Conversa ao pé do fogo.
.”Livre Arbítrio”.
É... Está havendo uma revoada
de “gente escoteira” para outras associações escoteiras brasileiras. É um
direito que ninguém pode condenar. São direitos inalienáveis do ser humano. A
escolha onde fazer o que fazer e como fazer é uma escolha individual e deve ser
respeitada. Porque estou comentando isso? Simples. Estamos vendo alguns insatisfeitos
com a União dos Escoteiros do Brasil e resolveram procurar outro campo para
acampar.
Não estão errados. Nossa
associação criou um sistema único, autoritário no que diz respeito ao seu
pensamento de normas e regulamentos que lhe dão poderes absolutos para decidir
os destinos do escotismo brasileiro assim como aos seus associados. São pródigos
em tomar medidas antipáticas e os que não concordam são severamente punidos. Alegam
os lideres que fizemos um juramento e ele nos prende as normas estatutárias
onde só temos que obedecer.
Essa debandada começou no final
da década de oitenta. Naquela época eu era uma “persona non grata” para a
liderança escoteira regional e nacional. Nunca deixei de expressar minha
opinião, me consideram uma oposição e sempre fui tolhido pela cartilha dos
dirigentes que queriam impor “seu escotismo” no meu modo de pensar. Um “estranho
no ninho”.
Naquela época eu e um antigo Comissário Regional
pensamos em criar uma nova Associação Escoteira. Seria a pioneira já que não
existiam outras. Nossa meta seria uma democracia autêntica, onde todos tivessem
voz e voto e pudessem participar ativamente nos destinos da Associação. Não foi
adiante. Desisti. Nasci na União dos Escoteiros do Brasil e minha luta mesmo fadada
ao malogro me confirmavam que pouco iria mudar e mesmo assim persisti!
Até hoje alguns acham que por
não fazer meu registro não tenho direitos. Já me disseram que não podia nem
usar o Distintivo de Promessa. Há tempos recebi uma comunicação dos donos do
poder para devolver meu certificado meu lenço e minhas condecorações. Disse
não. Que viessem pessoalmente me tomar. Claro, não veio ninguém. Minha consciência
é que determina o certo e o errado. Sem registro me considero um Uebeano de
coração.
As condecorações que tenho me
foram dadas quando Comissário Regional e membro da Equipe de Adestramento (hoje
formação) por dirigentes de valor. Gente de fibra que se podia orgulhar e ser
amigo. Não paguei por elas como hoje se paga hoje. São minhas e devolver seria
trair a minha consciência. Nunca desisti e até hoje persisto nas minhas ideias
e convicções.
Ainda tenho uma réstia de esperança que tudo um dia possa mudar. Sei que
não será fácil, os dirigentes de hoje se prezam em manter seus cargos, seus
direitos e gostam da posição de poder que exercem. Estão burocratizando, criando
normas indefectíveis, não consultam, não pesquisam, determinam em nome de uma pequena
facção que chamam de Assembleia Nacional formada por eleitos próprios e indicados
por alguém próximo ao poder.
Os estatutos foram feitos por
poucos, e dificilmente dão direitos aos demais membros da Associação para
opinar ou modificar sua base direcional. Quem os lê sabe que dificilmente os
membros poderão ter uma participação mais democrática em seus direitos de
cidadão conforme reza a nossa Constituição.
Poderia citar aqui várias
formas de interpretar e contrapor o que dizem os atuais dirigentes escoteiros
nacionais. Eles pouco se manifestam deixando que “Politicamente Corretos”
ligados ao poder falem por eles. Nunca a EB (Escoteiros do Brasil) irá dar voz
e voto aos que dela participam e nunca iriam fazer consultas às bases ou mesmo
pesquisar se o programa que ela impôs está dando bons resultados. A evasão é
prova que nem tudo são flores.
Dificilmente a Escoteiros do Brasil como se
denomina irá dar responsabilidades mais abrangentes as unidades locais (Grupos
Escoteiros). Sua maneira diretiva atual se baseia em criar, modificar e
determinar o que é melhor para seus afiliados. Não posso concordar com isso e
se um dia viesse a me registrar o que penso seria negado, tenho certeza que
como muitos serei admoestado, censurado e até mesmo processado em nome de um
bem comum.
Se os demais membros do escotismo
da Escoteiros do Brasil se acham livres para decidir o seu destino, eu aplaudo.
Suas escolhas para terem nova vida em outra associação que não a Escoteiros do Brasil,
certas ou erradas são decisões que ninguém pode contrapor ou discordar. Querem
fazer o escotismo conforme acreditam. O tempo dirá se o caminho tomado é o
certo ou o errado. O livre arbítrio é condição nata para que cada um escolha o
seu destino.
Tenho simpatias pelas outras associações.
Respeito. Não vou me afiliar e nem fui convidado. Tenho meus senões de que as
associações de hoje também pecam pelos mesmos erros da EB (Escoteiros do Brasil).
Seus lideres são os mesmos da fundação. Mesmo que usem e abusem do direito de voz
e voto fico na duvida. Há um longo caminho a percorrer. Vida longa e próspera a
todos eles.
Minha bandeira é a da União dos
Escoteiros do Brasil. Ela é e vai continuar desfraldada em meu coração. Se
disserem que não sou um Badeniano da UEB digo que são palavras fúteis que não
levo em consideração. Fiz uma promessa, jurei cumprir o meu dever para com Deus
e a Pátria. “Desprezei e desprezo a frase colocada na promessa por alguns
dirigentes da UEB: - E servir a União dos Escoteiros do Brasil”.
Afinal eu me pergunto quem serve
a quem? Os associados ao seus dirigentes ou os dirigentes aos seus associados?
Nota
– Um pequeno artigo sobre a debandada de alguns que insatisfeitos com a
Escoteiros do Brasil, estão procurando novos ninhos onde possam montar sua
barraca e fazer o escotismo que acreditam. Não discordo. São direitos inalienáveis.
O livre arbítrio faz parte do nosso crescimento. Que a nova morada possa dar a paz
de espírito e a vivencia em fazer o escotismo de Baden-Powell conforme acreditam.
Sempre Alerta!