domingo, 7 de abril de 2019

Crônicas de um Chefe Escoteiro. Onde estão nossos heróis?




Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Onde estão nossos heróis?

Prólogo: Miserável país aquele que não tem heróis. Miserável país aquele que precisa de heróis. Bertolt Brecht.

Vejo na TV e nos jornais que o novo ministro da Educação Ricardo Vélez Rodrigues é a favor da volta da matéria Educação Moral e Cívica. (dizem que amanhã dia 08 segunda feira ele será demitido). Diz ele: - Havia nas nossas escolas primárias e secundárias, a educação moral e cívica. Depois quando o aluno chegava ao ensino universitário, isso era esquecido. Hoje não se valoriza mais a educação para a cidadania que é à base do comportamento da vida cidadã. Concordo com ele apesar de muitas vezes não dizer coisa com coisa.

Nós escoteiros tínhamos tudo para uma formação moral e cívica. Muitos ainda não se esqueceram de sua bandeira, dos símbolos nacionais e nossos heróis. É notório que em todo grupo escoteiro o cerimonial de bandeira está presente. Mas será que nossos escoteiros sabem desenhar uma bandeira com suas medidas corretas? Será que sabem quem escreveu o nosso hino? Será que sabe cantá-lo com galhardia? E o hino à bandeira, e outros hinos que nos dão orgulho de ser brasileiros? Quem sabe estamos falhando nesta seara? Se nós os escoteiros falhamos e na escola?

Volto ao questionamento do ministro. Sem desmerecer os historiadores, pois tenho que reconhecer suas inteligências e competências, temos o hábito de desmerecer homens a quem chamamos de heróis e/ou exemplos pessoais. Vejamos que é impossível um homem ou uma mulher viver neste mundo sem cometer deslizes. Mas só por isto não merecem subir no panteão dos heróis? Se eles produziram se colaboraram para crescemos intelectualmente e moralmente por que não lhe dar o lugar ao sol que merecem?

Aqui em nosso país isto é muito comum. Tiradentes foi um mito, Aleijadinho nunca existiu, Duque de Caxias foi um farsante. Muitos dos Bandeirantes são considerados exterminadores de índios, o valor que tiveram em atravessar e marcar terras brasileiras não existe. Baden Powell sofre nas mãos de historiadores. Discutem sua masculinidade, dizem que copiou o modelo americano da formação do jovem.  Caio Vianna Martins não é o que contam e assim continuamos a massacrar aqueles que poderiam ser exemplos para a juventude. Mas dirão os politicamente corretos que seguir a corrente e uma farsa que não leva a nada.

Eu sou de outra época, não quero entrar em polemica sobre se Deus existe ou não, pois para mim não há duvidas. Até que uma conversa frente a frente com quem não acredita quem sabe. Mas não acreditar em Deus me leva a crer que tem uma força misteriosa que nos fez e ela não perdoou ninguém. Seria outro Deus? Afinal temos pobres, ricos, uns com saúde outros sem, um negro, outro branco ou amarelo, um índio e um cientista que ganhou o Nobel. Uns passam fome e outros não. Uns são cegos e outros enxergam demais. Uns andam outros são marginalizados a uma cadeira de roda. Tema difícil de ser digerido.

Mas voltando a BP. Um homem que produziu uma organização de milhões de jovens não pode ser pranteado? Não foi ele quem nos deu o legado de sermos escoteiros? Melhor achar os seus defeitos? Diriam ainda os Politicamente corretos  - Claro que sim. Direitos e deveres. Todos devem conhecer a verdadeira história. Sabe, prefiro ser lobinho e acreditar em Balu e Bagheera. Tão gostoso sonhar e ser embalado por um sonho que criamos na nossa mente. Como disse Mahatma Gandhi, - “Vocês podem me acorrentar, torturar e até destruir meu corpo, mas nunca aprisionarão minha mente”. E eu completo “nunca aprisionarão meus sonhos”!   

Não sou daqueles de admirar e seguir a corrente. Mas os Americanos pelo menos dão valor aos seus heróis. Afinal eles foram à lua acreditando no mito Abraham Lincoln, George Washington, Thomas Jefferson e muitos outros. Sem esquecer as lendas do velho oeste como Buffalo Bill, General Custer, Wild Bill Hickok e tantos que são badalados pelos americanos mesmo sabendo que muitos deles foram bandoleiros sanguinários. Mas lá os historiadores dão a eles status de heróis.

Quem não ouviu falar da célebre batalha de Little Bighorn? Quem desconhece o índio Cavalo Louco ou Touro Sentado? Claro pode dizer a maioria mitos criado por mentes poderosas. Pode ser. Mas e aqui? Qual o índio que mantem sua história ou um status de herói? E aqui, o que conhecemos dos nossos antepassados? Seus nomes, suas vidas suas histórias e onde estão eles na mente da juventude? Quem já ouviu falar no índio Sepé Tiarajú, o primeiro índio brasileiro que pode ser chamado de herói?

Chega, estou indo muito longe. Melhor esquecer países que tem milhões de Escoteiros e aqui alardeando que estamos chegando ou ultrapassamos os cem mil. Um país que junto a poucos começou o escotismo em 1910 tem éste número que os novos gritam como se fossemos milhões. Bem chega mesmo por hoje. Ainda vou escrever uma história sobre isto. Não quero desmitificar o escotismo. Ele para mim tem tudo a ver com a mudança na Juventude Mundial. Meu tema seria os heróis do Brasil. Mas valerá a pena? Não sei, quem sabe vale a pena mesmo é saber que BP não era o que dizem e Caio Martins era mudo e não disse nada. Pois é...