Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Nó górdio.
Nota do editor: - Relata-se que Alexandre Magno, rei da Macedônia, no
início de sua campanha contra os persas, parou em Gordião, capital da Frígia.
Ali, foi informado de que um oráculo havia prometido o império da Ásia a quem
desatasse o complicadíssimo nó que prendia o jugo ao timão da carroça de
Górdio, rei da Frígia. Não conseguindo desatá-lo, Alexandre Magno cortou-o com
a espada. Esse gesto de Alexandre simboliza perfeitamente a ação da violência:
ele corta o nó em vez de desatá-lo. Com esse gesto, destrói de forma
irreparável a corda em que se encontrava o nó, tornando-a definitivamente
inutilizável.
Chico Bento sempre foi um
apaixonado de técnicas escoteiras. Nada deixava passar sem aprender. Lembro que
ele treinou tanto Morse em uma cigarra que um
Chefe de Estação conhecido de seu pai disse que quando crescesse seria um ótimo telegrafista. Não foi e deu graças a deus. Risos. O Morse foi seu caminho por anos. A patrulha tinha nos dedos a maneira correta de conversar por Morse. Um segredo que ninguem nunca contou. Não deu muito certo o Morse por sinais de fumaça. Demorava demais. Semaforas ele gostava também, mas nem tanto como o Morse. Dificilmente saiam para acampar sem um bom par de bandeirolas de semaforas e uma boa lanterna. Naquela época as lanternas não duravam como hoje. Era comum quando acampavam em patrulha cada uma tinha em seu campo um portico para transmitir o Morse e a semáforas em cima dele. Era obrigatório sempre ter dois membros nas transmissões. Um para transmitir e outro para orientar o transmissor.
Chefe de Estação conhecido de seu pai disse que quando crescesse seria um ótimo telegrafista. Não foi e deu graças a deus. Risos. O Morse foi seu caminho por anos. A patrulha tinha nos dedos a maneira correta de conversar por Morse. Um segredo que ninguem nunca contou. Não deu muito certo o Morse por sinais de fumaça. Demorava demais. Semaforas ele gostava também, mas nem tanto como o Morse. Dificilmente saiam para acampar sem um bom par de bandeirolas de semaforas e uma boa lanterna. Naquela época as lanternas não duravam como hoje. Era comum quando acampavam em patrulha cada uma tinha em seu campo um portico para transmitir o Morse e a semáforas em cima dele. Era obrigatório sempre ter dois membros nas transmissões. Um para transmitir e outro para orientar o transmissor.
Mas um dia a patrulha ficou
“encucada” quando soube que existia um nó que ninguem nunca desatou. Chamava-se
Nó Górdio. Qualquer um da patrulha fazia tranquilamente com os olhos fechados
ou com as mãos as costas pelo menos dezoito nós escoteiros e mais quinze de
marinheiros. Nonõ da Patrulha Morcego tinha um irmão marinheiro. Era ele
visitar a familia e lá estavam todos da patrulha encostados nele para aprender
nós que ainda não sabiam. Foi ele quem contou sobre o tal nó Górdio. Era uma
lenda que envolveu o Rei da Frigia e Alexandre, o Grande. Ficou famoso como
metáfora de um problema insolúvel (desatando um nó impossível). Bem a historia
é longa e não vou contar todos os detalhes, mas só para saber tudo começou com
o aviso de um Oráculo que um sucessor do rei da Frigia iria chegar. Chamava-se
Górdio. O moço chegou e foi coroado Rei. Chegou em uma carroça, pois era pessoa
humilde e amarrou a carroça em uma coluna com um nó que ninguem conseguiria
desfazer.
Dizem que Górdio reinou por muitos anos
e deixou como herdeiro seu filho Midas que expandiu o império, mas ao falecer
não deixou herdeiros. O Oráculo ouvido novamente declarou que quem desatasse o
nó seria o rei. Quinhentos anos se passaram e ninguem conseguiu. Muitos anos depois
Alexandre o Grande ouviu esta lenda ao passar pela Frígia. Foi até o templo de
Zeus e viu o nó Górdio. Não conseguiu desfazê-lo. Pegou a espada e cortou o nó.
Lenda ou não o fato é que Alexandre se tornou o Rei de toda a Ásia Menor. O
marinheiro riu depois de contar e completou – E daí também que deriva a
expressão “cortar o nó górdio” o que significa resolver um problema complexo de
maneira eficaz.
Chico Bento ria quando contava esta
história. Meus amigos disse em uma roda de fogo de conselho, achamos a história
interessante, mas e como fazer o tal nó? O marinheiro não sabia. Muitos anos
depois nos mostraram a foto do nó. É este perguntei? Quem me mostrou riu e
disse não ter certeza.
Sei não, mas nunca fui tão severo como
São Tomé que dizem dizia só vendo para crer. Mas uma coisa amigos eu tenho
certeza naquela época se aceitava todo tipo de desafio. Muitos demoraram anos
para desvendar, mas outros as patrulhas buscavam “céus e terras” e nunca
desistiam. Nós e amarras, costuras de arremate, armadilhas de todos os tipos,
conseguir tirar uma pena de um gavião vivo e depois soltá-lo, transportar por
corda um doente na maca por cima de um riacho, transmitir Morse e Semaforas
deitado, de costas, e até pendurado por uma corda de cabeça para baixo eram
desafios normais. Mas quer saber? Até hoje não desvendei como fazer e
desmanchar o manhoso Nó Górdio das longiquas terras da Frigia.
Pois é, depois de ouvir Chico Bento eu
mesmo procurei fazer o tal nó. Como? Passei belas tardes na Biblioteca de Dona
Etelvina e nada. Paciencia, anos depois já velhote descobri sua foto, olhei,
olhei e disse para mim mesmo: - Vado Escoteiro, com talento ordinário e
perseverança extraordinária, todas as coisas são possíveis. Será? Melhor copiar
Clarice Lispector: - Decifra-me, mas não conclua... Eu posso te surpreender.