Uma história que
não existiu.
A rebelião
dos escoteiros.
Nota - Só para
divertir. Tudo ficção. Nosso escotismo não é assim. Ele caminha de vento em
popa. Todo ano crescendo e sem evasão. Os tais habitantes do escotismo
tradicional que se cuidem. Afinal agora na EB todos têm direito a voz e voto. É
só ir às Assembleias. Não dizem que tanto rico como pobre tem o mesmo direito
na EB? Mas calma, é só uma crônica para divertir e mais nada. Até outro dia!
- Marido tem dois
homens querendo falar com você! - Cobrança Célia? - Não estão com aquela roupa
preta uns de azul e outros de verde que estão usando no escotismo moderno. Aquela
boa para espantar fantasmas em noites de frio em acampamentos. Olhei pela
janela. Dois supimpas escotistas da EB. Reconheci logo. Empertigados, pose de
doutores e chefões escoteiros. Diga que irei em cinco minutos, preciso vestir
meu uniforme. Sempre tive tempo determinado para vestir meu caqui. Hoje não
mais. Demoro um tempão cheio de meu “pé me dói”. Calça curta, cinto brilhando,
camisa, meião chapéu e lenço. Para tirar onda coloquei minhas poucas medalhas.
Rs... Ah esqueci minha botinha preta engraxada. Com meu caqui nos trinques fui
até a varanda onde estavam. Nos cascos dei meu sempre alerta! Nem ligaram. Nem
me estenderam a mão. Conheço tipos assim metidos a “besta”. Eles não sabem o
Sexto Artigo da Lei.
– Chefe, somos da UEB,
membros do BEN. Uai, não era DEN? Mudou Chefe o novo Presidente resolveu mudar.
Afinal somos mutantes e mudamos tudo a nossa frente. Dom Pascácio o Presidente
mandou avisar para não se intrometer na rebelião dos escoteiros! - Rebelião?
Onde? Quero participar gritei! Olharam-me sério. Não sabe que os escoteiros
estão ocupando as sedes e não deixando os chefes entrarem? Umm! Essa era boa.
Eu sabia dos estudantes, eles não queriam estudar e inventaram de plantar
batatas nas salas de aula. Ainda reivindicavam comida de primeira. Afinal isto
dava dividendos com a imprensa presente. Eles na TV e a professorada que mesmo
sem dar aula recebia seu quase rico dinheirinho aplaudindo. Porque invadiram as
sedes? Perguntei. – Não é da sua conta. Não se intrometa! Putz, diretores e
presidentes assim? Quantos da família Bolsonaro tinha lá na UEB? Será que agora
os Cobrões da EB poderão andar armado? – Pedi para a Célia pegar meu bastão da
Lobo. Duas e meia polegada de diâmetro, ponteira de aço. Eles se foram. Minha
rua começou a se encher de chefes. Um deles conhecido escoteiro do ar bom de
prosa, outro soldado da nação lá das longínquas Guarulhos. Tinha também um fiel
escudeiro da prefeitura de Céu Azul e um da aristocracia Italiana. Irmãmente me
saudaram. Chefe a coisa está preta! Preta? Preta é esta vestimenta, Ops. Sem
ofensa!
- Convidei-os para
entrar. Uma enorme multidão de chefes cantava baixinho Deus Salve os Escoteiros!
– Cheguei no portão e gritei alto: - Good Morning, Curitiba! A rua veio abaixo.
Palmas, Anrê e bravôo de montão. – Perguntei a tiracolo: - Porque ocuparam as
sedes? – Cansaram Chefe. Cansaram de ficar pendurados no bastão vendo seu Chefe
falar. Cansaram de jogos repetidos. Cansaram das aulas de nós e de sinais no
quadro negro ou dentro da sede. Não querem mais ser monitores. Dizem que o
Monitor é apenas um enfeite. Chega de ouvir os gritos dos chefes. Cansaram de
ouvir celulares tocando, cansaram de ver chefes de uniformes diferentes, dos óculos
Ray Ban dos chapéus e coberturas esquisitas. Cansaram de ver tantos sem
uniforme só de lenço dizendo que são escoteiros! – Caramba! O caldo engrossava...
- Mas o que eles querem realmente? Chefe querem acampamentos, excursões, atividades
aventureiras querem bivaques, jornadas noturnas, querem subir em árvores,
querem construir Ninhos de Águia, pontes, querem fazer um comando Crow feito
por eles mesmos em cima de um rio ou um despenhadeiro! Abominam as exigências,
as burocracias. Querem liberdade para aprender fazendo sem o Chefe de Babá!
- Mas não dizem que as
tropas realizam até mais que isso? Um Chefe me afirmou que existem atividades
assim em muitas tropas do Brasil. – Chefe, eles estão revoltados. Os que saíram
do escotismo querem voltar, mas para participar do escotismo de raiz aquele de
BP. Querem viver na natureza, querem ouvir os ruídos da noite, querem se
divertir em volta de um fogo só deles. Querem acampar em seus campos de
Patrulha sem outras sessões e depois ficar ouvido chefes dizendo que adoraram o
acampamento! Querem tempo livre querem sugerir e aprender a fazer fazendo. Cansaram
de ter tantas especialidades sem merecimentos. Querem provas de desafio e não
estas que parece atividade escolar. – Pensei em Abraham Lincoln: - Pode-se
enganar a todos por algum tempo. Pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas
não se pode enganar a todos todo tempo! A chefaiada embelezada pela EB gritava:
- - Abaixo os escoteiros amotinados! Viva a EB! Viva os presidentes nacionais e
regionais. – Poxa! O que era isto? Eis que aparece um batalhão de Caqueanos.
Chapéus de abas largas, estupendamente bem uniformizados. Atrás milhares de
escoteiros e ex-escoteiros que querem voltar aos velhos tempos.
- Pararam na minha
porta. Gritos e um carro de som da CUT (Logo da CUT?) começou a tocar e a
berrar: - Chefe Osvaldo, Chefe Osvaldo! Escoteiro Chefe do Brasil! – O que? Eu?
Tá loco? (como diz meu papagaio). Necas! Velho sem dente, sem ar, sem poder
andar e falar. Escoteiro Chefe? Centenas e milhares de monitores ali com cópias
de atas das Corte de Honra. Todas elas com meu nome aprovando meu novo mandato
na EB. – Um deles menino escoteiro dos bons gritou: - Chefe, precisamos de um
amigo, de um irmão e não de um chefão. Precisamos de alguém que nos ouça, que converse
que não nos tente convencer que o mundo mudou e quer falar por nós. Somos
meninos sonhadores, queremos ser heróis exploradores. Precisamos de chefes que
nos entenda que saiba ouvir e não determinar. Nossa! Onde amarrei minha égua? Um
tiro de canhão apitou no ar. A EB conseguiu um canhão emprestado da Marinha.
Uma corveta toda equipada para a guerra estava ancorada perto da minha casa no
rio Tietê.
Comecei a tremer de
emoção. Adoro uma boa briga. Parecia meus velhos tempos desafiando para uma briga
de galo ou enfrentando uma Jaguatirica no Pântano dos Demônios ou nos desafios
de quebra coco, na luta do Scalp até a morte. Preparei-me como nos velhos
tempos. Arregacei as mangas, prendi o chapéu com o cabo de couro. Dei um murro
no ar. Acertei a parede do quarto onde dormia. Gritei de dor! Celia correndo me
acordando dizendo: - Marido! O que houve? De novo? Quando vai terminar seus
pesadelos? Que o diga Sergio Moro o herói da nação que quer acabar com a
bandalheira e eu também. Mas pensei comigo: - Seria bom se a escoteirada se
erguesse. Fui até a sala fiz um curativo e voltei a dormir, sonhando com anjos
e querubins tocando arpas no céu. Ops! Desta vez não vi BP!