz, Se me chamarem Chefe Osvaldo melhor.

- Quando menino eu era o “Vado escoteiro” e hoje sou um Velho Escoteiro, maniento, gagá, chato de galocha e condenado pela maneira de ver o escotismo como se vivesse no passado. Continuo pobre como sempre fui, mas orgulhoso. Defendo o escotismo de Baden-Powell o único que considero verdadeiro. Sou formando na Escola da vida e com ela aprendi a ler e a escrever. Não abro mão de certas modernidades que no meu modo de entender desvirtuam toda filosofia Badeniana.

- Ainda acredito em honra, em caráter em assinar com o fio do bigode. Acredito na Palavra do Escoteiro, acredito na lealdade na cortesia e na pureza de qualquer membro que um dia fez a Promessa Escoteira. Costumo ser mordaz quando escrevo meus artigos meus contos e deles não abro mão. Escotismo para mim não tem segredos. Fui madeira, fui cipó, fui barraca, fui sisal nasci artimanhas e engenhocas para divertir a escoteirada.

- Não tenho nenhum documento para provar que ainda sou escoteiro da EB. Não me liguei a outra associação apesar de respeitar todas elas. Sinto-me no direito de ainda ser UEB livre alegre e dono de mim mesmo. Fiz a promessa estando nela e pretendo sair deste mundo com ela. Não abdico meu direito de dizer e escrever o que penso, mesmo que vá de encontro a outras maneiras de pensar. Não irei participar a troco de medalhas e outras bajulações. Não faz parte do meu “metier”. Os cabelos brancos me mostrou outros caminhos e deles faço questão de trilhar.

- Critico com ressalvas o tal escotismo moderno, estas mudanças insensatas onde a maioria nem consultada foi. Critico também esta luta pelo poder desmascarando a face de muitos que juraram ser leais e amigos de todos. Afirmo que muito poderia ser feito, mas não da maneira estapafúrdia como está sendo realizado. Fico triste em pensar que este não seria o caminho pra o sucesso escolhido pelo fundador.

- Tentei com todas minhas forças, mas não consegui fazer uma trilha de flores e água boa para beber no caminho que trilhei. Ainda penso que um dia poderemos ter uma liderança sensata, ouvindo primeiro antes de agir. Onde cada um tem os mesmos direitos sem as lutas odiosas pelo poder do nada há não ser forjar um ego de se considerar superior e o melhor.

- Quer saber? Corro do dinheiro. Fiz escotismo sem ele. Nenhum níquel nenhum vintém, nenhum tostão. Sei que sem ele hoje é impossível dar os passos para uma volta a Gilwell. Sei que é difícil ou quase impossível fazer um escotismo alegre e solto. Dizem que não existem almoço grátis. Concordo, mas eu estou fora. Hasta lá vista Baby!

- Não vendo nada e não tenho distintivos, lenços e outros quesitos para vender. Acredito na troca, no presente de um irmão que queira oferecer a outro irmão escoteiro. Quando me convidam para uma atividade ou uma festa e dão valores ponho a mão no bolso, pego meu cantil e vou por aí bebericar uma bela canção escoteira na beira de um riacho qualquer.

- Nunca fui rico. Gastei sim boa parte do meu soldo colaborando e ajudando os jovens a fazerem seu escotismo com amor. Sei que sem tostões não é fácil nos dias de hoje caminhar escoteirando. Sei que despesas existem. Um Grupo Escoteiro precisa deste metal para sobreviver. Se você gosta de vender trecos escoteiros para seus irmãos de grupo não sou contra. Desculpe não comprar, não é meu “métier”.

- Não “sou chegado” ao caixa alto nos órgãos regionais e da nacional. Corro destas taxas e não aceito cursos cheios de trê-lê-lê sofisticados querendo impressionar. Este não é o escotismo que conheço. Gosto de contribuições simples e elas são bem vindas. Uma lenha um bambu, uma corda uma panela uma lona e um bosque ou floresta tem tudo para fazer um curso nos moldes de Gilwell onde ainda se faz o escotismo que acredito. Não me impressiono com riquezas de sedes monumentais, de salas espaçosas, de prédios suntuosos. Não é o meu escotismo. Para mim a vida ao ar livre são as paredes do meu lar e o céu minha barraca.

- Chuto uma pedra no meio do caminho sem pisar na flor que me olhou de soslaio pedindo uma lágrima para sobreviver. Meus cursos não tiveram taxa e quando foi necessário foram as menores possíveis. Quem pagou? Pergunte a quem correu mundos e fundos para conseguir o metal sem brilho para custear. Errado eu? Sou sim. Até hoje não carrego no bolso uma nota maior que dois ou cinco reais quando vou comprar pão. Sei que nada sem o vil metal anda. Eu sei que ainda tem chefes como eu que fazem tudo para fazer o escotismo andar com suas próprias pernas.

- Bem este sou eu. Quem sabe igual a você. Podem até não gostar de mim... Paciência! Mas eu gosto do escotismo puro nas bases com que foi fundado pelo nosso Líder Mundial. Se você fez a promessa o considero meu irmão de sangue, mesmo que já não esteja fazendo um Crow em um rio Waingunga qualquer. – Tu e eu seremos amigos para sempre!

- Calma com este velho maniento. Logo estarei partindo e quando acontecer serei lembrado por alguns dias e depois esquecido. Minhas palavras e minhas escritas ficarão postergadas no tempo do faz de conta. Faz parte e entendo. De tudo um pouco e de muito que andei por aí a escoteirar sempre repito que nos finalmente o que importa é que fui e ainda sou feliz. Chega de falar de mim! Já me vou. Desculpe a foto. Hoje não sou mais assim.

Um fraterno abraço e um até logo, pois daqui a pouco eu volto e escoteiramente enquanto viver estarei na mesma trilha que vocês! 

Nota – Há dias publiquei um artigo escrito no Blog Café Mateiro. Tratava-se do Imbróglio Escoteiro onde a nata da liderança escoteira nacional meteu os pés pelas mãos. Ainda bem que nas unidades locais (grupos escoteiros) ainda se pratica o escotismo puro nos pensamentos nas palavras e nas ações. Alguém que se sentiu ofendido reclamou ao Facebook que interditou minha página onde o artigo poderia ser lido, mas sem poder comentar curtir ou compartilhar. Querem me calar? Tentem por favor!