Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Um passeio no
parque.
Prefácio: - Crônica já
publicada. Sem inspiração pensei em editar ou postar outra história, outra
crônica ou mesmo alguma do Mestre Baden-Powell. Mas é melhor outro dia. Vem aí
um feriado. Alguns grupos irão folgar, outros acampar e outros quem sabe irão
fazer uma bela atividade aventureira. Desejo sucesso a todos eles.
Quando eu era mais jovem escrevia minhas
histórias e outras “cositas más” usando uma remington, herança da minha Avó e
que mais tarde foi trocada por uma Olivetti moderna e elétrica. Ela nunca foi
comigo para os acampamentos e atividades aventureiras. Afinal no campo ela não
tinha utilidade já que fui para escoteirar e amar a natureza. O tempo foi passando
e eis que meu filho compra um computador. Batata! Era o ovo de Colombo para
escrever minhas histórias. Nunca pensei que isto seria o meu fim como escriba, Terceiro
Escoteiro da Patrulha lobo onde anotava no Livro de Atas da Patrulha e depois
como Secretário a anotar as Atas da Diretoria do Grupo. Dizem que fui
danadamente bom em datilografia. Mas voltemos à máquina de escrever elétrica e
ao computador.
Quanto papel usei e tentei organizar
pelo tanto que datilografei. Mesmo sabendo que sou um aspirante a escritor
(ainda não fiz a promessa de escritor e não usei o Jargão da Academia
Brasileira de letras). Afinal ninguém é perfeito. A modernidade me pegou de
pronto. Aprendi com dificuldade a “mexer com o tal Windows e alguns senões do
Office”. E lá se foram os Windows que a cada ano meu filho trocava na minha
máquina infernal. Parei no Windows 7. Sei que veio o 8 e tantos mais, mas me
divirto com o que entendo. Hoje tenho tudo guardado nos meus arquivos e basta
digitar um nome para achar minhas milhares de publicações. Mas parei por aí. Um
celular que meu filho deu para a Célia tentei usar, mas só com uma mão para
digitar? Nem morto, nem morto!
O Google e o Facebook com sua
sanha de faturar tem hora que me enche as ”paciências”. Muitos da minha idade
têm um medo enorme de um computador. Conheço alguns que adoram seu Smartfone e
ficam horas com aquele bichinho sem pelúcia alisando e acariciando. Tem nomes
hoje da pedagogia moderna inglesa e outras que nem sei pronunciar. Sei, no
entanto que os telefoninhos estão revolucionando a terceira idade. Eu um pobre
aprendiz prefiro o PC. Necas de celular. Tentaram me ensinar e entrar no Wat
shap. Me perdi. E larguei de banda.
Outro dia um filho veio a minha casa e deixou
um Laptop para buscar posteriormente. Olhei o “bicho” toquei de leve como
fizeram os macacos no filme 2001 Uma Odisseia no Espaço e pensei: - Porque não
aproveitar e levá-lo comigo para escrever em plena natureza do parque onde
costumo deixar a mente vagar por entre as flores, as árvores as latinhas lindas
já vazias de cerveja ou refrigerante, sentir o perfume das garrafas de
plásticos jogadas e adorar os sacos de guloseimas jogados pelo chão? Maravilha!
Me pus a campo e lá fui eu.
Em lá chegando, sentadinho no
banco coloquei o Laptop sobre as pernas, testei o teclado e não funcionou.
Liguei todos os botões que encontrei e nada. Minha mente fervilhava, pois este
era o sinal que a história que criei poderia se perder no meu livro da vida. Tinha
tudo montado na mente e o danado do laptop não ligava. Desisti. Não era minha
praia. Ainda bem que levo uma canetinha e um bloquinho para anotações. Sempre esqueço
e minha memória não é mais a mesma. Escrevi no bloquinho o título do conto: - Menina
escoteira porque mora tão longe? Ou seria melhor escrever sobre o Chefe, sobre
a Guia ou a Pioneira que conheci? Nada anotei dos dirigentes. Gosto deles.
Adoro pegar no pé de cada um.
Um perfume rodopiou no ar. Vinha do lago. Um
odor infalível nas minhas narinas e sons treteiros de zumbidos de insetos que
infestavam o ar. Eu já tinha desistido de “Laptorar” e dormitava
soberanamente. Uma vozinha e as mãos me
balançando me acordaram. – Moço! Moço! Abri os olhos e olhei para ver quem era.
Um pequerrucho dos seus seis ou sete anos me chamando. Onde estaria sua mãe que
não via ele me amolando? Olhei para o norte, para o sul, para o leste e para o
oeste. Nada. Melhor atender, afinal não dizem que Chefe Escoteiro adora
criancinhas? Pois é, eu não fico atrás. Afinal o que seria o escotismo sem
elas.
– Olá garoto, posso ajudar? – Pode!
Respondeu de pronto. Posso usar um pouquinho seu laptop? E agora José! Pelas
barbas do profeta! Um pestinha de seis anos metendo a mão no “Bicho” do meu
filho? E se ele estragar? - Não tinha como dizer não. Eu sabia que não iria
funcionar e ele na sua imaginação iria fingir que teclava e faria uma macega de
letras e pontos na tela. Nada mais que isto. Ele sentou ao meu lado. Pegou o
monstrengo e maravilha! E eis que o pestinha ligou o laptop. Teclava melhor que
eu. Entrou no Google, pesquisou um tal Nozinho que era um contador de histórias
para meninos.
- Eu olhava admirado um
pequerrucho dando seu show particular. Pensei que ele seria um famoso Hacker
quando crescesse. Ele sem me olhar foi no You Tube e ouviu umas musiquinhas
esquisitas e por fim foi para sua página no Facebook. Desligou o “bicho” olhou
para mim e disse: Moço, ela não me deixou nenhum recado! Será que se esqueceu
de mim? – Agradeceu e sorriu com um olhar malicioso e foi embora cantando uma
canção de amor. Não me deixes! Amo você para sempre! Seis anos?
Voltei para casa pensativo. Que mundo
eu estava vivendo? Não era mais para mim. Voltei pru meu quartinho para minha
máquina grande e adorada e me pus a escrever. – “Moça pioneira, já disse para
você que tu és linda? Que sua formosura me encantou? Pena que mora tão longe”!
Agora sim, estava em casa!