domingo, 28 de abril de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. “O Escoteiro é honrado e digno de confiança”!




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
“O Escoteiro é honrado e digno de confiança”!

Prólogo: - Ao escrever este artigo, fiquei sabendo que o novo Estatuto da Escoteiros do Brasil foi recusado pela maioria dos conselheiros presentes na Assembleia Nacional 2019. Como sempre ou desta vez as Raposas perderam para a plebe que de maneira simples viram a esperteza de alguns para se manterem na elite do poder.

Alguns gritaram Urra! Outros Bravôo! Soube que uma enorme palma escoteira ecoou sem “pipoca”. De boca em boca havia um sorriso, um grito de guerra, mas não sei se foi dos Zulus ou dos Ashanti ou da minha Patrulha Lobo. Eram menos de 200 votantes representando mais de cem mil associados. Qual a representatividade que alegam eu não sei. Nunca vi consultarem a ninguém. Dizem que foi uma escolha pacífica e com alto grau de civilidade. Antes o primeiro artigo existente em nossa Lei Escoteira há mais de cem anos era conhecido não só no Brasil como em alguns países do continente americano e europeu. Era comum ouvir famosos atores nos seus filmes e articulistas e comentaristas de radio jornais e Televisão o dito: Palavra de Escoteiro! Isto mesmo, ele dizia para tentar mostrar que o Escoteiro tem uma só palavra. Só faltou dizer: - E sua honra vale mais que sua própria vida.

De quem foi à ideia? Não valia mais ter uma só palavra? Honra? O moço que pediu para mudar dizia que honra não cabia naquele artigo. Até mesmo a constituição Brasileira foi dada como exemplo. Será que ele leu Rui Barbosa que escreveu: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra a ter vergonha de ser honesto”. Mas eis que os “çabios” acharam melhor voltar à velha lei Escoteira de Baden-Powell que dizia no seu artigo primeiro: “A Honra, para Escoteiros, é ser digno de confiança”. Isto deve significar que o Escoteiro tem uma só palavra. Como não temos aqui um Rei, o segundo artigo continuou como antes.

Deveriam ter mudado também o quarto artigo: - “O Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros, não importando, que país classe ou credo, que o outro possa pertencer”. Para os Chefes da Corte isto não vale. Os outros que não são da EB e participam em outra associação não merecem um aperto de mão e nem uma palavra de amizade. São considerados inimigos mesmo tendo ainda em seu artigo que o Escoteiro tem uma só palavra. Agora não tem volta. Foi votado, lavrado em ata e breve estará no POR e demais documentos da Escoteiros do Brasil. Menos de duzentos votantes presentes representando (?) mais de cem mil associados da Escoteiros do Brasil.

Poderão dizer que todos estados tem seus representantes na Assembleia Nacional. Brinco em dizer: - “Me engana que eu gosto”. Pois é “Cara Pálida” eles perscrutaram ou sondaram seus irmãos de lenço na sua região? Será que houve uma consulta nacional para saber se estariam os demais associados da EB de acordo? E de que valeu a promessa de milhares e milhares de escoteiros que passaram um dia nas fileiras do escotismo dizendo e repetindo que todos tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida? E os antigos? Aqueles que guardam no coração a lembrança de sua Lei? Não mereceram nenhuma satisfação? Penso se não estou enganado que ter uma só palavra é muito difícil para alguns que não merecem confiança e quem sabe nem sabem o que significa honra.

Fico pensando quando irão mudar os artigos da Lei mais difíceis de cumprir. Quem sabe os atuais dirigentes com receio de não se portar com fidalguia, transparência, ética e responsabilidade poderá também mudar o décimo artigo e voltar a ser a lei original de BP? O Escoteiro é limpo no pensamento, na palavra e na ação. Os dirigentes que não passaram na Escola Escoteira da Vida sempre terão seu quinhão de fama. São mudanças que até hoje não se vê os resultados. A maioria dos grupos escoteiros estão presos entre muros ou entre quatro paredes. Ainda somos eternos desconhecidos. O Caqui, uniforme centenário, nossos chapelão, a Lei com seu primeiro artigo conhecido no Brasil e no mundo e eis que além de outras alterações que fizeram agora devem estar satisfeitos com estas mudanças. Pergunte a alguma autoridade principalmente aquelas do meio educacional quem somos.

Não discuto se o ovo veio primeiro que a galinha. A lei de BP com exceção do Rei no segundo artigo é linda. Mas mudar agora? Mudar sem ouvir a todos os interessados? Para mim um desrespeito há quem um dia passou pelas fileiras escoteiras. Daqui a alguns anos, quando um jovem lobo ou escoteiro ouvir algum ator de cinema dizendo que “O Escoteiro tem uma só palavra” ele ficará apalermado. Chegará na sede dizendo: - Chefe o que significa?

Vamos aguardar. Quem sabe daqui a meses ou alguns anos, outras mudanças virão. Só espero que não fujam muito do seu original. Do original de Baden-Powell que ainda é usada em muitos países onde se pratica o escotismo. Como disse aquele poeta, eu não vou conseguir mudar o mundo. Mas o mundo também não vai conseguir me mudar. Para mim sempre será: - O ESCOTEIRO TEM UMA SÓ PALAVRA E SUA HONRA VALE MAIS QUE SUA PRÓPRIA VIDA!

Estou velho demais, fiz escotismo demais, demandei filantropicamente meu passado visando um futuro ao Escotismo que amo. Podem dizer que estou ultrapassado, que a minha mente está presa a um escotismo que já morreu. Não dou vivas ao novo que dizem por aí. Dou vivas sim a um escotismo sério, dirigido por gente séria que se preocupa em servir e não ser servido. Mesmo não importando a ninguém e nem mesmo tentando explicar o que para mim é inexplicável, continuarei dizendo os artigos da lei conforme aprendi e tentei cumprir nos meus setenta e dois anos de escotismo!