Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Ainda o
artigo “O Preço de uma Medalha”.
Neste final de semana,
publiquei um artigo intitulado “O Preço de uma Medalha”. Nele comentava minha
decepção com a Escoteiros do Brasil no trato com seus associados no que se referem
a elogios, certificados e condecorações. Insistia que tal concessões deveriam
ser sem ônus para o outorgado. Tal comentários foram baseados em chefes e
dirigentes com quem tive contato nos últimos anos e e-mail recebidos de muitos
se sentindo prejudicado. Há anos, desde que me tornei adulto que luto para que
todos os participantes do escotismo tivessem suas oportunidades de portar um
agradecimento de sua liderança, seja no que nível for sem processos sem ônus e
que pudessem sorrir e portar a comenda com orgulho.
Como sempre o artigo
atingiu aqueles que coadunam com meu modo de pensar. Mas eis que um Chefe muito
educado, cujo nome deixo em OF, gentilmente escreveu sua observação do artigo
publicado em uma das minhas páginas. Apresentou-se como Chefe de sessão e
titular a cinco anos da Comissão Regional de Analise de Condecorações e
reconhecimento da Região Escoteira de São Paulo. Desculpou-se por que a Região não
tem como divulgar as 3.000 condecorações outorgadas em 2018 e 2019. Comentou
também a analise e diligência que fez para a outorga da Cruz de Valor Caio Viana
e três Velho Lobo Benjamim Sodré. Comenta que perdeu a conta de outras que
considera ter orgulho de merecimento por parte dos agraciados. Insistiu em
dizer que fez a outorga de diversas outras condecorações sem qualquer ônus para
o associado. Completou dizendo que na Região de São Paulo o regulamento é que o
agraciado não pode ser o solicitante. Assim o ônus fica para quem solicitou.
Fiquei deverás
impressionado com seu relato. Isto apesar de que minha principal questão seria
não só o merecimento, que julgo obrigatório para quem tem o tempo devido e
devidamente certificado nos registros da Região ou no PAXTU. Com
sentimentalismo, que sempre foi meu forte no escotismo exemplifiquei um Chefe fictício
de nome Zé das Quantas. Conheci milhares deles. Sua luta, sua maneira simples
de fazer escotismo bem diferente dos meios pedagógicos e sociológicos de hoje. Estes
chefes são frequentes em corresponder comigo, pois acham refugio em minhas
palavras e são seguidores que guardo com carinho no coração. Moro em Osasco SP
e aqui pouco sou conhecido e se o sou não sou contatado. Costumava explorar e
visitar grupos quando podia andar como Caio Vianna Martins com as próprias
pernas. Hoje dificilmente. Visitava sem convite só pelo prazer da surpresa e porque
não fazer amizades que escoteiramente falando amo demais.
Impressionado com o
relato do Chefe que por sinal é meu amigo virtual, resolvi tomar conhecimento
da fonte desta pesquisa através do Relatório Regional 2018 da Região de São
Paulo. Batuta! Esplêndido trabalho. Um visual impressionante. Claro que poucas
fotos dos admiradores do Uniforme Caqui e a preferencia pelos que usam o
vestuário, nova escolha de apresentação cujo comentário tenho feito em diversos
artigos postados anteriormente. Fixei atentamente nos números apresentados: -
28.000 membros registrados. 6.800 adultos sendo 4.800 atuantes em sessões e quase
2.000 dirigentes. Fantástico! Para uma população baseada em 45 milhões de
habitantes, isto significa uma média de um escoteiro para cada 0,003 (Putz. Sou
ruim de cálculo, peço aos matemáticos calcular para mim, obrigado). habitantes.
Mas levando em conta o efetivo nacional de 106.000 membros temos quase 28% do
efetivo total. (de novo a mercê dos matemáticos).
- Fica aqui o Meu
agradecimento ao Chefe membro da Direção Regional pelas informações prestadas.
Pelo sim pelo não é um numero impressionante. Se considerarmos 6.800 adultos e
se cada um recebesse uma condecoração ou outra outorga seriam mais de 48% do
efetivo adulto. Um trabalhão para a entrega a cada agraciado. Fiquei em dúvida
quanto às informações prestadas no Relatório Regional 2018. Lá está anotado que
foram 329 medalhas concedidas, 462 diplomas de mérito e 297 elogios. O que não
é nada desprezível.
Enfim, valeu o trabalho
da Região de São Paulo nesse quesito. Pena que ainda não chegaram ao escotismo
de BP. Depois destes relatos me lembrei do pensamento dele traduzido pelo
excelente Chefe de Campo de Gilwell John Thurman:
- O Escotismo nasceu em 1907
entre meninos pobres e, se economicamente os rapazes melhoraram desde então,
por outro lado moral e espiritualmente existem rapazes tão pobres como naquela
época, que necessitam do Escotismo.
- Se
nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado
auto-suficientes, então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o
Movimento. E ele termina: - Os únicos capazes e possíveis de pôr o escotismo a
perder são os próprios CHEFES E DIRIGENTES!
Nota – Não quero polemizar com quem
quer que seja. Posso estar errado mas mantenho meu escotismo simples, humilde, de
teor Bipidiano na trilha conforme deixou o fundador Robert Baden-Powell.
Boa reunião e feliz escotismo para
todos!