segunda-feira, 13 de janeiro de 2020



Crônica de um velho Chefe escoteiro.
Escotismo vale a pena à dedicação?

Nota: - Ouvi de um Chefe declarando o seu amor ao Escotismo: - No dia que entrei no movimento Escoteiro, não tinha ideia do nível de importância que ele conquistaria em minha vida. Sem saber, cruzei meu caminho com ele e, de repente tudo passou a fazer mais sentido. Foi então que me completei até o dia que descobri que meus caminhos poderiam ser outros.

                         Em uma roda de chefes em volta de uma fogueira, escutava uma discussão acalorada entre os mais afoitos escotistas que o mundo já conheceu. Pelo menos na palavra deles. Surpreso ouvi essa pérola: “No escotismo descobri que o mínimo já é o máximo”. E só de estar junto aos jovens e meus amigos escoteiros sinto que a vida flui e se torna mais fácil! Bom isso. Se entregar a uma causa tem enormes valores não só como princípios de ajuda ao próximo como se sentir importante dentro do conceito pedagógico na formação do caráter.

                        A principio o Movimento Escoteiro encanta, traz uma chama diferente, afugenta o medo da amizade insincera. Ao pisarmos o primeiro sinal de pista na trilha do descobrimento, sentimos um sopro de aventura desconhecida de uma vida nunca antes vivida. Meninos e Meninas cativam. Enchem-nos de graça e de valores cujos princípios morais, regras, conceitos bate fundo no intimo de qualquer voluntario que vê no escotismo algum diferente que antes não conhecia. Impossível não se entregar. Difícil não mudar o estilo de vida e que muitas vezes é motivo para discórdia familiar.

                          Tudo teve o antes e o depois. O antes uma vida cheia de rotina, seja profissional ou a dedicação aos mais próximos inclusive com os comprometidos com a família. As reuniões, os encontros de chefes, as Indabas, Os Acantonamento e acampamentos, os Conselhos, as Assembleias os cursos... Estes são demais. Saímos de lá cheio de vontade de praticar a metodologia escoteira para sempre. Alguns tem o privilegio de ter ao seu lado sua cara metade e seus filhos cuja entrada neste belo Movimento surgiu entre eles um compadrio muito mais abrangente do que a vida que antes levavam.

                          Ali surge um novo abraço, um novo aperto de mão, uma saudação gostosa de fazer. E chega o dia de tremer, não de medo, mas de orgulho por ser mais um pertencente a Grande Fraternidade Mundial. Dia da promessa, dia de sorrisos, de abraços e naquela cidade dos sonhos que nunca na vida real tinha concretizado tudo muda e para melhor. Será? O amor aos filhos se espalha aos outros filhos que não são seus. A entrega é total. Alguns pagam para manter toda essa felicidade nunca antes encontrada. Pagam para os filhos, para ele ou ela e até mesmo de meninos e meninas que antes nem conhecia. Coisas de voluntário!

                          Os amigos mais chegados espantam. Que houve? Quanta mudança? Antes o chopinho, a visita fraterna, o churrasco, as idas a praia ou ao sítio para comemorar anos de convivência. Agora nada. Muitos quando se aproximam é para ouvi-lo o mesmíssimo novo amor que o escotismo está proporcionando. Os familiares que convivem em outra rede social assustam com tamanha entrega. Nem pense em dar conselhos, vai ouvir o que não gostaria de ouvir.

                           E quando a esposa ou vice versa não participa? Aí começam as incertezas, as contrariedades, as reclamações e até mesmo a separação o que não é bom nem para um ou para o outro. Nossas lideranças sejam no próprio grupo, no distrito ou nas Regiões, sem falar na Direção Nacional não tem pessoas preparadas para agir como aconselhador. Tudo tem seu tempo e sua hora e chega àquelas velhas frases que ninguém gostaria de ouvir: - Ou o escotismo ou eu!

                           Diferente daqueles que germinaram no escotismo desde seus tempos de criança. Já tem uma rotina de vida formada dentro dos princípios escoteiros que sempre viveu e reconhece como sua estrada do sucesso. Muitas vezes precisamos de anos e anos para estabelecer uma moral padrão de participação que não prejudica nem um nem outro. E quando achamos que nosso rebento não quer continuar e você acha que ele está sendo prejudicado? O que fazer? Entrar onde não é chamado para dar vasão aos seus pendores de sua criação? É duro de lascar não poder fazer nada sem prejudicar um ou outro.

                            É um tema ingrato. Para alguns um tema adorável que nunca interferiu em sua vida familiar. Para outros e posso garantir as centenas o abandono de uma causa que antes era tida como um caminho a seguir rumo ao sucesso e deixou de existir. Não há conselhos. Ninguém vai deixar a entrega só por alguns escritos ou orientações que não tem nada a ver com sua vida pessoal. Escotismo é assim, uma trilha ilhada de sinais de pista. Caminho a seguir, caminho a evitar, saltar o obstáculo e chegar incólume ao ponto de reunião!

                            Assim a evasão de pessoas magnificas que poderiam trazer valores e contribuições enormes a associação vai perdendo na trilha de BP muitos que acreditaram na esperança de ajudar e viver feliz. Mas nem tudo é amargo. A receita fica com a Chefe de lobos que me disse: - Chefe... O que antes caos, hoje é tranquilidade. O que era medo, hoje é confiança. O que era vazio, hoje é completo. O que era tristeza, hoje é sorriso largo. O que era busca hoje é certeza. O que me faltava era o “mosquito” me morder para viver e morrer Escoteiro!