quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Sou um herói de mim mesmo.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Sou um herói de mim mesmo.

... Protagonista de um sonho escoteiro, às vezes me enrosco com a mente alheia, dos amigos que amam e ao mesmo tempo desprezam os que ao seu lado tentam mostrar o que não são na sua vivência escoteira. Eu sei que cada um de nós é o astro, o herói e o protagonista de sua própria história. A melhor forma de viver é lançarmos nossas próprias decisões e seguirmos nossas próprias convicções. Cada qual deve sentir-se livre para ser o que é. Preocupar-se demasiadamente com o que os outros pensam jamais fará uma pessoa feliz.

                           Quando “pequerrucho” e me tornei lobinho, acreditei que “meu Balu” era meu herói. Fui crescendo e Escoteirando vi que meu Chefe João Solado não foi meu herói que acreditei encontrar. Tudo porque ele sempre quis fazer de sua tropa os heróis de si mesmo. Deu-nos liberdade, confiou em nossas responsabilidades e sempre dizia: Escoteiros, uma tropa não precisa de Chefe para andar. Se Caio Vianna andou com suas próprias pernas façam vocês seus próprios destinos. Montamos em nosso Vulcabrás em busca de aventuras quixoteanas. Tudo era um marco de aprendizado varonil em nossas vidas.

                            Eis que homem me tornei. “Chefaiando” sempre acreditei em deixar os jovens andar com suas próprias pernas. Meu pai foi meu herói diferente. – Pai, vou acampar... Ele me olhava e dizia: - Você sempre será responsável por você mesmo. E assim foi. Bandeiras ao vento, trilhas misteriosas, procurando o jardim secreto da felicidade nos vales e florestas onde acampei. Ele meu pai nunca cobrou nada dos meus chefes e eles nunca cobraram nada de meu pai. Barraca no lombo ou sem lombo tudo poderia se tornar um teto para dormir. Vez ou outra lá vinha ele o Chefe João Soldado pedalando afogueado para nos visitar. – Posso entrar? E a gente brincava: - Aguarde Chefe a Patrulha está em reunião! E o tempo foi passando e já homem feito vi que o que havia feito não teria repetição. Mesmo assim com ressalvas e “homijá” de mochila e chapelão, acampei a mais não poder. Deixei meus filhos percorrer a senda de Baden-Powell. Nunca fui pai quando a reunião começava. Agora eles tinham um Chefe, a eles deviam obediência.

                             Na hierarquia escoteira obrigatória percorri caminhos sem volta. Nem tudo foi Mar de Espanha. – (Vide a conquista da parte leste do mar mediterrâneo pela Espanha e a expulsão dos mouros e com o controle total ficou conhecido com Mar de Hespanha). (Não confundir com uma cidade mineira do mesmo nome e Espanha sem H). Nesta caminhada tomei pernadas, mas não fui inocente e também dei as minhas. A elite da Corte Escoteira não comungou com meu raciocínio como não comunga até hoje. Ela nos seus vertentes se uniu aos novos ventos que sopravam mudanças com cada um dizendo ser para melhor.

                             Me posterguei por uns tempos na cortina de fumaça “a Escoteira”, aquele que anda só. Minha mente ainda fervilhava de escotismo. Papel caneta e máquina de escrever e depois computador e lá fui eu escoteirar. Preto no branco surgiu às lendas, as histórias, as fabulas as crônicas tudo encaixava na mente do que fiz e aprendi com a Saga de BP. Até hoje não morro de amores pela “Casta Escoteira”. Vez ou outra salpico meus pensamentos mal traçados a dizer o que penso deles e suas mudanças. (eles também não gostam de mim. Paciência). Não a “coro” de pensar em nova volta ao passado. Poucos dizem amém. Na briga de foice para chegar ao topo no Reino Escoteiro da Mil e uma Noites BP não se apresentou e nem foi convidado. Dizer o que ele pensava que faria se estivesse ali é pura futurologia. Como sou um Mancebo formado na escola da vida, muitas vezes não tenho cultura para acompanhar os mestres doutores que conhecem do fim ao começo o querido POR, o Famoso Mal me quer chamado de Estatutos às normas as exigências e tudo mais que compõe a nova Elite Escoteira.

                             Já vetusto vivendo no pretérito passado não tenho condições de guerrear nas novas estruturas assembleástica. Ainda escrevo com o coração a frente e desse estilo não abro mão. Ainda sou um Robin Wood às avessas a ficar do lado do mais humilde, do humilhado e do ultrajado no seu caminho escoteiro que escolheu. Não importa se não tenho registro e nem direito as Medalhas dos grandões. Mente sã, pé na tábua, fuxico coisas para andar por trilhas misteriosas novamente. Não vou dar lições de como ser Chefe, Diretor, Presidente, Diretor de Curso Básico Avançado ou Velho Lobo. Isto fica para os aquinhoados viventes que ainda tem pernas e braços e correm para se associar a elite do poder. E os jovens moçoilos sonhadores ficam aonde nesta pujança emigratória? E eu faço deles, nos meus sonhos de outrora e deixar que façam o escotismo que querem ter.

                           E lá no topo do comando, tudo continua como dantes no quartel d’Abrantes (nota – Usa-se esta frase para indicar que nada mudou). E eu aquele efebo das vivencias de outrora, montado a escoteira na minha fértil imaginação deixo tudo correr através do tempo e não dou o braço a torcer. Nunca fui de abaixar a cabeça e dizer sim senhor. Ops! Jurei a bandeira, jurei obedecer a Lei, mas não jurei obedecer a Escoteiros do Brasil e a nenhuma outra associação. Sou livre, posso voar para onde eu quiser! Quando chegar a hora de “botar” o pé na estrada, enfrentando poeiras de estrelas na jugular do tempo, deixarei meus pormenores de Velho Senil achacado e enfermiço e vou abraçar com prazer os cometas passantes e os planetas brilhantes que encontrarei pelo caminho. Nesta jornada não vai haver melancias, pedagogias estatizantes no andar etéreo do Velho Escoteiro. Desculpem os próceres, mestres do escotismo, mas se tem algum que me faz feliz é ver a juventude dona do seu próprio nariz!