Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
PAXTU, muito
além da imaginação.
Prólogo: Uma apologia
ao Sistema de Gerenciamento de Programas da Escoteiros do Brasil, hoje
denominada PAXTU.
A
primeira vez que ouvi falar do nome PAXTU, foi no final de 1959 em um Curso da
Insígnia de Madeira. Um dos chefes em um papo informal na hora do jantar,
sentado em nossa mesa de campo (era nosso convidado) contou a história da casa
de BP em Nyeri, no Quênia. Ele sorria quando dizia que os visitantes até hoje
se embriagam com a “bela visão das planícies até o topo careca e nevado do
Monte Quênia” onde hoje está sua casa para deleite dos adeptos de Baden-Powell.
Os que tiveram o regalo de conhecer a famosa PAXTU nunca mais a esquecerão.
Erie
Walker em seu livro Treetops Hotel escreveu: - Em 1938 Lord Baden-Powell estava
envelhecido (na época com 81 anos). Antes de partir ele disse: “Quanto mais
próximo de Nyeri, mais próximo da felicidade”. E completou: - “Eu voltarei para
passar o resto da minha vida no Outspan”. Quando construiu sua casa ali em
Nyeri ele pensou em vários nomes. Disse ele: - “Eu chamei minha casa em Bentley
“PAX” Porque eu a comprei no dia do armistício após a primeira Guerra Mundial”.
Eu acho que vou chamar a minha casa aqui de “PAX” também. (Too em Inglês). Após
isto ela sempre foi conhecida como “PAXTOO” ou “PAXTU”.
Mas eu não
vim aqui para dar uma preleção da Vida do Nosso Fundador e de sua última
morada. Minha memória reavivou um pensamento que tenho há algum tempo. O antes
e o depois. O antes foi no passado distante, onde se fazia escotismo sem
amarras, alegre e solto. Lembro que os distintivos mais famosos e as
condecorações eram entregues aos titulares sem custo. Isto mesmo. “Papo dez”
como dizia Armando Volta humorista do programa Escolinha do professor Raimundo.
Muitos não
gostam quando faço comparações, mas fazer o que? Foi minha época e sei que teve
coisas boas e ruins. Mas as ruins foram poucas. Até meados de 1980 não havia
valores nas comendas, insígnias, condecorações e outras formalidades de premiar
não só os jovens, mas principalmente os Chefes e Dirigentes. Hoje tudo tem
preço. Como comparar com o passado? Afinal a estrutura atual da Escoteiros do Brasil
é bem superior da UEB antes de 1980. Se eles conseguiam premiar a quem merece
sem cobrar porque hoje isto não acontece?
Piso no meu
pé e quase caio ao chão. Minha bengala reclama do meu peso. Meu pensamento voa.
– Chefe! Diz um proeminente Chefe a quem eu respeito. Chefe não existe almoço
grátis. Dá vontade de bater em suas costas de leve com três dedos da mão
direita e dizer: - Não? E como no passado se fazia assim e hoje não mais? A UEB
de outrora ganhava tudo de graça? “Papo dez” né Armando Volta? Penso melhor e
faço a comparação. Onde a UEB arrumava grana para presentear a quem merecia?
Compare as
mensalidades, bem maiores considerando o sistema PAXTU para fazer o registro.
Veja a Loja Escoteira, mais de 100 mil clientes cativos. Difícil dizer que ela
não tem rentabilidade. Toda atividade
feita pela Escoteiros do Brasil tem retorno das cobranças das taxas algumas
exorbitantes. Mas e daí? Pergunta o meu nobre interlocutor... E volto à
realidade. Até meados de 1980 a União dos Escoteiros do Brasil nem sonhava com
um sistema informatizado. Dependíamos do correio, uma tartaruga nos seus passos
para receber e enviar uma correspondência. Se alguém imaginasse a burocracia de
papel da época se assustaria sem considerar o preço pago aos Correios do Brasil.
E tome
encomendas, rastreamento, telegramas, CEP, cartas selos e o escambal. Hoje? Lá
está o PAXTU, um botão, uma senha e se fala com a Escoteiros do Brasil num
piscar de olhos! Dizem que até lobinhos pata tenras dão risadas ao “fuçar” as
entranhas do PAXTU. Maravilhas modernas nas mãos do “populacho escoteiro”. Fico
maravilhado quando vejo aqui e ali alguém dizendo: - Taxas no PAXTU, programas
no PAXTU, perguntas no PAXTU. Caramba! Tem hora que fico pensando se meter as
mãos no programa tiro de lá Baden-Powell ao vivo e a cores!
E me transporto
para o céu, para a estrela Bipidiana onde mora nosso Fundador. Quem sabe as
tardes ensolaradas sentado no pico de uma montanha ele olha a Terra, nosso
planeta azul e como um anjo de bem se transporta para PAXTU, sua nova casa no Brasil,
para viver um pouco aquele programa, em linguagem natural ou codificada, contida
em suporte físico preso em máquinas automáticas com dispositivos, e instrumentos
periféricos... Arre! Será que Baden-Powell não teria preferido ir para PAXTU, sua
bela vivenda em Nyeri no Quênia onde se tem a mais linda visão das planícies,
até o topo careca e nevado do Monte Quênia?
E na minha
simples visão de velhote escoteiro, Vejo BP olhando o mundo girar ouvindo
escoteiros de todas as matizes a dizer: Chefes, PAXTU, não esqueçamos que o
escotismo é dos jovens, deixe-os falar, mostre a eles a verdadeira felicidade
escoteira. Aprender a fazer fazendo. Sorrio na minha imaginação o ouço dizer
naquele seu estilo amigo e fraterno: - Certa vez, alguém me perguntou qual era
a melhor maneira de uma pessoa ser feliz. “E “eu respondi-lhe: “Faça todos os
dias uma boa ação e tenha um canivete que corte bem”“.” “E completou: -
Experimentem, rapazes e verão se é ou não assim”. E Viva PAXTU.