sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. O preço vale a comenda?




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O preço vale a comenda?

- Elogio e valorização tem preço? Muitos dizem que não e outros que sim. Eu na minha simplicidade de escoteiro humilde (kkkk) sou contra qualquer tipo de cobrança principalmente de alguém que prometemos um dia premiar e valorizar pelo seu trabalho na associação. Alguns já disseram que não estão aqui atrás de elogios ou comendas. Estão para colaborar na formação da juventude. Bonita frase, mas por trás dela existem uma consternação por não terem reconhecidos seu trabalho como voluntário por anos ao Escotismo. Direitos são direitos, nada pode impedir de premiar e ou elogiar quem durante anos atuou incessantemente na formação de jovens no Movimento Escoteiro. Chamam-me de velhote esclerosado por me meter em seara que desconheço. Verdade? Caramba, não vivi isto por dezenas de anos? Disseram-me que um Chefe recebeu uma medalha e a conta. A conta? Ora, ora tinha preço? Tem sim,  para receber é preciso um processo da Diretoria do grupo, onde consta os valores do outorgado e pagar uma determinada quantia. Pagar? Putz Grila! – Chefe! Tudo na vida tem preço. – Elogiar, premiar tem preço? Difícil concordar.

- Alguns Grupos tem estrutura para solicitar aos seus voluntários uma outorga pelos seus serviços prestados. Pode ser um simples elogio um certificado ou uma medalha. Dizem que o PAXTU ensina e informa. Muito simples. É mesmo? Pergunte ao Zé das Quantas, Chefe escoteiro lá de Brejo Seco. 40 anos lutando pelos seus meninos. No Grupo do Zé ele é o faz tudo. Não tem presidente não tem diretor e nem computador. Ele e a Bastiana Akelá já  formaram uma infinidade de jovens que adultos são pessoas de caráter honra e ética. Deixando de lado a caçoada, muitos grupos não tem esta facilidade. Quando tem um APF muitas vezes ele no alto de sua sabedoria manda esperar. – Não tá preparado ainda Chefe! – Quando então? Não será que ele diz isso porque se esqueceram do APF e ele até hoje nada recebeu?

- Me condenem, mereço, sou um velhote antiquado, cheio de meu “pé me dói”, prá não dizer que sou um “pé no saco”. – Chefe! - Gritou um amigo de 20 anos escoteirando lá do norte: - Se eu estou ajudando e trabalhando na sessão por tantos anos, não estou prestando relevantes serviços ao Escotismo Nacional? – Pois é, relevantes serviços. Mas a associação só vai reconhecer por um processo e o pagamento solicitado. Me lembro de quantas vezes fui ao antigo Palácio da Liberdade de Minas Gerais para solicitar colaboração nas despesas da Região Escoteira. O Palácio dos Esportes, a Policia Militar e tantos antigos escoteiros radicados em empresas e ou universidades sempre colaborando dentro de suas possibilidades. Hoje não tem mais isso? Ninguém ajuda? Não temos marketing? E a propaganda da Coca-Cola e outros nos Jamborees Brasileiros? Não deram lucro? Qual o faturamento da Loja Escoteira? Gostam de criar para vender. Não tem mais distintivo de Patrulha e o de monitor feito pela mãe do Zé, nem mesmo especialidades bordadas pela Dona Niceia. Até mesmo o lenço querem que seja uma unidade nacional. Fabricada e vendida pelo Truste EB.

- Hoje temos taxas para tudo. Para cursos (saudades do meu onde recebi da região um cheque para pagar a viagem e as despesas diversas). Tem taxas de acampamentos, de Jamborees, de Assembleias, das traquitanas escoteiras, do vestuário (o que se paga por ele dá para fazer tranquilamente dois ou três uniformes caqui). O faturamento da Escoteiros do Brasil não é desprezível. Cobrar uma medalha? Uma valorização para o associado Voluntário? Fico a pensar quanto é uma Gratidão e a de Bons Serviços. E uma Cruz São Jorge ou uma Tiradentes? Nem pensar do Tapir, só para grandões. Deve ter um valor enorme para o agraciado e para a EB que recebeu mais uma grana. Estou aqui na minha varanda meditando: - Ouro Preto, Sete de Setembro de um ano qualquer. Governo mineiro reunido entregando medalhas aos convivas: - Autoridades de todo país. Cada uma delas sorrindo ao receber a mais alta condecoração Mineira entregue pessoalmente por sua Excelência o Governador. Ele sorri e fala baixinho para o Presidente Bolsonaro: - Manda depositar a quantia na conta do Governo de Minas. Fale com o Guedes para ele pagar sem reclamar, pois aqui nada é de graça!

- Não discuto a cobrança. Mas de uma medalha? Um elogio? Um Certificado? Fico pensando quanto custa àquela festa no último dia das Assembleias onde se distribui medalhas e certificados a rodo. Claro, se não tiver registro ou se não estiver de acordo com as normas não vai receber é nada! Concordo. Um direito da EB. Fico pensando porque a Escoteiros do Brasil é tão avarenta. Já pensou se mais chefes recebessem o que tem de direito sem pagar? Quantos sorrisos iria receber? Quantos agradecimentos? Quantos anos mais se mantendo fiel a Mestra do Escotismo da EB? É tão simples. Tem tempo escoteirando junto à sessão, tem tempo como dirigente na frente de uma unidade escoteira? Se tiver um Distrito (já mudaram o nome, “porca lá miséria”!) informa a Região com uma lista: - Os que podem receber a Gratidão bronze, a prata e a ouro, o mesmo com a Bons Serviços. Até mesmo a Cruz São Jorge. Um dia escrevi das exigências da Lis de Ouro e o Escoteiro da Pátria. Muitos desistem e vão fazer escotismo por conta própria com seus amigos do bairro.

- Será que nos outros países é assim também? Será que lá nas “estranjas” fazem de tudo para faturar? Será que tem país com lideranças se preocupando com seus voluntários, valorizando, ajudando principalmente os mais humildes, se socorrendo com os antigos escoteiros colocados em funções de comando de empresas, comercio profissionais liberais que no futuro poderão ocupar? – Vado! Me diz um amigo, aqui não tem disso. Aqueles que passam pelo escotismo e estão em função privilegiada não valorizam o escotismo. Acham que foi divertido e nada mais! Torquato um jovem executivo da GM me disse um dia: - Chefe, não dá, nunca recebi uma visita de um profissional escoteiro, nunca fui procurado, ajudar como?   

De uma coisa eu sei, não existe orgulho maior, satisfação maior, alegria maior quando um Chefe recebe um elogio, um diploma ou uma condecoração. Ele merece, e é ele quem faz mover a roda do moinho do escotismo e não os donos do poder. Será que no alto de seu cargo eles também pagam e fazem seus processos para receber? Chego ao fim da minha vida assistindo a este espetáculo deprimente. Eles só pensam “naquilo”. Lucro e lucro! Sei que muitos já se acostumaram. Um grande pensador dizia que tudo faz parte do aprendizado. A gente vai vivendo e aceitando o que nunca deveria aceitar. Daqui a alguns anos tudo se tornará um hábito de comportamento. Pois é... “Sem palavras sem nada para dizer depois de saber que você vai pagar a conta”.