Conversa ao
pé do fogo.
Cerimonial de
promessa.
Prólogo: Era o dia mais
importante de sua vida. Ele lutou três meses para chegar lá. Agora sim ele
sabia que era um escoteiro e irmão de milhões da Grande Fraternidade Mundial
dos Escoteiros. Seus olhos molhados, seu coração batendo, iria viver outra vida
e o Chefe dizendo: - Escoteiro! Sua promessa é para sempre!
Nonato sorria. Olhava para
mim e naquele seu jeito de Monitor amigo e irmão de todos dizia: - Está pronto
para fazer a promessa Betinho. – Foi um desafio. Desde que entrei meu Monitor me
deu todo apoio. Ensinou-me tudo que eu precisava e me disse: - Olhe, aqui somos
uma grande família. Por enquanto só vai usar a camiseta do grupo e só quando
fizer a promessa poderá vestir o uniforme. Depende de você. Muitos se preparam
em três meses, mas acredite, não basta saber as provas que lhe serão ensinadas,
você tem de crescer na Patrulha e na tropa!
Nonato avisou o Chefe. Na
corte de honra os monitores foram consultados se eu estaria pronto. Fui
aprovado por unanimidade. O Chefe me convidou para no próximo sábado ficar mais
uns vinte minutos depois do horário. Ele queria conversar comigo sobre a minha
promessa. Foi uma semana difícil de passar. Esperava o dia que ele iria marcar
minha promessa. Era meu sonho, queria vestir meu uniforme, mostrar que com ele
eu seria um exemplo para os demais. Sabia das exigências na tropa, de suas
normas e que elas foram escritas pelas primeiras patrulhas da fundação do Grupo
Escoteiro.
Eu tinha grande admiração pelo Chefe
Colaço, amigo, prestativo e sempre com um sorriso nos lábios. Seus olhos
demonstravam quando estava triste, quando não estava satisfeito e todos os
escoteiros respeitavam sua individualidade. Quando no Cerimonial de Bandeira
sempre explicava por que devemos estar bem apresentados. Afinal éramos o
exemplo para a comunidade, a melhor divulgação do escotismo, a propaganda e a
publicidade do que fazíamos. Sempre sorridente completava: - Caros amigos
escoteiros, Baden Powell era exigente na apresentação do escoteiro com seu
uniforme, assim ele dizia:
“O garbo e a elegância no uso do uniforme e a correção
dos detalhes podem, talvez, parecer coisa fútil e sem importância. Muito pelo
contrário, desenvolvem amor-próprio e exercem grande influência na reputação do
Movimento perante o público, que julga pelas aparências. Nesta matéria, o
exemplo é tudo! Apresentem-me uma tropa descuidada com seus uniformes e eu (sem
ser Sherlock Holmes!) poderei deduzir que seu chefe é negligente com seu
uniforme escoteiro. Você deve pensar bem nisto, quando estiver envergando seu
uniforme ou dando um toque pessoal impróprio a ele. Você é modelo para os
jovens e seu garbo e elegância vão refletir neles”.
Naquele sábado durante toda a reunião esperei
com ansiedade ela terminar para conversar com o Chefe Colaço. Tremia de medo,
mas sabia que junto dele iria me sentir bem. Ele transmitia coragem, ética,
respeito e nunca tinha visto uma falta ou um grito qualquer dado com alguém da
tropa. Explicou tudo. Perguntou-me da lei, da minha palavra, da minha honra,
perguntou sobre lealdade, fraternidade e sorriso nas horas difíceis. Perguntou
se eu sabia de cor a lei escoteira, a promessa o grito e o lema da Patrulha.
Quando ele disse que eu faria a promessa na próxima semana quase desmaiei.
A
promessa:
- Formados
em ferradura após a bandeira, Nonato me chamou. Vamos? O Chefe Colaço
perguntou: - Quem vem lá? – Nonato meu Monitor respondeu: Chefe, aqui tem um
irmão escoteiro que deseja se unir aos demais escoteiros da Patrulha da tropa
do Brasil e do mundo! Era Nonato meu Monitor. Tremia, fui com ele até o centro
do local do cerimonial. Uma mesinha já havia sido colocada. Lá tinha meu lenço,
meu anel, o distintivo de promessa e meu distintivo de Patrulha que eu mesmo
fiz. Meu chapéu estava com meu pai e minha mãe. Fiquei em frente ao Chefe e
atrás de mim o meu Monitor. Chefe Colaço repetiu o que conversou comigo, disse
que acreditava em mim e se eu estaria pronto a ser um escoteiro exemplar e
cumpridor da lei e da promessa. – Farei o melhor possível Chefe! Respondi. Tropa Firme. Meia saudação em sinal de
respeito à promessa do Escoteiro Betinho!
-
Disse a promessa de cor, gaguejei um pouco e fui até o fim. Durante toda minha
promessa Nonato o meu Monitor atrás de mim ficou com as mãos no meu ombro
direito. – Tropa Firme! Descansar! – O Chefe Colaço colocou o Distintivo da
Promessa no meu bolso direito, preso com alfinetes. Caloi o nosso Assistente me
entregou o certificado. O Chefe Trovão Dirigente do Grupo Escoteiro me colocou
o lenço. Foi emocionante, meus olhos cheios d’água, quem sabe o dia mais
importante da minha vida. Nonato o Monitor colocou o Distintivo de Patrulha. Mamãe
e papai me colocaram o chapéu. Colaço gritou: - Tropa firme! Em saudação ao
novo irmão escoteiro de todos nós! – O Chefe convidou para darmos o grito de
Guerra da União dos Escoteiros do Brasil. Todos levantando seu chapéu gritaram:
- Arrê, Arrê, Arrê! Levantando e abaixando o chapéu respondemos: - Arrê, Arrê e
Arrê! O Chefe novamente: - Pró Brasil? Todos: Maracatu! Após o grito de Guerra foi
à vez do grito da minha Patrulha e depois das demais.
Uma algazarra gostosa das
demais patrulhas me abraçando. Mamãe e papai chorando de alegria. Agora sim eu
era um Escoteiro e pertencia a grande Fraternidade Mundial dos Escoteiros.
Papai tirou uma foto, depois com a Patrulha e com meu Chefe que amava e
admirava. Demos as mãos e começamos a cantar a canção da promessa. Foi
demais... Posudo de chapéu e sapato engraxado eu sabia que aquele dia ficaria
na história. Eu sabia que minha promessa seria para sempre!
£ “Prometo
neste dia, cumprir a lei, sou teu escoteiro Senhor e Rei”!