As tardes são dos velhos chefes escoteiros.
Língua ferina aguda garra...
“Caro
amigo, não te preocupes com o que entra em tua boca, mas sim do que dela sai.
Existem palavras que ferem mais que faca amolada, que arrasam como tempestade,
que destroem como terremoto, que só silenciam com a morte e que ofendem como
veneno. Que Deus nos perdoe e nos guarde da língua ferina e da boca do inferno
desses maldosos, os quais não perdoam com suas críticas desvairadas”! (Chico
Mesquita).
-
Pois é. Tirei o dia para descascar banana. Dizer o que pensa pode machucar.
Machuca o próximo, aquele que se sente ofendido e que acreditava em você. Mas
isto não é limpar a consciência? Crucificar alguém que erra não é levá-lo ao paraíso?
Pode ser para um, mas não são para os demais. “Entonse” meu amigos virtuais me
perdoem. Há tempos pensava em desabafar. Isto é mau?
-
Seja como for, meto a mão na cumbuca e lá vou “trepando” na montanha com a
torcida do cai-cai gritando lá em baixo. Começo metendo o dedo no nariz e
pensando: - Você montou um grupo de amigos aqui no Facebook? Beleza. Mas cuidou
dele? Ainda posta ou convida outros amigos a postar? Ou foi apenas um
brinquedinho de momento? Encontrou um boa praça para ser administrador e depois
deu no pé? Acha isso correto?
-
De um nó Fateixa ao um de Pescador. Adoro os dois. Uma vez um Velho Chefe
Escoteiro me disse: - Vado Escoteiro observe. Quando assistir a uma reunião,
atividade ou acampamento de lobo ou escoteiro, preste atenção em três coisas: -
A) O sorriso espontâneo nas matilhas e patrulhas. B) Na disciplina, no garbo,
na cortesia e na lealdade. C) E por último Vado, preste atenção na cor do
uniforme. Quanto mais desbotado melhor. Se o lobo ou escoteiro veste com
orgulho é sinal de sucesso. Está usando há muito tempo. Se muitos estiverem
assim, pode acreditar que ali se pratica escotismo de qualidade. Aplauda por
favor!
-
Foi em um curso, eu era Diretor e nos horários de tempo livre costumava passear
pelas patrulhas de chefes, parar na cozinha, ver o cozinheiro preparando o
manjar e claro papear. Gostava disso. Uma Chefe recém-empossada, me cutucou: - O
que o Senhor acha dos novos tempos, do modernismo, das novas tecnologias, das
caricatas figuras que hoje querem mudar seu estilo, cabelo, brincos, tatuagens roupas
e parlatório de mano prá mano?
-
Eita! Me pegou de jeito. O que responder? – Fiquei pensando sem nada dizer. No
meu tempo pai não matava filho, todos diziam sim senhor. No meu tempo havia
respeito, havia sinceridade, havia ética havia outro tipo de amor. Nunca vi escoteiro
de brinco, tatuado, resfolegando em um baseado ou agarrado a um Smart Fone
quando devia ajudar o cozinheiro. No meu tempo não havia divergência entre
chefes, tantos generais dando ordens e poucos obedecendo. No meu tempo a gente
amava a natureza, vivia cantando nas trilhas do mundo e não havia tempo para
outras escolhas.
-
Um dos chefes, novo ainda, sentando-se à mesa do refeitório, me sopegou
cortante: Chefe, o senhor não respondeu. Acha que o hoje não é o ontem? E se eu
disser que me declarei homossexual e que acredito no valor do escotismo? Os
presentes riram. Outro jovem imberbe ainda completou: - Chefe na minha
inscrição coloquei que era agnóstico e não acredito em Deus. O senhor pode me
dizer se eu posso ser escoteiro ou não?
-
Gente, que tremenda roubada. Tudo que disseram não era minha praia. Como
explicar a eles a beleza do sol, da lua do firmamento e do mar? Como explicar às
gaivotas, o pardal, a cotovia e o beija flor que voa para onde quer mais rápido
que o vento? Como explicar a natureza em todo seu esplendor? E o BigBang? Do
nada formou o universo? E antes dele não tinha nada? Não existia Deus?
-
Sorri de leve, olhei para meus inquisidores chefes escoteiros e repeti as
palavras de Santo Agostinho: - “Perguntem a terra, ao mar, à profundeza e, entre os animais, às
criaturas que rastejam, Perguntem aos ventos que sopram e aos seres que o ar
encerra. Perguntem aos céus, ao sol, à lua e às estrelas e a todas as criaturas
à volta da nossa carne: Suas perguntas eram o olhar que eu lhes lançava Sua
resposta era a sua beleza.”
Acho que nenhum deles entendeu o que quis dizer. Olhei para o
céu e disse a mim mesmo: - Vado o que é, pois o tempo? Se ninguém me pergunta eu
não sei. Se quero explicá-lo a quem me procura eu continuo não sabendo. Cala-te
com o que vê, feche os olhos para não se distrair, mantenha seu espirito
escoteiro. Este não é mais seu mundo. Quem sabe quando voltar por aqui
novamente poderá viver os novos tempos que hoje não consegue viver?