quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Um passeio no parque.



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Um passeio no parque.

Prefácio: - Crônica já publicada. Sem inspiração pensei em editar ou postar outra história, outra crônica ou mesmo alguma do Mestre Baden-Powell. Mas é melhor outro dia. Vem aí um feriado. Alguns grupos irão folgar, outros acampar e outros quem sabe irão fazer uma bela atividade aventureira. Desejo sucesso a todos eles.

              Quando eu era mais jovem escrevia minhas histórias e outras “cositas más” usando uma remington, herança da minha Avó e que mais tarde foi trocada por uma Olivetti moderna e elétrica. Ela nunca foi comigo para os acampamentos e atividades aventureiras. Afinal no campo ela não tinha utilidade já que fui para escoteirar e amar a natureza. O tempo foi passando e eis que meu filho compra um computador. Batata! Era o ovo de Colombo para escrever minhas histórias. Nunca pensei que isto seria o meu fim como escriba, Terceiro Escoteiro da Patrulha lobo onde anotava no Livro de Atas da Patrulha e depois como Secretário a anotar as Atas da Diretoria do Grupo. Dizem que fui danadamente bom em datilografia. Mas voltemos à máquina de escrever elétrica e ao computador.

              Quanto papel usei e tentei organizar pelo tanto que datilografei. Mesmo sabendo que sou um aspirante a escritor (ainda não fiz a promessa de escritor e não usei o Jargão da Academia Brasileira de letras). Afinal ninguém é perfeito. A modernidade me pegou de pronto. Aprendi com dificuldade a “mexer com o tal Windows e alguns senões do Office”. E lá se foram os Windows que a cada ano meu filho trocava na minha máquina infernal. Parei no Windows 7. Sei que veio o 8 e tantos mais, mas me divirto com o que entendo. Hoje tenho tudo guardado nos meus arquivos e basta digitar um nome para achar minhas milhares de publicações. Mas parei por aí. Um celular que meu filho deu para a Célia tentei usar, mas só com uma mão para digitar? Nem morto, nem morto!

               O Google e o Facebook com sua sanha de faturar tem hora que me enche as ”paciências”. Muitos da minha idade têm um medo enorme de um computador. Conheço alguns que adoram seu Smartfone e ficam horas com aquele bichinho sem pelúcia alisando e acariciando. Tem nomes hoje da pedagogia moderna inglesa e outras que nem sei pronunciar. Sei, no entanto que os telefoninhos estão revolucionando a terceira idade. Eu um pobre aprendiz prefiro o PC. Necas de celular. Tentaram me ensinar e entrar no Wat shap. Me perdi. E larguei de banda.

               Outro dia um filho veio a minha casa e deixou um Laptop para buscar posteriormente. Olhei o “bicho” toquei de leve como fizeram os macacos no filme 2001 Uma Odisseia no Espaço e pensei: - Porque não aproveitar e levá-lo comigo para escrever em plena natureza do parque onde costumo deixar a mente vagar por entre as flores, as árvores as latinhas lindas já vazias de cerveja ou refrigerante, sentir o perfume das garrafas de plásticos jogadas e adorar os sacos de guloseimas jogados pelo chão? Maravilha! Me pus a campo e lá fui eu.

              Em lá chegando, sentadinho no banco coloquei o Laptop sobre as pernas, testei o teclado e não funcionou. Liguei todos os botões que encontrei e nada. Minha mente fervilhava, pois este era o sinal que a história que criei poderia se perder no meu livro da vida. Tinha tudo montado na mente e o danado do laptop não ligava. Desisti. Não era minha praia. Ainda bem que levo uma canetinha e um bloquinho para anotações. Sempre esqueço e minha memória não é mais a mesma. Escrevi no bloquinho o título do conto: - Menina escoteira porque mora tão longe? Ou seria melhor escrever sobre o Chefe, sobre a Guia ou a Pioneira que conheci? Nada anotei dos dirigentes. Gosto deles. Adoro pegar no pé de cada um.

            Um perfume rodopiou no ar. Vinha do lago. Um odor infalível nas minhas narinas e sons treteiros de zumbidos de insetos que infestavam o ar. Eu já tinha desistido de “Laptorar” e dormitava soberanamente.  Uma vozinha e as mãos me balançando me acordaram. – Moço! Moço! Abri os olhos e olhei para ver quem era. Um pequerrucho dos seus seis ou sete anos me chamando. Onde estaria sua mãe que não via ele me amolando? Olhei para o norte, para o sul, para o leste e para o oeste. Nada. Melhor atender, afinal não dizem que Chefe Escoteiro adora criancinhas? Pois é, eu não fico atrás. Afinal o que seria o escotismo sem elas.

            – Olá garoto, posso ajudar? – Pode! Respondeu de pronto. Posso usar um pouquinho seu laptop? E agora José! Pelas barbas do profeta! Um pestinha de seis anos metendo a mão no “Bicho” do meu filho? E se ele estragar? - Não tinha como dizer não. Eu sabia que não iria funcionar e ele na sua imaginação iria fingir que teclava e faria uma macega de letras e pontos na tela. Nada mais que isto. Ele sentou ao meu lado. Pegou o monstrengo e maravilha! E eis que o pestinha ligou o laptop. Teclava melhor que eu. Entrou no Google, pesquisou um tal Nozinho que era um contador de histórias para meninos.

             - Eu olhava admirado um pequerrucho dando seu show particular. Pensei que ele seria um famoso Hacker quando crescesse. Ele sem me olhar foi no You Tube e ouviu umas musiquinhas esquisitas e por fim foi para sua página no Facebook. Desligou o “bicho” olhou para mim e disse: Moço, ela não me deixou nenhum recado! Será que se esqueceu de mim? – Agradeceu e sorriu com um olhar malicioso e foi embora cantando uma canção de amor. Não me deixes! Amo você para sempre! Seis anos?

          Voltei para casa pensativo. Que mundo eu estava vivendo? Não era mais para mim. Voltei pru meu quartinho para minha máquina grande e adorada e me pus a escrever. – “Moça pioneira, já disse para você que tu és linda? Que sua formosura me encantou? Pena que mora tão longe”! Agora sim, estava em casa!