sexta-feira, 7 de junho de 2019

Jogando conversa fora. Correr ou bater em Brasília.




Jogando conversa fora.
Correr ou bater em Brasília.

Prefácio: - Gosto de escrever. Tá na mente, tá na caneta. Escrevo contos histórias alegres e tristes, escrevo um pouco das minhas memórias e até artigos visando dar sugestões a chefes novos ou antigos. Gosto de escrever artigos “peçonhentos” muitas vezes criticados por alguns dos meus leitores. Afinal não sou um animador de auditório da Escoteiros do Brasil. Costumo perder sempre leitores e amigos virtuais pelo que escrevo. Escrevi essa zoeira. Invencionice para divertir. Fiquem com Deus.

                    Retornava a minha morada em Osasco mancando e resfolegando com minha bengala quando na esquina da Avenida dos Remédios com a São José uma SUV Mitsubishi Pajero preto parou ao meu lado. Dele desceram quatro parrudos de terno e gravata, com os indefectíveis óculos escuros. Não me disseram nada. Agarraram-me pelos braços e me jogaram dentro da SUV saindo em disparada. – É este o Talzinho? Perguntou uma loira desbotada com um lenço Escoteiro no pescoço. Se tem coisa que não me agrada é lenço no pescoço sem um uniforme. Nem vem que não tem principalmente se usa a camisa solta então é pior. – Um deles respondeu: - É ele sim. – Ela falou: - Mas tem cara de fuinha, feio que dói, e não para de gemer! – Dizem que está dodói e convenhamos o velhote já passou dos 78 anos!

                     O carro em disparada foi direto para o Aeroporto de Guarulhos. Um deles disse para ficar calmo, nada iria me acontecer. – Para onde vou? – Vai saber quando chegar lá. Entraram direto no portão da Base Aérea. Um VC-2, da Embraer Lineage 1000 estava pronto para decolar. Pensei que seria um jato E190. O piloto deu uma risadinha: - Então é este? Todos balançaram a cachola. Um Copiloto da Aeronáutica fez um deboche e senti falta do meu bastão de duas e meia polegada com ponteira de aço. O voo não demorou. Em Brasília me levaram direto para o Palácio do Planalto. Gemi ao subir a rampa. Afinal eu mal ando e respiro. – Fomos direito para a sala de Reuniões. Lá estava o Bolsonaro o presidente, o Dias Toffoli presidente do supremo, o Presidente do Senado Davi Alcolumbre, o presidente da Câmara Rodrigo Maia, e o Renan. Sempre Ele. Afinal o que fazia ali? Ninguém se levantou com a minha entrada.

                    O Presidente Bolsonaro olhou fundo nos meus olhos e disse: - Sabe por que está aqui? – Eu presidente? Eu não sei de nada. Me pegaram a força próximo a minha morada. – O Botafogo, melhor o Rodrigo Maia riu e falou baixinho: - Um pandego. Velho, feio, Banguelo e pançudo. Para mim o jogava para o Moro e o acusava de ser responsável pela bagunça na Petrobrás. – Olhei para ele com os olhos chispados de fogo. Eita que falta faz meu bastão. Duro, só com dois reais no bolso e não via seu congresso com deputados e senadores cheio de dólares da Petrobrás. Ah! Uma bastonada e eles iriam saber que Escoteiro sou eu. – Olha Chefe, disse o Presidente, precisamos do senhor! – Ufa! Agora mais respeito, me chamou de Chefe e senhor! – Estamos precisando de um novo ditador para por ordem na casa, ou melhor, no Brasil. Fechar a Lava Jato, favorecer o Zero um o Zero dois e o Zero três. Precisamos acabar com esta perseguição que estão fazendo contra nós!

                  Perguntei presidente onde está o Caju? (O Romero Jucá) e o Primo? (Eliseu Padilha). Falta muita gente aqui! – Sem pedir licença entrou na sala de reunião gritando o ex-ministro da Justiça agora empossado no seu novo cargo no Supremo. Alexandre de Morais em carne e osso: - Como dizia o Simão o Kinder Ovo é metido a valente. Presidente! Acho uma perda de tempo trazer este chefete aqui para o plano F. – Pois é Morais, os Planos A B C D não deram certo, sobrou este! Olhei de soslaio para aquela cambada. Salvo o Ministro Moro o resto eu não botaria a mão no fogo por ninguém! – Ele o Ministro da justiça com sua vozinha simples, honesta me disse: - Chefe Vado, Iremos abdicar dos nossos cargos e eleger o senhor para Ditador da Republica do Brasil!

                 Putz grila! Nem pensar! – Doutor Bolsonaro. Porque não chamaram os 14 do forte? – Quem são eles disse o presidente! – O CAN, A cambada que dirige o escotismo no Brasil. Eles sim iriam mudar o Brasil. Já mudaram tanto o escotismo que breve vão mudar de EB para CUT. – Seu Vado Escoteiro, se quiser mandamos prender todos eles. Afinal como Ditador vai ser o substituto de Baden-Powell e aqui no Brasil o senhor manda e não pede! – Que horror! Substituir B.P? Meu ídolo? Meu guru? Nem pensar. Mas olhe que a ideia de mandar eles para comissão de ética até que não seria nada mal. Risos. Kkkkkk. Olhei fundo nos olhos de cada um: - Formem em Linha. Vou fazer uma inspeção. Preciso saber se estão armados. – O General Golbery espirrou em sua cova. Ele sabia que o SNI já não existia mais. Lá nos sete palmos gritou que ninguém faz busca no Presidente do Brasil!

                  Olhei pela janela e vi na esplanada dos ministérios milhares de escoteiros formando uma enorme ferradura. Gritavam sem parar: - Chefe Vado! Chefe Vado! O novo ditador Escoteiro do Brasil! Chamei o Vice Presidente Hamilton Mourão. Leve todos os escoteiros para o Palácio da Alvorada. Café pão e manteiga para todos. Estou assumindo o Brasil. Agora ou vai ou racha. Chame o Moro, quero ele aqui até à tarde. Vai ser meu vice-presidente. Que ele escolha quem aqui e no Congresso vai direto para Curitiba. Veja se tem vaga para tanta gente no Complexo Penal e se necessário reserve vaga em Bangu Sete e na penitenciaria da Papuda. – Todo mundo no xilindró! Levei uma paulada nas costas. Cai feito avião de papel molhado. Olhei para cima e vi rindo um dos catorze do forte de Curitiba. Não ia esquecer-me dele, se não me engano é da turma do Inté, é nois traveis. Sempre eles com aquelas camisas soltas e meinha branca. Sua vez vai chegar, ora se vai!

                   Uma turba entrou gritando a me defender. Vi logo que eram os amigos do Facebook a me salvar. Como foram parar ali? Levei outra pancada e um beliscão. Acordei! Era a Célia fazendo tudo para que eu acordasse. Acorda marido, acorda que o galo já cantou! Eita pesadelos que não me deixam. Não quero ser presidente, não quero ser ditador, nem tampouco Escoteiro Chefe. Prefiro continuar escrevendo meus continhos inocentes para meus salvadores do Facebook! – Levantei, fui até a varanda, olhei o sol que queimava o asfalto. Uma SUV passou cantando pneus com a sirene ligada. Deus meu! De novo não!