quinta-feira, 4 de abril de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. PAXTU, muito além da imaginação.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
PAXTU, muito além da imaginação.

Prólogo: Uma apologia ao Sistema de Gerenciamento de Programas da Escoteiros do Brasil, hoje denominada PAXTU.

                                       A primeira vez que ouvi falar do nome PAXTU, foi no final de 1959 em um Curso da Insígnia de Madeira. Um dos chefes em um papo informal na hora do jantar, sentado em nossa mesa de campo (era nosso convidado) contou a história da casa de BP em Nyeri, no Quênia. Ele sorria quando dizia que os visitantes até hoje se embriagam com a “bela visão das planícies até o topo careca e nevado do Monte Quênia” onde hoje está sua casa para deleite dos adeptos de Baden-Powell. Os que tiveram o regalo de conhecer a famosa PAXTU nunca mais a esquecerão.

                                      Erie Walker em seu livro Treetops Hotel escreveu: - Em 1938 Lord Baden-Powell estava envelhecido (na época com 81 anos). Antes de partir ele disse: “Quanto mais próximo de Nyeri, mais próximo da felicidade”. E completou: - “Eu voltarei para passar o resto da minha vida no Outspan”. Quando construiu sua casa ali em Nyeri ele pensou em vários nomes. Disse ele: - “Eu chamei minha casa em Bentley “PAX” Porque eu a comprei no dia do armistício após a primeira Guerra Mundial”. Eu acho que vou chamar a minha casa aqui de “PAX” também. (Too em Inglês). Após isto ela sempre foi conhecida como “PAXTOO” ou “PAXTU”.

                                    Mas eu não vim aqui para dar uma preleção da Vida do Nosso Fundador e de sua última morada. Minha memória reavivou um pensamento que tenho há algum tempo. O antes e o depois. O antes foi no passado distante, onde se fazia escotismo sem amarras, alegre e solto. Lembro que os distintivos mais famosos e as condecorações eram entregues aos titulares sem custo. Isto mesmo. “Papo dez” como dizia Armando Volta humorista do programa Escolinha do professor Raimundo.

                                   Muitos não gostam quando faço comparações, mas fazer o que? Foi minha época e sei que teve coisas boas e ruins. Mas as ruins foram poucas. Até meados de 1980 não havia valores nas comendas, insígnias, condecorações e outras formalidades de premiar não só os jovens, mas principalmente os Chefes e Dirigentes. Hoje tudo tem preço. Como comparar com o passado? Afinal a estrutura atual da Escoteiros do Brasil é bem superior da UEB antes de 1980. Se eles conseguiam premiar a quem merece sem cobrar porque hoje isto não acontece?

                                  Piso no meu pé e quase caio ao chão. Minha bengala reclama do meu peso. Meu pensamento voa. – Chefe! Diz um proeminente Chefe a quem eu respeito. Chefe não existe almoço grátis. Dá vontade de bater em suas costas de leve com três dedos da mão direita e dizer: - Não? E como no passado se fazia assim e hoje não mais? A UEB de outrora ganhava tudo de graça? “Papo dez” né Armando Volta? Penso melhor e faço a comparação. Onde a UEB arrumava grana para presentear a quem merecia?

                                Compare as mensalidades, bem maiores considerando o sistema PAXTU para fazer o registro. Veja a Loja Escoteira, mais de 100 mil clientes cativos. Difícil dizer que ela não tem rentabilidade.  Toda atividade feita pela Escoteiros do Brasil tem retorno das cobranças das taxas algumas exorbitantes. Mas e daí? Pergunta o meu nobre interlocutor... E volto à realidade. Até meados de 1980 a União dos Escoteiros do Brasil nem sonhava com um sistema informatizado. Dependíamos do correio, uma tartaruga nos seus passos para receber e enviar uma correspondência. Se alguém imaginasse a burocracia de papel da época se assustaria sem considerar o preço pago aos Correios do Brasil.

                               E tome encomendas, rastreamento, telegramas, CEP, cartas selos e o escambal. Hoje? Lá está o PAXTU, um botão, uma senha e se fala com a Escoteiros do Brasil num piscar de olhos! Dizem que até lobinhos pata tenras dão risadas ao “fuçar” as entranhas do PAXTU. Maravilhas modernas nas mãos do “populacho escoteiro”. Fico maravilhado quando vejo aqui e ali alguém dizendo: - Taxas no PAXTU, programas no PAXTU, perguntas no PAXTU. Caramba! Tem hora que fico pensando se meter as mãos no programa tiro de lá Baden-Powell ao vivo e a cores!

                               E me transporto para o céu, para a estrela Bipidiana onde mora nosso Fundador. Quem sabe as tardes ensolaradas sentado no pico de uma montanha ele olha a Terra, nosso planeta azul e como um anjo de bem se transporta para PAXTU, sua nova casa no Brasil, para viver um pouco aquele programa, em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico preso em máquinas automáticas com dispositivos, e instrumentos periféricos... Arre! Será que Baden-Powell não teria preferido ir para PAXTU, sua bela vivenda em Nyeri no Quênia onde se tem a mais linda visão das planícies, até o topo careca e nevado do Monte Quênia?

                                E na minha simples visão de velhote escoteiro, Vejo BP olhando o mundo girar ouvindo escoteiros de todas as matizes a dizer: Chefes, PAXTU, não esqueçamos que o escotismo é dos jovens, deixe-os falar, mostre a eles a verdadeira felicidade escoteira. Aprender a fazer fazendo. Sorrio na minha imaginação o ouço dizer naquele seu estilo amigo e fraterno: - Certa vez, alguém me perguntou qual era a melhor maneira de uma pessoa ser feliz. “E “eu respondi-lhe: “Faça todos os dias uma boa ação e tenha um canivete que corte bem”“.” “E completou: - Experimentem, rapazes e verão se é ou não assim”. E Viva PAXTU.