Conversa ao pé do fogo.
O doce sabor da fofoca.
Prólogo: - Eu não me
importo com que as pessoas possam pensar sobre mim. Talvez para algumas
pessoas, nada do que eu diga ou faça vá mudar o que pensam. Tudo bem é direito
delas. Da mesma forma que é o meu direito não querer pensar nisso. Cada um é o que é e
oferece aquilo que tem para oferecer. Se você acredita que é capaz, ignore a
opinião dos outros e siga em frente. Nem sempre é bom saber o que outros
pensam.
Se existe o que mais gosto no
acampamento é a Conversa ao pé do fogo. Muito mais que um Fogo de Conselho,
pois é o local ideal para contarmos histórias, onde a atenção fica a critério
de quem quer ouvir sem o caráter de obrigação. É lá que aprendemos a ouvir, a
falar e quando alguém tem um violão e começa a cantar se esquece da noite e
fica vidrado nas estrelas no céu. Os lábios acompanham a canção, nota-se que os
grilos param de crocitar e parecem prestar atenção na letra e na musica. Podem
não acreditar, mas juro pelas barbas azuis de Maomé que um dia uma coruja mexia
com a cabeça para um lado e outro acompanhando a turminha cantando a Arvore da
Montanha. Teve um dia que até a chama alta do pequeno fogo começou a dançar se
elevando aos céus. Mentira? Logo eu um Velho Escoteiro que sabe como contar uma
“potoca”?
Um dos males que nos assolam é a
fofoca. Um perigo principalmente entre amigos de um Grupo Escoteiro. É como
aquele adágio que dizia que quem conta um conto aumenta um ponto. A fofoca é um
perigo. Destrói vidas, cria dúvidas, fazem ressoar na mente o desejo de
vingança. Um Chefe um dia me contou que Fofoca não é própria de escoteiros.
Explicou e ninguém parecia prestar atenção nele. Eramos uns doze naquele
foguito, comendo banana assada, tomando um cafezinho e um sulista com seu
gostoso chimarrão. Não gosto. Não fui acostumado. Mas se eles gostam saudemos
os escoteiros do Rio Grande do Sul. Mas voltemos à fofoca, antes de contar uma
passagem interessante ele fez o jogo da Fofoca. Ao pé do ouvido disse uma frase
que era para o ouvinte passar ao seguinte até que a mensagem tivesse percorrido
todos os chefes no circulo. Foi uma surpresa. Ela chegou toda desvirtuada.
Assim é a fofoca que passa entre pessoas de bem espalhando o mal sem olhar a
quem.
Todos sabiam que quem quer que
fofoque para você um dia irá fofocar sobre você. Pessoas assim não merecem
consideração. Lembro-me de uma quadrinha de Mario Quintana: - Não te abras com
teu amigo, que ele um outro amigo têm. E o amigo do teu amigo possui amigos
também... Sei de muitos Grupos Escoteiros que perderam bons colaboradores por
causa da fofoca. Bons escoteiros não permanecem em um lugar que não lhe faz
bem. Continuemos com o Chefe que nos fazia um comentário sobre a fofoca. -
Sabem meus irmãos escoteiros, ele dizia – Fofoca não é próprio de escoteiros.
Não fazem o bem e o mal que trazem destrói o coração de alguém. A história que vou contar me foi contada por
Barbas Brancas um distrital que Deus o tenha já foi morar na terra dos seus
ancestrais. Ele contou o seguinte:
- Um rapaz procurou
Sócrates e disse-lhe que precisava contar-lhe algo sobre alguém. - Sócrates
ergueu os olhos do livro que estava lendo e perguntou: - O que você vai me
contar já passou pelas três peneiras? - Três peneiras? - indagou o rapaz. - Sim!
A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer me contar dos outros é um fato?
Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer aqui mesmo. Suponhamos que seja
verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai
contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do
próximo? Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda
pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa?
Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?
Arremata Sócrates: - Se passou
pelas três peneiras, conte! Tanto eu, como você e seu irmão iremos nos
beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos
para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos, colegas do
planeta. Todos se entreolharam. Cada um pensando na historia narrada. O fogo
diminuiu e o calor foi substituído pelo frio. A noite profunda naquela clareira
nos ensinou uma lição. Aprendemos que a fofoca sempre está a serviço da inveja.
Quanto mais invejosa for à pessoa, mais fofoqueira ela é. E o Chefe terminou
dizendo: - Ao invés de ficar fazendo fofoca, maldizendo as pessoas por aí,
ajoelhe-se e faça uma oração pedindo a Deus pra que Ele ilumine e contenha os
seus maus pensamentos. Melhor uma boca calada do que palavras injustas ferindo
o próximo, e espalhando a maldade que habita os nossos corações. Se você é do
tipo que fala demais, regenere-se. Seja justo e dedique-se a cultuar a
perfeição do silêncio.
Escotismo, tanto amor para
dar e oferecer. Todos naquela Conversa ao pé do fogo sabiam que de agora em
diante se alguém viesse lhes contar uma fofoca, havia alguém para dizer: - O
que vais me contar já passou pelas três peneiras? - Pois é agradeço a Deus por
todas as dificuldades que passei na vida. Elas foram grandes adversárias, mas
que tornaram minhas vitórias muito mais saborosas. E torno a repetir, não
destrua a vida de alguém com uma fofoca, pois um dia ela vai se virar contra
você!