quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Uma história que não existiu. A rebelião dos escoteiros.




Uma história que não existiu.
A rebelião dos escoteiros.

Nota - Só para divertir. Tudo ficção. Nosso escotismo não é assim. Ele caminha de vento em popa. Todo ano crescendo e sem evasão. Os tais habitantes do escotismo tradicional que se cuidem. Afinal agora na EB todos têm direito a voz e voto. É só ir às Assembleias. Não dizem que tanto rico como pobre tem o mesmo direito na EB? Mas calma, é só uma crônica para divertir e mais nada. Até outro dia!

- Marido tem dois homens querendo falar com você! - Cobrança Célia? - Não estão com aquela roupa preta uns de azul e outros de verde que estão usando no escotismo moderno. Aquela boa para espantar fantasmas em noites de frio em acampamentos. Olhei pela janela. Dois supimpas escotistas da EB. Reconheci logo. Empertigados, pose de doutores e chefões escoteiros. Diga que irei em cinco minutos, preciso vestir meu uniforme. Sempre tive tempo determinado para vestir meu caqui. Hoje não mais. Demoro um tempão cheio de meu “pé me dói”. Calça curta, cinto brilhando, camisa, meião chapéu e lenço. Para tirar onda coloquei minhas poucas medalhas. Rs... Ah esqueci minha botinha preta engraxada. Com meu caqui nos trinques fui até a varanda onde estavam. Nos cascos dei meu sempre alerta! Nem ligaram. Nem me estenderam a mão. Conheço tipos assim metidos a “besta”. Eles não sabem o Sexto Artigo da Lei.

– Chefe, somos da UEB, membros do BEN. Uai, não era DEN? Mudou Chefe o novo Presidente resolveu mudar. Afinal somos mutantes e mudamos tudo a nossa frente. Dom Pascácio o Presidente mandou avisar para não se intrometer na rebelião dos escoteiros! - Rebelião? Onde? Quero participar gritei! Olharam-me sério. Não sabe que os escoteiros estão ocupando as sedes e não deixando os chefes entrarem? Umm! Essa era boa. Eu sabia dos estudantes, eles não queriam estudar e inventaram de plantar batatas nas salas de aula. Ainda reivindicavam comida de primeira. Afinal isto dava dividendos com a imprensa presente. Eles na TV e a professorada que mesmo sem dar aula recebia seu quase rico dinheirinho aplaudindo. Porque invadiram as sedes? Perguntei. – Não é da sua conta. Não se intrometa! Putz, diretores e presidentes assim? Quantos da família Bolsonaro tinha lá na UEB? Será que agora os Cobrões da EB poderão andar armado? – Pedi para a Célia pegar meu bastão da Lobo. Duas e meia polegada de diâmetro, ponteira de aço. Eles se foram. Minha rua começou a se encher de chefes. Um deles conhecido escoteiro do ar bom de prosa, outro soldado da nação lá das longínquas Guarulhos. Tinha também um fiel escudeiro da prefeitura de Céu Azul e um da aristocracia Italiana. Irmãmente me saudaram. Chefe a coisa está preta! Preta? Preta é esta vestimenta, Ops. Sem ofensa!

- Convidei-os para entrar. Uma enorme multidão de chefes cantava baixinho Deus Salve os Escoteiros! – Cheguei no portão e gritei alto: - Good Morning, Curitiba! A rua veio abaixo. Palmas, Anrê e bravôo de montão. – Perguntei a tiracolo: - Porque ocuparam as sedes? – Cansaram Chefe. Cansaram de ficar pendurados no bastão vendo seu Chefe falar. Cansaram de jogos repetidos. Cansaram das aulas de nós e de sinais no quadro negro ou dentro da sede. Não querem mais ser monitores. Dizem que o Monitor é apenas um enfeite. Chega de ouvir os gritos dos chefes. Cansaram de ouvir celulares tocando, cansaram de ver chefes de uniformes diferentes, dos óculos Ray Ban dos chapéus e coberturas esquisitas. Cansaram de ver tantos sem uniforme só de lenço dizendo que são escoteiros! – Caramba! O caldo engrossava... - Mas o que eles querem realmente? Chefe querem acampamentos, excursões, atividades aventureiras querem bivaques, jornadas noturnas, querem subir em árvores, querem construir Ninhos de Águia, pontes, querem fazer um comando Crow feito por eles mesmos em cima de um rio ou um despenhadeiro! Abominam as exigências, as burocracias. Querem liberdade para aprender fazendo sem o Chefe de Babá!

- Mas não dizem que as tropas realizam até mais que isso? Um Chefe me afirmou que existem atividades assim em muitas tropas do Brasil. – Chefe, eles estão revoltados. Os que saíram do escotismo querem voltar, mas para participar do escotismo de raiz aquele de BP. Querem viver na natureza, querem ouvir os ruídos da noite, querem se divertir em volta de um fogo só deles. Querem acampar em seus campos de Patrulha sem outras sessões e depois ficar ouvido chefes dizendo que adoraram o acampamento! Querem tempo livre querem sugerir e aprender a fazer fazendo. Cansaram de ter tantas especialidades sem merecimentos. Querem provas de desafio e não estas que parece atividade escolar. – Pensei em Abraham Lincoln: - Pode-se enganar a todos por algum tempo. Pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo tempo! A chefaiada embelezada pela EB gritava: - - Abaixo os escoteiros amotinados! Viva a EB! Viva os presidentes nacionais e regionais. – Poxa! O que era isto? Eis que aparece um batalhão de Caqueanos. Chapéus de abas largas, estupendamente bem uniformizados. Atrás milhares de escoteiros e ex-escoteiros que querem voltar aos velhos tempos.

- Pararam na minha porta. Gritos e um carro de som da CUT (Logo da CUT?) começou a tocar e a berrar: - Chefe Osvaldo, Chefe Osvaldo! Escoteiro Chefe do Brasil! – O que? Eu? Tá loco? (como diz meu papagaio). Necas! Velho sem dente, sem ar, sem poder andar e falar. Escoteiro Chefe? Centenas e milhares de monitores ali com cópias de atas das Corte de Honra. Todas elas com meu nome aprovando meu novo mandato na EB. – Um deles menino escoteiro dos bons gritou: - Chefe, precisamos de um amigo, de um irmão e não de um chefão. Precisamos de alguém que nos ouça, que converse que não nos tente convencer que o mundo mudou e quer falar por nós. Somos meninos sonhadores, queremos ser heróis exploradores. Precisamos de chefes que nos entenda que saiba ouvir e não determinar. Nossa! Onde amarrei minha égua? Um tiro de canhão apitou no ar. A EB conseguiu um canhão emprestado da Marinha. Uma corveta toda equipada para a guerra estava ancorada perto da minha casa no rio Tietê.

                            Comecei a tremer de emoção. Adoro uma boa briga. Parecia meus velhos tempos desafiando para uma briga de galo ou enfrentando uma Jaguatirica no Pântano dos Demônios ou nos desafios de quebra coco, na luta do Scalp até a morte. Preparei-me como nos velhos tempos. Arregacei as mangas, prendi o chapéu com o cabo de couro. Dei um murro no ar. Acertei a parede do quarto onde dormia. Gritei de dor! Celia correndo me acordando dizendo: - Marido! O que houve? De novo? Quando vai terminar seus pesadelos? Que o diga Sergio Moro o herói da nação que quer acabar com a bandalheira e eu também. Mas pensei comigo: - Seria bom se a escoteirada se erguesse. Fui até a sala fiz um curativo e voltei a dormir, sonhando com anjos e querubins tocando arpas no céu. Ops! Desta vez não vi BP!