sexta-feira, 15 de março de 2019

Conversa ao pé do fogo. O doce sabor da fofoca.



Conversa ao pé do fogo.
O doce sabor da fofoca.

Prólogo: - Eu não me importo com que as pessoas possam pensar sobre mim. Talvez para algumas pessoas, nada do que eu diga ou faça vá mudar o que pensam. Tudo bem é direito delas. Da mesma forma que é o meu direito não querer pensar nisso. Cada um é o que é e oferece aquilo que tem para oferecer. Se você acredita que é capaz, ignore a opinião dos outros e siga em frente. Nem sempre é bom saber o que outros pensam.

                Se existe o que mais gosto no acampamento é a Conversa ao pé do fogo. Muito mais que um Fogo de Conselho, pois é o local ideal para contarmos histórias, onde a atenção fica a critério de quem quer ouvir sem o caráter de obrigação. É lá que aprendemos a ouvir, a falar e quando alguém tem um violão e começa a cantar se esquece da noite e fica vidrado nas estrelas no céu. Os lábios acompanham a canção, nota-se que os grilos param de crocitar e parecem prestar atenção na letra e na musica. Podem não acreditar, mas juro pelas barbas azuis de Maomé que um dia uma coruja mexia com a cabeça para um lado e outro acompanhando a turminha cantando a Arvore da Montanha. Teve um dia que até a chama alta do pequeno fogo começou a dançar se elevando aos céus. Mentira? Logo eu um Velho Escoteiro que sabe como contar uma “potoca”?

               Um dos males que nos assolam é a fofoca. Um perigo principalmente entre amigos de um Grupo Escoteiro. É como aquele adágio que dizia que quem conta um conto aumenta um ponto. A fofoca é um perigo. Destrói vidas, cria dúvidas, fazem ressoar na mente o desejo de vingança. Um Chefe um dia me contou que Fofoca não é própria de escoteiros. Explicou e ninguém parecia prestar atenção nele. Eramos uns doze naquele foguito, comendo banana assada, tomando um cafezinho e um sulista com seu gostoso chimarrão. Não gosto. Não fui acostumado. Mas se eles gostam saudemos os escoteiros do Rio Grande do Sul. Mas voltemos à fofoca, antes de contar uma passagem interessante ele fez o jogo da Fofoca. Ao pé do ouvido disse uma frase que era para o ouvinte passar ao seguinte até que a mensagem tivesse percorrido todos os chefes no circulo. Foi uma surpresa. Ela chegou toda desvirtuada. Assim é a fofoca que passa entre pessoas de bem espalhando o mal sem olhar a quem.

               Todos sabiam que quem quer que fofoque para você um dia irá fofocar sobre você. Pessoas assim não merecem consideração. Lembro-me de uma quadrinha de Mario Quintana: - Não te abras com teu amigo, que ele um outro amigo têm. E o amigo do teu amigo possui amigos também... Sei de muitos Grupos Escoteiros que perderam bons colaboradores por causa da fofoca. Bons escoteiros não permanecem em um lugar que não lhe faz bem. Continuemos com o Chefe que nos fazia um comentário sobre a fofoca. - Sabem meus irmãos escoteiros, ele dizia – Fofoca não é próprio de escoteiros. Não fazem o bem e o mal que trazem destrói o coração de alguém.  A história que vou contar me foi contada por Barbas Brancas um distrital que Deus o tenha já foi morar na terra dos seus ancestrais. Ele contou o seguinte:

                    - Um rapaz procurou Sócrates e disse-lhe que precisava contar-lhe algo sobre alguém. - Sócrates ergueu os olhos do livro que estava lendo e perguntou: - O que você vai me contar já passou pelas três peneiras? - Três peneiras? - indagou o rapaz. - Sim! A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer me contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer aqui mesmo. Suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?

Arremata Sócrates: - Se passou pelas três peneiras, conte! Tanto eu, como você e seu irmão iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos, colegas do planeta. Todos se entreolharam. Cada um pensando na historia narrada. O fogo diminuiu e o calor foi substituído pelo frio. A noite profunda naquela clareira nos ensinou uma lição. Aprendemos que a fofoca sempre está a serviço da inveja. Quanto mais invejosa for à pessoa, mais fofoqueira ela é. E o Chefe terminou dizendo: - Ao invés de ficar fazendo fofoca, maldizendo as pessoas por aí, ajoelhe-se e faça uma oração pedindo a Deus pra que Ele ilumine e contenha os seus maus pensamentos. Melhor uma boca calada do que palavras injustas ferindo o próximo, e espalhando a maldade que habita os nossos corações. Se você é do tipo que fala demais, regenere-se. Seja justo e dedique-se a cultuar a perfeição do silêncio.

                     Escotismo, tanto amor para dar e oferecer. Todos naquela Conversa ao pé do fogo sabiam que de agora em diante se alguém viesse lhes contar uma fofoca, havia alguém para dizer: - O que vais me contar já passou pelas três peneiras? - Pois é agradeço a Deus por todas as dificuldades que passei na vida. Elas foram grandes adversárias, mas que tornaram minhas vitórias muito mais saborosas. E torno a repetir, não destrua a vida de alguém com uma fofoca, pois um dia ela vai se virar contra você!