Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Paranoia!
... – Epa! Fiquei em dúvida... Paranoia
com acento ou sem acento? Corro no Google para tirar a duvida. – Lá está: - “Segundo
as regras de acentuação do novo acordo ortográfico, foi abolido o acento agudo
nos ditongos abertos oi e ei nas palavras paroxítonas”. Muito bom! Melhor
assim, pois temos que tomar cuidado com os “Professores do Facebook” que estão
prontos a te corrigir com palavras simples ou ásperas. Afinal sou um eterno
analfabeto das palavras do alfabeto. Rs.
- Mas vamos lá, estou entrando pouco
nas redes sociais. Preocupado. Muito. Há uma espécie de alienação, insensatez,
um desvario de alguns poucos “facebocucanos”. De um lado, “Todos os homens do
Presidente” (parece que tem um filme com este título) e do outro os “Eu sou
contra o Presidente”. Ainda bem que tem os Cavalheiros, as Damas todos repletos
na formação escoteira, ou melhor, imbuídos na cortesia, na gentileza e no uso
das palavras sem ofender ao oponente. É uma luta sem igual. Por um lado os
primeiros dão um viva ao Presidente pela sua esplêndida atuação, por outro lado
os segundos duvidam da palavra do presidente. Razões são expostas de ambos os
lados. Uma contenda que seria interessante se ficasse restrita na fidalguia
escoteira (ela existe?).
Cai no deslize de postar um artigo de
um famoso articulista sobre os dizeres do Presidente. Deixei que comentassem e
não retruquei. Como é mesmo aquela frase que tantos gostam? – “Me reservo o
direito de ficar calado como cantou o Grupo Inglês Depeche Mode na musica Enjoy
the silence”. – Emoções são intensas e palavras são banais. Entretanto as lutas
linguísticas “batem perna” em todos os cantos. (língua tem perna?) Rs. Me eximo
de dizer o que penso. Não vale a pena. Cada um sabe onde enfiar a “viola no
saco”. Todas as noites ao dormir tenho sonhos alguns interessantes outros mortuários.
Anteontem pensei em me mudar para Fernando de Noronha. Com uma população de
pouco mais de três mil habitantes seria fácil controlar o “Corona”. Pensando
bem se o turismo dá sustentação à ilha e agora “turiscar” está fora de
cogitação, é melhor seguir o conselho do meu Espelho: - “Se cuida meu velho, tu
tá mais prá lá do que prá cá”!
Enquanto evito ler a as “escreveduras”
dos valorosos defensores e das “agruras” dos acusadores, vou me cuidado e
tentando lembrar-me do meu sonho da semana passada. De novo meu espelho a
bafejar suas ponderações que às vezes sigo e outras não. – Dizia ele: - Vado
Escoteiro, rezar “tu” reza demais, é hora de fazer seu testamento, sua carta de
despedida e seu epitáfio em letras góticas para cravar na lápide do seu tumulo.
Boa lembrança. Mas o que deixarei para a escoteirada? Minha família sabe que
sou um aposentado “duro” sem “Money” e só posso deixar para eles doar umas
poucas calças, camisas meias e cuecas furadas. Quem vai querer? Quanto aos meus
amigos escoteiros pretendo ser incinerado com meu uniforme caqui, me lenço de
IM, minhas duas contas (devolvi duas ao Dono da Formação em 1998), minhas “mixas”
medalhas, e mais nada. Meu baú a Wells Fargo levou e os índios Cherokee
esganaram o condutor ao ver que estava vazio.
Continuo na moleza de andar pela casa,
zanzar na porta, e quando alguém se aproxima ou bate palma dou cinco passos
para trás e de longe falo sem voz: Bum dia! Eita quarentena querida por uns
odiadas por outros amadas. É por ela que alguns se pegam defendendo seu ponto
de vista. O meu é: - Levantar cedo, alguns exercícios leves de velho xexelento,
que como dizem por aí... Empregos sim, velhos enterrem na curva do rio enrolado
em um lençol ou saco de amianto. Opa! Enterrem? Se morrer do Corona dizem que
nem terei exéquias. Meus amigos corneteiros já se foram, não terei direito ao
toque do silêncio e serei queimado na fogueira do crematório. As cinzas só
serão entregues meses depois. Ainda bem que sempre amei ficar olhando as brasas
adormecidas de um fogo de conselho, quem sabe poderei assistir as fagulhas
baterem no teto do crematório.
Enfim, meus filhos exceto um que
trabalha em casa os demais foram dispensados pela sua empresa. “Daqui a quinze
dias nos falamos” disseram os patrões. Portanto não adianta esta alegoria
desfigurada de dizer que devemos voltar ao trabalho. Eu todo dia primeiro tiro
meus minguados proventos da minha aposentadoria (E o salário oh!). Nem quero saber
se a “mula é manca” se eles perderem o emprego a culpa será do Dória ou do
Presidente! Opa criei novamente uma celeuma? Nenhum deles tem culpa, a culpa é
do Zé das Quantas, aquele Chefe pobretão de Brejo Seco que mandou seus
escoteiros para casa e ficou de quarentena sem um tostão. Enquanto isso vamos
orar, orar faz bem, não enche barriga, mas nos aproxima de Deus, nos fortalece
e nos prepara para enfrentar as dificuldades da vida.
E vou parando por aqui. O Velho Chefe
Escoteiro ainda cansado, às vezes senil, sem ar, sem voz e dores aqui e ali. A
tosse é velha companheira, amiga escoteira de longa data nas barracas de duas
lonas nos acampamentos que fiz quando virei um caminheiro nas trilhas da
velhice. Sinceramente não tenho medo do “Corona”. Se ele ou ela vier que venha,
sei que entubado terei poucas horas de vida, mas se foi essa minha sina escrita
no meu livro da vida, aceitarei sem reclamar. Mas ainda vou viver muito, sem
epitáfio, sem carta de despedida. Anrê... Só B.-P. teve este privilegio, só
peço a Deus uma coisa, uma “coisita” só, se tiver que ir para o Grande
Acampamento que seja uma estadia breve, pois pegarei uma carona no primeiro
cometa que passar e me mando para o espaço sideral. E como se estivesse na nave
espacial Enterprise direi: - “Espaço, a fronteira final. Estas são as viagens
do Falecido Chefe Vado, prosseguindo em sua missão de conhecer novos mundos, procurar
novas formas de vida novos escoteiros e novas Associações tradicionais
Interplanetárias, para audaciosamente ir onde ninguém jamais esteve.”.