terça-feira, 20 de março de 2018

Conversa ao Pé do fogo. Montando um campo base, ou melhor, um campo de patrulha.



Conversa ao Pé do fogo.
Montando um campo base, ou melhor, um campo de patrulha.

                      Muitos amigos chefes leitores tem pleno conhecimento e experiência em montagens de campos de Patrulha. “O batismo de fogo” para muitos teve momentos felizes e exitosos e isso deu padrões de crescimento para suas tropas. No passado os cursos eram realizados visando o Sistema de Patrulhas, com seus campos suas cozinhas e todos os alunos vivendo e aprendendo como se fossem escoteiros. Para muitos isso valeu como um aprendizado real. Depois veio a sofisticação. Poucos vivendo o que deveriam viver.

                    Isto no entanto não impede de viver a vida escoteira mateira. Aprendemos que um campo base, ou melhor, um Campo de Patrulha deve ser montado e vivido dentro dos padrões de Gilwell. Acampar é um dos objetivos do método e aprender fazendo faz parte da formação coletiva e individual. Acampamentos modorrentos, cheios de minucias e atividades que tolhem a liberdade de criação e que não fornece o tempo livre necessário para a Patrulha crescer individualmente perdem muito de seus objetivos finais.

                   Na sede é onde se começa e não onde se termina. Aprender nós, amarras, costuras e outros nós importantes a serem utilizados no campo podem e devem ser realizados. Para isso existe os monitores. Mas é lá no acampamento que nasce a criatividade. A vontade de usar uma machadinha, facão ou outros objetos de sapa. Todos querem usar e aprender. Alertar para os calos na mão é válido mas quem um dia não voltou com vários deles e sofreu por semanas?

                  O Jovem Escoteiro quer fazer. Não quer olhar e nem aprender somente com o Monitor e o Chefe. O adestramento ou treinamento é criatividade. Fazer um fogão suspenso, uma mesa, fossas usando ou não artimanhas e engenhocas igual aos que foram feitos anteriormente nem sempre tem valores na arte de aprender fazendo. Caiu? Faça de novo. Não deu? Tente mais uma vez. Ficar criticando o mal feito, a amarra ruim, a falta de firmeza não é próprio de um líder Escoteiro.

                  Costumo dizer que o campo de Patrulha é a extensão de sua casa. Considerando é claro as devidas proporções de uso. Se no passado ter no bolso o lenço o pente e saber passar e lavar seu uniforme ou outras peças hoje isso perdeu um pouco do valor. Mas será que ainda não é válido?   O adestramento a montagem de um campo de Patrulha com o tempo se torna um lugar comum. Em poucas horas os patrulheiros já montaram suas barracas, suas pioneirías básicas e prontos para começar o programa de campo.

                   Acampar é dar liberdade. Apitos sem necessidade, programas e jogos coletivos onde se espera horas para chegar sua vez, visitas que atrapalham e só o Chefe que sabe o que eles querem nem sempre tem resultados felizes. O campo base é o campo onde o escoteiro fixa seu acampamento. Diz-se base pois ainda que o escoteiro faça caminhadas, vá explorar as redondezas ou mesmo fazer um pernoite em outro local este é o campo que ele vai voltar.

                   O treinamento ou adestramento começa com a Patrulha de Monitores. É onde o Chefe tem oportunidade de fazer fazendo, aprendendo, errando e junto aos monitores sabe o ponto certo onde erraram e como fazer o certo. Monitores adestram suas patrulhas e não o Chefe. Se aprenderam no Acampamento de Monitores (acampamento da tropa e não curso) tudo vai aos poucos chegando aos seus conformes. Qualquer acampador sabe que a experiência vai dar aos patrulheiros mais comodidade e tranquilidade para fazer e aprender.

                   O Chefe e os monitores devem visitar o local antes do acampamento. Os monitores quando chegam chamam sua Patrulha e juntos escolhem seu local de campo. Instruídos anteriormente eles montam seus campos, fazendo com que todos participem e não sendo simples olheiros. Conheci patrulhas que chegavam ao campo no sábado à tarde e duas ou três horas depois estavam devidamente instalados. Um acampamento simples de fim de semana. São bons e baratos.

                   A importância da responsabilidade é cobrada pelo Monitor nos acampamentos. O Bombeiro Lenhador, o Intendente, o Almoxarife, o Cozinheiro, o Construtor de Pioneirias, o Aguadeiro e tantos outros que podem ser acumulados devem se orgulhar do que são e cumprir seus deveres com satisfação. O tempo livre repito é ponto importante. Não ficar ocioso. Visitar a redondeza para conhecer, ver frutas e verduras que podem ser utilizadas, pescar, montar armadilhas sem prejudicar os animais ou pássaros, tudo é válido para uma tarde antes do banho geral.

                    Programas cheios de minucias não trazem boas recordações. O jovem foi acampar e não ficar ouvindo apitos, sentados ouvindo histórias do Chefe que poderiam muito bem ser feitas na sede. Acampar é viver a natureza. Aprender fazendo faz parte do tempo disponível do escoteiro. As horas das refeições são momentos sublimes que muitos tem como ponto de honra no acampamento. O barulho do bater nos pratos é inesquecível. Os materiais devem ser visto antes. O provérbio português “Quem vai para o mar avia-se em terra” mostra até que ponto cada um cumpriu o seu dever.

                   Isto é somente uma pequena amostra de Campos de Patrulhas. Programa é responsabilidade da Corte de Honra e do Chefe. Você se ainda não possui este tipo de adestramento, comece. É fazendo que se aprende. Quer aprender pioneirías, armar barracas, nós e amarras, caminhadas, atividades aventureiras ou outra qualquer? Se mexa! Chame seus monitores, faça com eles e aprenda com eles. Em pouco tempo vais ver que és um técnico mateiro sem dever conhecimento a ninguém de anos e anos de escotismo. “Escotismo se faz no campo” a sede é apenas um ponto de interseção para grandes aventuras!

Nota – Escotismo é campismo, o resto é resto mesmo. Que seja o menino de ontem ou o de hoje ele quer sim acampar, correr pelos campos, aventurar-se em montanhas, dormir na barraca, subir e descer em árvores, montar grandes ou pequenas pioneirías. Será que estamos dando esta liberdade a ele? Outras atividades de boas ações na cidade são válidas mas cá prá nós... Será que ele fica sempre motivado ou desanima e sai? Se você é daqueles que só vê dificuldades está no lugar errado. Se mexa, use e abuse dos pais e dos monitores. Quem quer faz quem não quer manda... Ou reclama!