terça-feira, 16 de abril de 2019

Conversa ao pé do fogo. Cerimonial de promessa.




Conversa ao pé do fogo.
Cerimonial de promessa.

Prólogo: Era o dia mais importante de sua vida. Ele lutou três meses para chegar lá. Agora sim ele sabia que era um escoteiro e irmão de milhões da Grande Fraternidade Mundial dos Escoteiros. Seus olhos molhados, seu coração batendo, iria viver outra vida e o Chefe dizendo: - Escoteiro! Sua promessa é para sempre!

                  Nonato sorria. Olhava para mim e naquele seu jeito de Monitor amigo e irmão de todos dizia: - Está pronto para fazer a promessa Betinho. – Foi um desafio. Desde que entrei meu Monitor me deu todo apoio. Ensinou-me tudo que eu precisava e me disse: - Olhe, aqui somos uma grande família. Por enquanto só vai usar a camiseta do grupo e só quando fizer a promessa poderá vestir o uniforme. Depende de você. Muitos se preparam em três meses, mas acredite, não basta saber as provas que lhe serão ensinadas, você tem de crescer na Patrulha e na tropa!

                 Nonato avisou o Chefe. Na corte de honra os monitores foram consultados se eu estaria pronto. Fui aprovado por unanimidade. O Chefe me convidou para no próximo sábado ficar mais uns vinte minutos depois do horário. Ele queria conversar comigo sobre a minha promessa. Foi uma semana difícil de passar. Esperava o dia que ele iria marcar minha promessa. Era meu sonho, queria vestir meu uniforme, mostrar que com ele eu seria um exemplo para os demais. Sabia das exigências na tropa, de suas normas e que elas foram escritas pelas primeiras patrulhas da fundação do Grupo Escoteiro.

                Eu tinha grande admiração pelo Chefe Colaço, amigo, prestativo e sempre com um sorriso nos lábios. Seus olhos demonstravam quando estava triste, quando não estava satisfeito e todos os escoteiros respeitavam sua individualidade. Quando no Cerimonial de Bandeira sempre explicava por que devemos estar bem apresentados. Afinal éramos o exemplo para a comunidade, a melhor divulgação do escotismo, a propaganda e a publicidade do que fazíamos. Sempre sorridente completava: - Caros amigos escoteiros, Baden Powell era exigente na apresentação do escoteiro com seu uniforme, assim ele dizia:

O garbo e a elegância no uso do uniforme e a correção dos detalhes podem, talvez, parecer coisa fútil e sem importância. Muito pelo contrário, desenvolvem amor-próprio e exercem grande influência na reputação do Movimento perante o público, que julga pelas aparências. Nesta matéria, o exemplo é tudo! Apresentem-me uma tropa descuidada com seus uniformes e eu (sem ser Sherlock Holmes!) poderei deduzir que seu chefe é negligente com seu uniforme escoteiro. Você deve pensar bem nisto, quando estiver envergando seu uniforme ou dando um toque pessoal impróprio a ele. Você é modelo para os jovens e seu garbo e elegância vão refletir neles”.

             Naquele sábado durante toda a reunião esperei com ansiedade ela terminar para conversar com o Chefe Colaço. Tremia de medo, mas sabia que junto dele iria me sentir bem. Ele transmitia coragem, ética, respeito e nunca tinha visto uma falta ou um grito qualquer dado com alguém da tropa. Explicou tudo. Perguntou-me da lei, da minha palavra, da minha honra, perguntou sobre lealdade, fraternidade e sorriso nas horas difíceis. Perguntou se eu sabia de cor a lei escoteira, a promessa o grito e o lema da Patrulha. Quando ele disse que eu faria a promessa na próxima semana quase desmaiei.

A promessa:
- Formados em ferradura após a bandeira, Nonato me chamou. Vamos? O Chefe Colaço perguntou: - Quem vem lá? – Nonato meu Monitor respondeu: Chefe, aqui tem um irmão escoteiro que deseja se unir aos demais escoteiros da Patrulha da tropa do Brasil e do mundo! Era Nonato meu Monitor. Tremia, fui com ele até o centro do local do cerimonial. Uma mesinha já havia sido colocada. Lá tinha meu lenço, meu anel, o distintivo de promessa e meu distintivo de Patrulha que eu mesmo fiz. Meu chapéu estava com meu pai e minha mãe. Fiquei em frente ao Chefe e atrás de mim o meu Monitor. Chefe Colaço repetiu o que conversou comigo, disse que acreditava em mim e se eu estaria pronto a ser um escoteiro exemplar e cumpridor da lei e da promessa. – Farei o melhor possível Chefe! Respondi.  Tropa Firme. Meia saudação em sinal de respeito à promessa do Escoteiro Betinho!

- Disse a promessa de cor, gaguejei um pouco e fui até o fim. Durante toda minha promessa Nonato o meu Monitor atrás de mim ficou com as mãos no meu ombro direito. – Tropa Firme! Descansar! – O Chefe Colaço colocou o Distintivo da Promessa no meu bolso direito, preso com alfinetes. Caloi o nosso Assistente me entregou o certificado. O Chefe Trovão Dirigente do Grupo Escoteiro me colocou o lenço. Foi emocionante, meus olhos cheios d’água, quem sabe o dia mais importante da minha vida. Nonato o Monitor colocou o Distintivo de Patrulha. Mamãe e papai me colocaram o chapéu. Colaço gritou: - Tropa firme! Em saudação ao novo irmão escoteiro de todos nós! – O Chefe convidou para darmos o grito de Guerra da União dos Escoteiros do Brasil. Todos levantando seu chapéu gritaram: - Arrê, Arrê, Arrê! Levantando e abaixando o chapéu respondemos: - Arrê, Arrê e Arrê! O Chefe novamente: - Pró Brasil? Todos: Maracatu! Após o grito de Guerra foi à vez do grito da minha Patrulha e depois das demais.

                 Uma algazarra gostosa das demais patrulhas me abraçando. Mamãe e papai chorando de alegria. Agora sim eu era um Escoteiro e pertencia a grande Fraternidade Mundial dos Escoteiros. Papai tirou uma foto, depois com a Patrulha e com meu Chefe que amava e admirava. Demos as mãos e começamos a cantar a canção da promessa. Foi demais... Posudo de chapéu e sapato engraxado eu sabia que aquele dia ficaria na história. Eu sabia que minha promessa seria para sempre!

£ “Prometo neste dia, cumprir a lei, sou teu escoteiro Senhor e Rei”!