Final de noite sem fogueira.
Apenas uma desilusão ao final do filme.
Que filme? Podes me contar?
Sinceramente não sei. Veio-me assim de maneira instantânea na mente nos últimos
dias. Ou será nos últimos meses ou anos? - Ando meio desencantado com o que
vejo no escotismo nacional, mas isto sempre fez parte da minha vida escoteira.
Nada de novo no “Front”. Fiz um escotismo antigo, hoje pregado no fundo do
bornal. Acreditava no método de Baden-Powell. Passei por poucas e boas. Não fui
santo e nem demônio. Usei todas as armas possíveis para sobreviver e não dizer aos
soberanos do poder que não iriam me ver pelas costas. Nunca!
Por uns tempos pensei que era uma ilusão
passageira. Os que chegavam traziam na algibeira boas novas para voltar aos
tempos do bem querer. Não foi assim, como muitos me senti enganado, tal como
disse a poetiza: - Desilusão é simplesmente parar de acreditar que se é mais
esperto que os outros. Será? Já escrevi
versos, prosas, histórias lendas escrevi tudo que podia acreditar trazer de
volta aquele escotismo dos velhos tempos que se tornou passado.
Tem tempos que ando pensando em
parar de escrever. Para que? O que adianta? Minhas escritas são fraudes tirada
da imaginação? Nas entrelinhas penso que o que está aqui não é a realidade. Se
acreditar engano a mim mesmo. Bato-me na tecla para quem o escotismo veio. Para
mim? Para você? Ou para esta rapaziada que gostaria de viver seus sonhos de
heróis? E quem são os heróis de hoje? Os meninos? Ou estes novos estão chegando
só pensando no poder? No aparecer? No ser chefão e no comando e ser o tal?
Fico pensando se não estou errado.
Não gosto, no entanto do que vejo. Homens feitos se gabando do que são, do que receberam
do sonho de ser alguém. Eles estão errados? Pelo sim pelo não e acabrunhado
penso onde e em que parte entra o menino e seu sonho escoteiro. Recebi a quarta
conta! Sou IM! Sou dirigente nacional, obrigado pelo voto! Fui convidado para
ser formador! Estou recebendo medalhas, palmas para mim! E o menino nada?
E o menino moço! O que ele recebeu?
O que está dando para ele ser o que se espera na sua formação tão sonhada?
Nunca pensei que se tornaria uma “asneira” a frase: - Ouvir os jovens. Poucos
ouvem. A preocupação é outra. É denegrir a apresentação pessoal com uma
uniformização feita sob medida para desmerecer o nome e o garbo que sempre se
pautou o escotismo no Brasil.
Se você não é do clube, não joga no
time dos importantes, você não é ninguém. Isto é escotismo? Uma “briga de foice
no escuro” nas épocas de eleições. E depois de eleitos vem os pavões com suas caudas
coloridas, a dizer que fazem o melhor escotismo do Brasil. E toca a mudar... A
mudar...
Não sei se estou escrevendo baseado
nos últimos dias que sobrevivi na corrida em busca de sobreviver. Pensei que seria
meus últimos dias. Todo dia correndo para enfermaria. Não foi. Cabeça
embolorada, corpo espavorido, tentava escrever e não conseguia. Mas vi as
fotos, os dizeres que me jogaram água fria. Fico pensando quando se vai
instituir a quinta e a sexta conta. Será a conta uma maneira ou uma nova leva
de pedantes na conquista?
Retiro-me
do palco, amanhã quem sabe novo espetáculo. Mas dói ver tanta baboseira de homens
gulosos a procura do poder. Quem nunca foi nunca será! Quem disse isso? Não sei.
Ainda
pensando se posso me dar ao luxo de ficar de fora por uns tempos. Tentar
raciocinar até onde esta leva de farsantes irão chegar. Afinal o que escrevo é
banana de macaco que depois de deglutido só tem um destino final. Adubo na
floresta, pois aqui não tem valor. Nenhum valor...
Desculpem,
vou dormir. Hoje o mar não está prá peixe. Vou pensar se vale a pena continuar
a escrever. Fraternos abraços e um apertado aperto de mão,
Boa
noite.