Conversa
ao pé do fogo.
Passagem
para o Ramo Escoteiro.
Pelo
Chefe Blair de Miranda Mendes.
Prólogo:
- Ontem publiquei um artigo “Papeando nas areias do Waingunga” Onde abordei o
tema da Passagem entre a Alcateia e a Tropa Escoteira. Sabemos que a passagem do lobo
para a Tropa Escoteira sempre foi um fato importante para a Alcateia como para
o próprio lobinho ou lobinha. O Chefe Blair de Miranda Mendes, DCIM de Minas
Gerais nos brinda com este artigo retirado das páginas de seu livro
Interpretação do Livro da Jângal, uma obra magistral em PDF que pode ser
solicitada pelo meu e-mail ferrazosvaldo@gmail.com.
Não raro
encontramo-nos frente à situação de que excelentes Lobinhos, Cruzeiro do Sul,
com várias especialidades, Primo ou Sub-Primo, quando passam para o Ramo
Escoteiro, ficam alguns meses, começam a se desinteressar e faltar, e até
abandonam o grupo. Por quê? - Talvez fosse mais cômodo, para nós, Chefes de
Alcatéia encerrar a questão com afirmações tais como: “Esse Chefe de Ramo
Escoteiro é ruim!”; Porém, as coisas não são bem assim, a responsabilidade da
permanência do menino no Grupo Escoteiro é de todos os Chefes dos ramos que o
jovem passa, em última analise é responsabilidade do Conselho de Chefes.
Baden Powell no
livro Guia do Chefe Escoteiro menciona textualmente “os objetivos do Movimento
(...) para serem sentidos em sua verdadeira grandeza, devem ser avaliados por
seus efeitos no futuro e por um prazo nunca inferior a 10 anos. Esta é a real
unidade de medida que deve ser usada no Movimento”. Assim, nossa
responsabilidade como educador é garantir a permanência do jovem por um lapso
de tempo suficiente para que possa extrair do Escotismo os efeitos benéficos.
Portanto, a passagem de um ramo para outro merece muita atenção. É primordial
que levemos em consideração, primeiramente, que é nessa idade que se desperta a
faculdade emotiva e se desenvolve a sensibilidade de alma, ou seja, o jovem em
uma fase de transição, carente de cuidados especiais.
Desperta-se a consciência de sua
personalidade, começa a sentir e pesquisar mais as coisas sente o peso de suas
responsabilidades, e nasce um pudor que esconde seus desejos, temores, dúvidas
e desapontamentos. E a idéia de acabar com sua antiga vida de Lobinho e
ressuscitar como escoteiro parece-lhe uma aventura extraordinária, ao lado
desse estado emocional próprio da idade. Outros fatores influenciam a aceitação
da vida na Tropa, quais sejam:
Perda de Status: O sistema
de insígnias, ou seja, para cada avanço conquistado um símbolo (distintivo) que
evidencie esta situação que tanto estimula os Lobinhos e escoteiros, pois
influir negativamente na passagem, seja o Lobinho tão adestrado (e “enfeitado”
no seu uniforme) vê-se de repente, sem nada, começando tudo outra vez; daí um
motivo a mais para que trabalhemos para a conquista do Cruzeiro do Sul, pois o
ex-Lobinho o ostentará no uniforme até 21 anos de idade, evidentemente é
importante que o Chefe de Tropa faça seus escoteiros conhecer e valorizar este
símbolo!
Outro dado
importante é que o Chefe da Alcatéia evidencie na oportunidade da “trilha
escoteira” que o adestramento obtido na Alcatéia é o início de um caminho e a
base de conhecimento e aptidões que ele vai desenvolver paralelamente ao seu
crescimento. Devemos mostrar ao Lobinho que os nós aprendidos na Alcatéia serão
de valia em atividade de acampamento, jogos e grandes pioneirias como uma
ponte, por exemplo; que cada especialidade tirada como Lobinho continuará
valendo, e que surgirão novos desafios para aquela sua aptidão!
Mudança de Ambiente: Qualquer um de nós
já sentiu o quanto é desagradável adentrar (e se familiarizar) com um ambiente
completamente novo e a Tropa, é algo muito novo para os Lobinhos, seja quanto à
mística, como quanto à forma e organização, ou costumes e uniformes. É preciso
por este ambiente o mais familiar possível antes da passagem. Por isso a
“Trilha Escoteira” deve ser levada a sério. Façamos, portanto, a conversa com
Chefe de Tropa, deixemos o Lobinho conhecer bem seu monitor, sua patrulha e seu
canto de patrulha e façamos que participe de uma duas ou mais reuniões com a
Tropa.
Esses contatos devem ser
preparados meticulosamente pela Chefia de Tropa levando-se em consideração a
presença do Lobinho. Provavelmente, é evidente, mas vale a pena lembrar que a
acolhida da Tropa deverá ser familiar, sempre a de mostrar o júbilo em receber
mais um elemento que contribuirá com crescimento quantitativo e qualitativo da
patrulha e Tropa. Transformar a palavra Lobinho em adjetivo pejorativo ou usar
expressões como “praga azul” poderá ser útil a Chefes que procuram uma
identificação barata com seus escoteiros tampando sua incapacidade de manipular
o verdadeiro método utilizando-se do mais fraco, mas certamente será humilhante
e desestimulante para o Lobinho.
Melhor
possível!