Conversa
ao pé do fogo.
A origem
da palavra “Escoteiro”.
Prefácio: - Muitos
acreditam que o termo “Escoteiro” foi usado pela primeira vez no Escotismo.
Neste artigo deixamos ao imaginário de cada um sobre esta palavra tão
sobejamente dita com orgulho por nós que praticamos o Escotismo. ESCOTEIRO e ESCOTISMO não são nomes próprios
originários do Movimento Escoteiro, mas substantivos comuns que denominava
exploradores e mateiros e a ciência do que praticavam. (Tema já publicado
anteriormente).
O termo escoteiro de acordo com o
dicionário é definido como: Escoteiro; adjetivo
e substantivo masculino. Desimpedido, sem bagagem, sozinho; membro de
associação de meninos (as) ou adolescentes organizada de acordo com o sistema
de seu idealizador Baden Powell.
”A Adoção no Brasil do
termo ”escoteiro” deve-se ao Dr. Mário Sergio Cardim, principal
fundador da Associação Brasileira de Escotismo (ABE), com sede em São Paulo e
do Escotismo feminino no Brasil.”. Sua
utilização nesse sentido não é conhecida em nosso país, quando o Dr. Mário
Sérgio Cardim descobriu que o substantivo “escoteiro” representava não apenas o
“só”, bem como “pioneiro” e “lépido”, conforme lições de Herculano, Camilo,
Gaspar Nicolau, Blutteau, citada pelo filólogo Candido Figueiredo.
Depois de uma palestra na
“Rotisserie Sportman”, com Olavo Bilac, Amadeu Amaral e Coelho Neto, decidiu-se
o Dr. Cardim pelo termo “escoteiro”, mais parecido com “scout”, e já empregado
em Portugal (escutas), pelo Hermano Neves na tradução do livro de Baden Powell
“Scouting for Boys”.
Submeteu a confronto os vocábulos “pioneiro”,
“adueiro”, “vanguardeiro”, “bandeirante” e “escuta” que eram então propostos.
Esse termo foi
oficializado pela Associação Brasileira de Escoteiros, com sede em São Paulo,
em seus estatutos impressos na casa Vaberden, em 1915, registrado na 1ª
circunscrição de São Paulo, naquele ano, de acordo com a lei. Conforme o
Relatório de 1914/16 da A.B.E., o Dr. Mário Sergio Cardim sustentou pelas colunas
de “O Paiz” uma amistosa discussão com o Dr. Olympio de Araújo, membro da
Academia Mineira de Letras, que defendia o termo “bandeirante”.
Afirma o referido relatório, na página 4: “Provamos então que “escoteiro” significa também corajoso,
esperto, destro, etc.…, e que, “bandeirante” tinha o inconveniente de poder
denunciar uma preocupação regionalista.” As organizações escoteiras que
funcionaram no Brasil, antes da A.B.E., segundo nos consta, usavam ainda
denominações em idioma estrangeiro, como é o caso do “Centro de Boys Scouts do
Brasil” no R.J.
Também foi o Dr. Mário Sergio Cardim que utilizou pela primeira vez o
termo “Sempre Alerta” para tradução de “Be Prepared”. Além do texto acima, também me socorro de um texto
postado recentemente, por Fernando Robleño, que diz o seguinte.
“O
vocábulo “escoteiro”, diferentemente do que se prega, não foi inventado pelas
associações escoteiras. As primeiras aparições do termo “escoteiro” datam antes
mesmo de Baden-Powell ou, no caso do Brasil, antes de Sergio Cardim (que, como
todos sabemos, escolheu essa palavra, entre outras, para definir os praticantes
do escotismo). Em 1879, por exemplo, a palavra “escoteiro” apareceu na obra
“Cancioneiro Alegre”, de Camilo Castelo Branco. Pode ser visto, também, em
“Lendas Indígenas”, de Gaspar Duarte, em 1858.
O vocábulo “escoteiro”,
que até então era de uso comum, foi tomado de posse pelas associações
escoteiras, todas elas. O termo só foi dicionarizado em 1780, e a inclusão do
sinônimo “integrantes de um corpo ou unidade escoteira (sem fazer referência a
uma associação) décadas mais tarde.”. Além
disso, mais do que entender a origem do termo escoteiro, oportuno termos
presente o significado do termo que lhe deu origem = SCOUT, que, traduzido do inglês
literal, é o explorador, mateiro.
BP define SCOUT como:
“Um explorador ou esclarecedor militar, que, como sabem; é em
geral, no exercito, um soldado escolhido por sua inteligência e coragem para ir
adiante das tropas, descobrir onde se acha o inimigo e, informar ao combatente
tudo o que puder averiguar a seu respeito. Mas, além desses exploradores que
prestam serviços na guerra, há também os exploradores que servem na paz –
homens que em tempos de paz executam tarefas que requerem a mesma dose de
coragem e de engenhosidade. São os homens que vivem nas fronteiras do mundo
civilizado.”
Scout é uma palavra
familiar para as crianças da Inglaterra. Em 1900, ainda antes da libertação de
Mafeking, apareceu uma série de histórias intituladas ‘The Boy Scout Scarlett’
e, a ‘New Buffalo Bill Library’ editada pela The Boy Scout na mesma ocasião.”
Feitas estas considerações iniciais, está esclarecido que antes mesmo de BP,
originariamente, o termo SCOUT era
adotado para denominar o explorador, o mateiro e, SCOUTING, a ciência de explorar.
Que fique bem claro que os termos SCOUT (escoteiro) e SCOUTING
(escotismo) não se originaram do Movimento Escoteiro criado por BP, mas ao
contrário, BP utilizou estes termos porque pretendia que os jovens do Movimento
Escoteiro fossem capacitados para se tornarem tão aptos quanto os SCOUT,
através da prática do SCOUTING. Portanto, SCOUT e SCOUTING, e, ESCOTEIRO e
ESCOTISMO não são nomes próprios originários do Movimento Escoteiro, mas
substantivos comuns que denominava exploradores e mateiros e a ciência do que
praticavam.